De saída do país, cubano Leal diz que vôlei do Brasil o tornou sensacional

Atleta do Cruzeiro irá para Itália após final da Superliga, que começa neste sábado

Daniel E. de Castro
São Paulo

Após seis anos de clube, Yoandy Leal, 29, prepara o adeus ao Cruzeiro. Suas últimas partidas antes de se transferir para o vôlei italiano serão as finais da Superliga.

O primeiro jogo da decisão entre Sesi-SP e o time mineiro será neste sábado (28), às 15h, no ginásio do Ibirapuera. No domingo (6), as equipes voltarão a duelar em Belo Horizonte, no Mineirinho.

O atleta cubano chegou ao Brasil em 2012, após desistir de defender a seleção de seu país. Ele se decepcionou por não ter havido evolução financeira e de estrutura no esporte nacional mesmo após o vice-campeonato mundial de 2010.

Yoandy Leal, cubano naturalizado brasileiro, pula para sacar durante treino no ginásio do Ibirapuera
Yoandy Leal, cubano naturalizado brasileiro, saca durante treino no ginásio do Ibirapuera - Avener Prado/Folhapress

Leal se naturalizou brasileiro em 2015 e está liberado pela federação internacional para defender o Brasil a partir de 2019. Ele será elegível para a Olimpíada de Tóquio.

Uma das revelações cubanas naquele Mundial, o atleta despontou como promessa. No Cruzeiro, o ponteiro confirmou as expectativas e tornou-se um dos melhores atacantes do mundo.

"O Brasil me tornou um jogador sensacional. Eu me acho, espero que as pessoas também gostem do meu jogo", afirma Leal à Folha.

A chegada ao país, porém, foi conturbada. O jogador de 2,02 m havia ficado sem treinar regularmente por dois anos e se apresentou 18 kg acima do peso ideal. Além disso, veio sem a mulher, que estava grávida de três meses.

Incentivado pelo técnico argentino Marcelo Mendez, no Cruzeiro desde 2009, Leal recuperou a forma e se adaptou à nova casa. Foi tricampeão mundial de clubes (2013, 2015 e 2016) e conquistou as últimas quatro edições da Superliga com a equipe.

"Desde os 12 anos, quando comecei a jogar vôlei, os últimos seis aqui no Brasil foram o topo. Aprendi muitas coisas, convivi com jogadores muito bons e fui pegando coisinhas de cada um deles", diz o atleta.

Ele cita o oposto Wallace, campeão olímpico em 2016 e que defendeu o Cruzeiro até a última temporada, como uma de suas maiores referências em quadra nesse período.

Para Mendez, condutor do ciclo vitorioso dos mineiros, não restam dúvidas de que os entraves burocráticos com Cuba para a contratação do ponteiro valeram a pena.

"Ele tinha muita fome de ser o que é agora. É um jogador com muito potencial de ataque e saque e melhorou muito no passe, no aspecto defensivo aqui conosco. É um garoto muito trabalhador, que adora jogar voleibol" afirma.

Embora esteja contente com o nível do seu jogo, Leal espera se aprimorar no voleibol italiano, que tem a liga mais tradicional do mundo, para defender a seleção brasileira a partir do ano que vem. Ele jogará no Lube Civitanova, atual campeão do torneio.

O técnico do time nacional, Renan Dal Zotto, já disse que planeja contar com o atacante na preparação para os Jogos de Tóquio-2020.

Leal reconhece que um atleta naturalizado pode sofrer resistência do público, mas aposta que irá superá-la.

Após o ponteiro ter sido o pivô de um desentendimento entre jogadores e torcedores em uma das partidas da semifinal da Superliga, contra o Taubaté, também foi colocada em dúvida a receptividade que terá no grupo da seleção.

O princípio de confusão ocorreu após o Cruzeiro derrotar o time paulista no ginásio do rival. O líbero Thales, do Taubaté, convocado por Renan nesta semana para integrar a seleção, disse que Leal fez um gesto ofensivo na direção da torcida, o que ele nega.

"Não fiz nada de errado. Acho que o Taubaté não aceitou a derrota em casa. Mas não atrapalha em nada, todos os jogadores sabem minha forma de jogar, nunca ofendi um jogador e não acho que vai atrapalhar minha ida à seleção", declara Leal.

Na sexta-feira (27), ele foi julgado e advertido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva da modalidade. Em caso de suspensão, poderia ficar fora das partidas decisivas.

Confirmado em quadra, Leal será uma das principais armas do Cruzeiro na busca pelo quinto título consecutivo. Essa vai ser a quarta final entre as equipes. São duas vitórias dos mineiros (2014 e 2015) e uma dos paulistas (2011).

Do lado do Sesi-SP, será a primeira decisão de Superliga de Murilo Endres, 36, na posição de líbero. Como ponteiro, ele conquistou duas medalhas olímpicas e dois títulos mundiais pela seleção brasileira.

Os ponteiros Lipe e Douglas, o levantador William e o central Lucão, todos do Sesi, participaram da medalha de ouro no Rio em 2016. Já o oposto Alan é um dos destaques do time nesta edição do torneio.

Na TV
Sesi-SP x Cruzeiro
15h, SporTV 2 e RedeTV

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