Em baixa, judô masculino do país espera anunciar logo novo comandante

Primeira opção da confederação é Tiago Camilo, duas vezes medalhista olímpico

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Judocas participam de treinamento da Confederação Brasileira de Judô no hotel Colonial Plaza
Judocas participam de treinamento da Confederação Brasileira de Judô no hotel Colonial Plaza - Rafael Hupsel/Folhapress
Pindamonhangaba

Pressionada pela seca de grandes resultados do judô masculino nos últimos anos, a confederação brasileira encerrou nesta quinta (12) treinamento de campo que durou duas semanas e reuniu os melhores atletas do país em Pindamonhangaba (SP). 

O fim dos treinos marcou também a despedida do técnico Fúlvio Miyata, que comandava a seleção desde 2013. Ele se desliga para assumir a equipe do Minas Tênis Clube. Seu substituto ainda não foi definido, mas a primeira opção da entidade é Tiago Camilo. 

Aos 35 anos, o duas vezes medalhista olímpico (2000 e 2008) não anunciou sua aposentadoria de forma oficial, mas desde a Rio-2016 já não compete com regularidade. Ele preside a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e possui uma academia em São Paulo. 

A confederação espera até o fim do mês por uma resposta de Tiago Camilo. Outras opções são cogitadas como plano b, afirma o gestor de alto rendimento da entidade, Ney Wilson, sem citar nomes. 

Na Olimpíada do Rio, a única medalha do judô masculino foi o bronze de Rafael Silva, da categoria pesado (acima de 100 kg). Baby, apelido de Silva, levou o bronze também no Mundial do ano passado, em Budapeste. No mesmo peso, David Moura conquistou a prata. 

Os pesados do país, ambos de 30 anos, são os únicos que figuram entre os oito melhores no ranking internacional das suas categorias. Nas demais, aparecem em posições medianas atletas que já disputaram Jogos Olímpicos sem obter medalhas e jovens apostas. 

Segundo Wilson, a renovação da seleção é dificultada pelo chaveamento das competições. Ao passarem para o profissional, atletas com bons resultados nas categorias de base enfrentam judocas de ponta na primeira rodada e dificilmente conseguem repetir o desempenho. 

Para interromper esse ciclo, a aposta da confederação é levar os mais novos para competições de nível técnico inferior, como o Campeonato Pan-americano, que será disputado na semana que vem na Costa Rica e conta pontos para o ranking. Daniel Cargnin, 20, e Rafael Macedo, 23, ambos campeões mundiais na categoria sub-21, são os destaques. 

“A intenção é que eles possam subir no ranking, se posicionar melhor nos sorteios e começar a crescer. Aí a gente cria uma competição saudável dos atletas mais experientes com os mais jovens. Se os jovens não conseguirem tomar a vaga dos experientes, pelo menos os tiram da zona de conforto”, afirma Wilson. 

DUELO PESADO 

A disputa por vaga citada pelo gestor vale para a Olimpíada de Tóquio-2020. Nos Jogos, cada país pode contar com apenas um representante por categoria, regra inexistente em Mundiais. 

Silva já participou de dois torneios olímpicos e ganhou duas medalhas. Moura, hoje líder do ranking dos pesados, nunca disputou uma edição. Eles protagonizam o maior clássico do judô brasileiro na atualidade. 

“Em 2016, se não tivesse o David brigando ponto a ponto comigo, acho que seria muito difícil eu chegar bem para a Olimpíada”, afirma Rafael Silva. 

“O fato de ter eu e o Baby na seleção me deixa sempre focado, com vontade de treinar. Se um bobear, o outro assume a vaga”, diz David Moura. Para ele, nos pesados há menos equilíbrio entre os atletas de outros países. Já os colegas mais leves sofrem com a concorrência acirrada. 

À espera da confirmação de Tiago Camilo no comando da seleção, Moura diz que esse seria um grande passo para o judô nacional: “É um nome respeitadíssimo, conhecido em todo o mundo, tem muito a acrescentar. Estou ansioso só para que ele fale sim e siga com a gente nessa busca pelas grandes medalhas”. 

 

MULHERES EM ALTA 

Em oposição ao momento vivido pelo judô masculino, as mulheres iniciam o ciclo olímpico de Tóquio com mais estabilidade. 

Mayra Aguiar, bicampeã mundial e com duas medalhas olímpicas, e Érika Miranda, que soma quatro medalhas em mundiais, continuam em alta nas suas categorias. 

A principal novidade do ano é a liderança de Maria Portela (70 kg) no ranking. Nas categorias 52 kg e acima de 78 kg, o país tem duas judocas entre as oito melhores do mundo. 

“É claro que a gente pensa em Olimpíada. Vai ser em Tóquio, a casa do judô, não tem como não pensar. Mas eu vou traçando objetivos curtos para lá na frente conquistar os maiores”, afirma Mayra. 

As medalhistas de ouro Rafaela Silva (Rio-2016) e Sarah Menezes (Londres-2012) buscam voltar aos seus melhores dias após uma temporada de baixa. Sarah, que no ano passado subiu de peso, decidiu voltar para o ligeiro (48 kg). 

“Eu nunca imaginei mudar de categoria. Fiz um teste porque a confederação brasileira sempre insistiu, mas eu não gostei, me senti pequena”, afirma. 

Nas últimas semanas, ela conquistou dois bronzes seguidos em Grand Prix, competições menores do circuito mundial, e confirmou que permanecerá onde obteve a medalha dourada. “O meu início foi razoável, eu sempre me senti bem na categoria. Basta ter muita disciplina e controle de peso”, diz.

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