Descrição de chapéu Copa do Mundo

Fifa restringe consulta de árbitro a monitor de vídeo no Mundial

Federação orienta revisão de lances apenas em situações interpretativas

Fábio Aleixo
Moscou

A Fifa fez ajustes no sistema de árbitro de vídeo (VAR) para a Copa do Mundo da Rússia e criou um protocolo que determina quando o juiz deve consultar o monitor na lateral do campo para rever jogadas em análise pela equipe de árbitro de vídeo.

Os objetivos são evitar demora na revisão de jogadas e fazer o jogo fluir sem contratempos —principais preocupações dos contrários ao uso da tecnologia no futebol.

A recomendação da Fifa para a Copa é que o árbitro só recorra ao monitor fora do campo quando estiver sendo feita a revisão de um lance interpretativo, como o impedimento de jogadores que podem ter interferido em lances de gol e faltas que levem a um gol, à marcação de um pênalti ou que possam levar a uma expulsão com cartão vermelho direto.

Anteriormente, a Fifa dizia que o árbitro poderia verificar o monitor em qualquer situação em revisão pelo VAR.

Em outros seis incidentes, classificados pela entidade como factuais, o árbitro deverá tomar a decisão de rever ou não a marcação de campo baseado apenas na comunicação por rádio com equipe de arbitragem de vídeo.

Relatório de janeiro da International Board, órgão responsável pelas regras do futebol, após análise de 804 jogos, indica que uma decisão após consulta ao árbitro de vídeo costuma ser tomada em um minuto. Em alguns casos em que foi feita consulta ao monitor ao lado do campo, houve demora de até quatro minutos.

A equipe de árbitro de vídeo trabalhará em uma central no IBC (International Broadcast Centre), em Moscou.

As imagens captadas pelas 33 câmeras de transmissão e mais duas exclusivas de linha de impedimento, em cada uma das 12 arenas da Copa, serão enviadas diretamente para o centro por meio de um sistema de fibra ótica.

Árbitro consulta o VAR durante partida semifinal da Copa da Alemanha entre Schalke 04 vs Eintracht Frankfurt
Árbitro consulta o VAR durante partida semifinal da Copa da Alemanha entre Schalke 04 vs Eintracht Frankfurt - Ina Fassbender/AFP

Do IBC, a equipe do VAR terá comunicação direta com o árbitro no campo via rádio.

“É necessário um tipo diferente de preparação, mas todos os que trabalharão com o sistema já passaram por treinamentos e seguirão se aperfeiçoando. É um trabalho estressante”, afirmou o árbitro alemão Felix Zwayer, em vídeo divulgado pela Fifa.

Após a decisão ser tomada, os telões dos estádios mostrarão o replay do lance para que os espectadores entendam o que foi marcado. O mesmo será feito na transmissão de TV.

Os valores para o uso do VAR na Copa não são divulgados pela Fifa, que afirma haver cláusulas de confidencialidade com fornecedores e ainda estar fechando o orçamento.

A entidade arcará com os custos, assim como aconteceu em competições nas quais o sistema foi testado, como a Copa das Confederações de 2017 e os dois últimos Mundiais de Clubes.

A Fifa desistiu de ter patrocínios para o VAR. A proposta foi colocada em discussão, mas não avançou. A ideia era que empresas mostrassem suas marcas durante os replays na transmissão televisiva.

“O VAR tem a ver com transparência e justiça, não com oportunidades comerciais”, disse à Folha Zvonimir Boban, vice-secretário-geral da Fifa.

Recentemente, a entidade  anunciou a empresa russa de telecomunicações Rostelecom como patrocinadora regional da Copa. A empresa possui rede de fibra ótica que cobre todo o país, chegando até o extremo leste da Rússia.

Em comunicado para divulgar o novo apoiador, a Fifa não fez nenhuma menção ao uso do VAR. O que se sabe é que a empresa é a responsável pela rede wi-fi gratuita para os torcedores nas arenas.

Neste ano, após reunião com os clubes, a CBF desistiu da implantação do VAR no Campeonato Brasileiro por causa dos altos gastos envolvidos: R$ 50 mil por partida, o que totalizaria R$ 20 milhões.

A tecnologia da linha do gol, já utilizada no Mundial do Brasil, seguirá em uso na Rússia.

 
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