Quarto árbitro ganhou mais poder da federação nas finais do Paulista

No Brasileiro, quarto árbitro tem função administrativa e menos influência na decisão do juiz

Jogadores do Palmeiras pressionam o Adriano de Assis Miranda, quarto árbitro do clássico, após anulação de pênalti - Ricardo Nogueira/Folhapress
Eduardo Geraque Luiz Cosenzo
São Paulo

Uma orientação da Comissão de Arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol) permitiu que Adriano de Assis Miranda, 38, o quarto árbitro do segundo jogo da final do Paulista entre Palmeiras e Corinthians, estivesse na lateral do campo e influenciasse na decisão do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza de voltar atrás na marcação do pênalti de Ralf sobre o palmeirense Dudu.

De acordo com a súmula da partida, Adriano foi o responsável por avisar Marcelo Aparecido que o jogador corintiano atingiu a bola no lance. O árbitro levou dois minutos e 50 segundos para decidir voltar atrás na marcação.

Normalmente, o quarto árbitro fica no meio de campo, entre os bancos de reservas, e tem uma função administrativa na partida. Anota substituições, mostra a placa com os acréscimos e ajuda a manter a ordem nas áreas técnicas das duas equipes.

A FPF, porém, diz orientar os quarto árbitros a terem participação mais efetiva.

Segundo Marcelo Aparecido, a federação liberou os quarto árbitros a acompanharem lances de jogo da lateral do gramado após problemas na arbitragem das semifinais do campeonato estadual.

"A presença do quarto árbitro é melhor. Você não vai deixar ele apenas para cuidar da parte disciplinar. Se ele pode ajudar na parte técnica, porque não usar. Eu sabia que o Adriano tinha uma visão lateral que poderia ser melhor do que a minha", afirmou Ribeiro de Souza.

Para que os quarto árbitros pudessem sair da área técnica e se deslocar até a linha de fundo, mais um membro foi adicionado à equipe de arbitragem nos dois jogos finais, o árbitro adicional assistente (ou quinto árbitro). 

"A medida tem como objetivo aprimorar o trabalho coletivo com visões de diferentes ângulos do campo, minimizando possíveis erros e colaborando no ponto de vista técnico e disciplinar", afirmou a FPF em nota.

"Esta nova orientação tornou-se mais efetiva e dinâmica na fase final do campeonato, inclusive com a participação dos quintos árbitros nas finais", concluiu.

A nova orientação da FPF, porém, causa um desequilíbrio para a arbitragem. Do outro lado do campo, existe apenas o assistente número dois.

Coronel Marcos Marinho, chefe da Comissão de Arbitragem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), afirmou que a decisão da entidade paulista não é incorreta. 

"É permitido. A Fifa diz que o quarto árbitro pode auxiliar, pode ter essa flexibilidade. Se a mudança for radical, a federação tem que comunicar a CBF, que repassa para o órgão que comanda a arbitragem internacional", disse.

Marinho, porém, descarta essa liberdade para o quarto árbitro durante os jogos do Campeonato Brasileiro, que começa no sábado (14). 

"Não teremos esse deslocamento do quarto árbitro. Determinamos que o quarto árbitro já tem algumas missões e precisa estar bastante atento. Ele pode ajudar o árbitro quando estiver tranquilo, mas não ficar correndo de um lado para o outro", disse.

SEM PROVAS

A FPF afirmou que as imagens apresentadas pelo Palmeiras na terça (10), que mostram o chefe de arbitragem da entidade, Dionísio Roberto Domingos, à beira do campo na final do Estadual "não provam interferência externa na decisão dos árbitros".

Em comunicado divulgado nesta quarta (11), a federação diz que está atenta a reivindicações do Palmeiras e "colocará as propostas em pauta para que os clubes, soberanamente e em colegiado, decidam a respeito da gravação das conversas entre os árbitros e da adoção do árbitro de vídeo para a edição do próximo ano do torneio".

Na segunda (9), em carta aos palmeirenses, o presidente Maurício Galiotte cobrou a adoção do árbitro de vídeo e anunciou que o clube estaria rompido com a FPF até a entidade se manifestar a respeito desse e outros pontos.

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