Rompido com federação, Palmeiras continua em torneios da entidade

Cisão acarretará apenas na ausência de dirigentes em reuniões e eventos organizados pela FPF

O presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, na sede social do Clube, em Perdizes
O presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, na sede social do Clube, em Perdizes - Diego Padgurschi - 13.mar.17/Folhapress
 
Eduardo Geraque Luiz Cosenzo
São Paulo

Apesar de o presidente Maurício Galiotte ter anunciado na última segunda (9) o rompimento do Palmeiras com a Federação Paulista de Futebol (FPF), o clube continuará disputando competições realizadas pela entidade e não deixará de pagar a taxa de 5% da renda dos seus jogos no Brasileiro para a federação estadual.

No próximo fim de semana, a equipe disputará jogos dos campeonatos paulistas sub-15, sub-17 e sub-20 —todos organizados pela FPF.

O rompimento anunciado pelo presidente será apenas institucional e não representa uma ameaça de desfiliação da equipe à entidade.

Assim como ocorreu na noite de segunda-feira (9) na festa de premiação do Campeonato Paulista de 2018, o clube alviverde decidiu não participar mais dos eventos oficiais da instituição que administra o futebol paulista ou de reuniões para a discussão de questões esportivas.

Em carta endereçada aos palmeirenses, o presidente Maurício Galiotte anunciou que o clube se manteria rompido com a FPF enquanto a federação não se manifestasse em relação a três itens: a adoção do árbitro de vídeo no Paulista de 2019; a gravação e a divulgação, quando necessária, das conversas entre os árbitros; e uma reavaliação de quem dirige o setor de arbitragem na federação.

A reportagem entrou em contato com a federação para saber como ela se posicionaria a respeito das exigências do Palmeiras e o rompimento decretado por Galiotte, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

Galliote entrou em confronto com a entidade no último domingo (8), após a decisão do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Corinthians no Allianz Parque. O time da casa perdeu o título na disputa por pênaltis.

No segundo tempo da partida, quando o Corinthians vencia por 1 a 0, o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou um pênalti de Ralf sobre Dudu.

Depois de quase dez minutos de paralisação, e de conversar com o quarto árbitro da partida, Marcelo voltou atrás e só marcou escanteio.

Na carta, o presidente do Palmeiras afirma que houve “clara e evidente” interferência externa na arbitragem.

Nesta quarta-feira (11) deve chegar ao TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) um pedido do Palmeiras pela anulação da partida. 

Mas independente da ação do clube, o presidente do TJD-SP, Antonio Assunção de Olim, afirmou que vai convocar todos os envolvidos com o episódio durante a decisão para comparecer no tribunal dia 23 de abril. "Precisamos saber o que cada um estava fazendo naquele momento, inclusive o diretor de arbitragem", disse Olim à Folha

Segundo o presidente do tribunal, o julgamento do caso vai ocorrer no dia 23 de abril. "Vamos ouvir todo mundo que estava no gramado". 

As demandas do Palmeiras, na visão da diretoria, tentam evitar que o episódio do último domingo aconteça novamente no estadual.

Tanto a federação quanto o próprio árbitro negam a interferência externa e dizem que a decisão de reconsiderar a marcação do pênalti foi acertada, porque não houve falta no lance. “Estou com a consciência tranquila”, disse Marcelo à Folha

A avaliação dos diretores do clube é que a federação menosprezou o Palmeiras ao ratificar sem ressalvas a atitude da arbitragem.

Após a partida, nem jogadores e nem o técnico do Palmeiras, Roger Machado, deram declarações públicas.

Por decisão da diretoria, o elenco nem participou da premiação, dentro do gramado, para receber as medalhas pelo segundo lugar.

Apenas o Galiotte falou após a decisão. Ele chamou o campeonato de “Paulistinha” e disse que a competição estava manchada. “É uma vergonha”, afirmou, sobre a forma como o árbitro decidiu voltar atrás no pênalti.

Os adjetivos usados no estádio, logo após a partida, foram colocados novamente no texto da carta, escrita no dia seguinte ao da derrota.

As declarações duras contra a federação ressonaram bem internamente. Com mandato até dezembro, o dirigente ainda não falou se será candidato a reeleição.

Amigos de outrora

O presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, foi importante para o Palmeiras nos bastidores da Conmebol. 

O dirigente, que é membro do conselho da entidade, ajudou o Palmeiras a reduzir a punição de três para um jogo sem torcida como visitante pela briga entre torcedores do do clube e do Peñarol, em Montevidéu, no Uruguai, pela Libertadores de 2017.

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