Com R$ 195 milhões de dívidas em curto prazo para pagar, o Santos decidiu não concentrar mais os jogadores nos jogos como mandante no Campeonato Brasileiro. A razão é financeira, embora o clube diga que não é apenas isso.
A primeira partida para a nova ideia ser colocada em prática será a deste domingo (15), às 21h, contra o Ceará, pela primeira rodada do torneio nacional.
O clube confirma que a concentração será diminuída, mas não abolida. A assessoria nega que a razão seja apenas financeira. O Santos pretende mudar o relacionamento com os jogadores antes dos jogos.
A Folha apurou que o treinador Jair Ventura está descontente com a novidade e que não foi consultado a respeito do assunto. Se fosse, teria sido contrário. A reportagem tenta falar com o treinador, mas ainda não conseguiu resposta.
Os jogadores terão de se apresentar em horário predeterminado antes da partida na Vila Belmiro ou da ida a São Paulo de ônibus. Nos jogos como visitante, a concentração acontecerá, até porque é necessário viajar. Mas os voos e hospedagens são pagos pela CBF.
Nem todos os integrantes da diretoria estão satisfeitos com a novidade e ainda têm esperança de revertê-la.
"Não creio que isso seja correto. Vou conversar com o [presidente José Carlos] Peres para tentar demovê-lo dessa ideia", afirma o vice-presidente Orlando Rollo.
Em conversas com aliados, Peres tem dito que na época dourada de Pelé e Coutinho, os jogadores do Santos não concentravam, mas ganhavam jogos e títulos. Muita coisa no futebol mudou, mas isso, não, ele acredita. A responsabilidade de se cuidar antes dos jogos seria de cada jogador.
Nos anos 60, época a que o presidente se refere, o Santos tinha concentração. Os jogadores se hospedavam na chácara Nicolau Moran, hoje desativada, em São Bernardo do Campo (grande São Paulo), antes das partidas.
O Santos tem um espaço construído no Centro de Treinamento Rei Pelé que tem como finalidade a concentração dos jogadores antes das partidas em casa. Não está claro quanto o clube economizaria com o uso do seu próprio hotel.
No segundo semestre do ano passado, a antiga diretoria do clube, que tinha como presidente Modesto Roma Júnior, antecipou mais de R$ 10 milhões de cotas do Campeonato Paulista de 2018 e fechou o ano com déficit acumulado de R$ 258 milhões, segundo balanço apresentado ao conselho deliberativo.
De acordo com parecer do conselho fiscal, a dívida total do Santos atualmente é de R$ 402 milhões.
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