Testemunha confirma denúncia contra funcionário do Santos por abuso

Em depoimento à polícia nesta quarta, jogador diz que presenciou o crime; defesa nega

Alex Sabino Diego Garcia Guilherme Seto
São Paulo

Uma testemunha esteve no início da tarde desta quarta (18), na Delegacia de Repressão e Combate à Pedofilia em São Paulo para prestar depoimento sobre a acusação de abuso sexual contra o afastado coordenador das categorias de base do Santos, Ricardo Marco Crivelli, conhecido como Lica. A denúncia foi revelada pela Folha na última terça (17).

Ruan Petrick Aguiar de Carvalho, 19, registrou Boletim de Ocorrência na última sexta-feira (13). Ele diz que Crivelli abusou dele sexualmente. Na época, o jogador tinha 11 anos. 

Integrantes da equipe de delegados que apuram o caso confirmaram à Folha a presença da testemunha, que também é jogador de futebol. A partir da abertura do inquérito, o caso corre em segredo de Justiça.

A testemunha confirmou a história contada pelo acusador e disse que estava na casa na noite em que teria acontecido o crime, em 2010. No depoimento, ele afirmou que Crivelli tentou abusar dele, mas foi rechaçado. 

O advogado de Crivelli, Adriano Vanni, esteve na delegacia para conversar sobre o comparecimento de seu cliente para prestar depoimento. A data não foi definida. Ele nega as acusações de Ruan.

"Eu estive no Santos ontem e pedi para me colocarem de frente para o Lica, para ver se ele tinha coragem de negar para mim. Mas não colocaram. O Santos sabe o que aconteceu. O [Marcos] Maturana [integrante da diretoria das categorias de base] disse para eu não ir à imprensa porque o Santos era muito grande. O Santos é grande, sim. Mas para mim, meu filho é maior que o Santos", disse o pai de Ruan, Régis Santana, que também esteve na delegacia nesta quarta.

Fachada da Vila Belmiro, estádio onde o Santos manda seus jogos na Baixada Santista
Fachada da Vila Belmiro, estádio onde o Santos manda seus jogos na Baixada Santista - Mário Ângelo - 1.fev.10/Folhapress

O dono da casa em que teria acontecido o caso e empresário de Ruan, Luciano Pereira, conhecido como Belém, prestou depoimento e confirmou a denúncia à polícia.

A Folha apurou que a linha de defesa de Crivelli se baseia em documentos fornecidos pelo Santos. Um deles diz que a entrada de Ruan em 2010 no clube aconteceu em setembro.

No Boletim de Ocorrência, o jogador disse que o abuso aconteceu em março. Logo depois disso, ele entrou no clube, segundo o relato. A defesa afirma que Crivelli não trabalhava na base do Santos nesta época, mas no profissional.

No boletim, Ruan disse ter sido acariciado nas partes íntimas e ter recebido sexo oral. Em seguida, diz ter ido para o Santos, onde ficou um ano e meio. Completa dizendo que quando passou a recusar as investidas de Crivelli, foi dispensado do clube.

Outro lado

O coordenador da base do Santos, Ricardo Crivelli, informou que não se pronunciará sobre as acusações. 

O Santos diz ter recebido a denúncia com surpresa e afirma que abriu uma investigação para apurar o caso.

“O clube vai investigar criteriosamente a situação, considerando que o profissional em questão jamais teve qualquer mácula em sua extensa carreira no futebol, e que acusações como essa envolvem reputações, tanto dos acusadores quanto do próprio acusado, que devem ser preservadas sem qualquer juízo prévio de culpa. Reiteramos, contudo, que a apuração será conduzida pelas autoridades competentes, se efetivamente consistentes”, afirma o clube em nota à Folha.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.