Argentina tenta acabar com jejum de 25 anos sem títulos

Técnico Jorge Sampaoli anuncia nesta segunda-feira (21) lista de 23 convocados

Alex Sabino
São Paulo

​​Se tudo correr bem para o técnico Jorge Sampaoli, em 4 de julho a seleção argentina estará se preparando para jogar as quartas de final da Copa do Mundo da Rússia. Será neste dia que o país vai completar 25 anos sem um título da seleção principal.

Nesta segunda (21), o treinador anuncia os 23 jogadores que formarão o grupo que tentará acabar com o jejum.

Os jogadores Nicolás Tagliafico, Manuel Lanzini, Eduardo Salvio e Javier Mascherano correm em treino da Argentina para a Copa do Mundo
Os jogadores Nicolás Tagliafico, Manuel Lanzini, Eduardo Salvio e Javier Mascherano correm em treino da Argentina para a Copa do Mundo - Martín Zabala - 16.mai.2018

A última conquista foi a Copa América de 1993, quando venceu o México por 2 a 1, no Equador. Os dois gols foram de Gabriel Batistuta. O camisa 10 daquela seleção era Diego Simeone, hoje técnico do Atlético de Madri (ESP).

“É difícil explicar isso para o torcedor, não é? Uma seleção como a da Argentina ficar 25 anos sem ganhar títulos... É complicado”, afirma para a Folha o goleiro Sergio Goycoechea, que levou o time em 1993 à decisão com defesas nas disputas de pênaltis contra Brasil nas quartas de final e Colômbia na semifinal.

Não havia qualquer indicação na época de que um jejum de duas décadas e meia estava prestes a começar. Era o segundo título da Copa América consecutivo da Argentina, que já havia sido campeã em 1991. Havia chegado às duas decisões de Mundial anteriores e vencido em 1986.

“Aquela [seleção de 1993] não era uma equipe que sentiria a pressão de decidir um torneio. Coco [o técnico Alfio Basile] montou um time de jogadores experientes, acostumados a vencer. Vencer é um hábito no futebol. Você precisa se acostumar a isso”, afirma Gabriel Batistuta, segundo maior artilheiro da história da seleção (56 gols), atrás apenas de Messi.

Basile levaria a Argentina no ano seguinte à Copa do Mundo dos Estados Unidos e cairia nas oitavas de final, diante da Romênia. Suspenso por doping, Maradona viu das tribunas e chorou a eliminação.

“Aquele título da Copa América virou lembrança e talvez não seja lembrado como deveria”, diz Basile. “Veja que [o jejum] não é uma questão de futebol ruim. A Argentina se classificou para todas as Copas do Mundo. Se excluir o torneio de 2002, esteve sempre nas fases decisivas. Seria uma injustiça enorme se Messi se aposentasse da seleção sem um título”, afirmou.

Nos últimos 25 anos, a Argentina disputou sete finais e perdeu todas. Foi vice-campeã na Copa América em 2004 (derrota para o Brasil), 2007 (Brasil), 2015 e 2016 (ambas para o Chile). Caiu na decisão da Copa das Confederações de 1995 (perdeu para a Dinamarca) e 2005 (Brasil).

Pior de todas, levou gol de Götze na prorrogação e foi superada pela Alemanha na final da Copa do Mundo de 2014.

“Houve boas campanhas. São três finais nos últimos quatro anos, duas perdidas nos pênaltis (2015 e 2016). Mas se você perde no momento decisivo, fica uma imagem ruim”, constata Batistuta, que defende a presença de Gonzalo Higuaín como camisa 9 da seleção no Mundial da Rússia.

O centroavante da Juventus foi responsabilizado pelas derrotas recentes por causa dos gols que perdeu nas finais. Para Batistuta, que disputou três Mundiais (1994, 1998 e 2002), os torcedores não compreendem a dificuldade que o atacante enfrenta diante do gol em uma situação limite.

A Argentina foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2004 (Atenas) e 2008 (Pequim), mas são competições sub-23 que a equipe sequer disputa com uniforme oficial. A medalha de ouro de 2008 é a única de Messi por seu país.

São 25 anos em que a Argentina foi vítima de seleções mais preparadas (Alemanha na Copa de 2010, por exemplo), de nervosismo (Uruguai na Copa América de 2011), azar (a bola na trave de Batistuta contra a Holanda, nas quartas de final do Mundial de 1998) e até da idiossincrasia de seus vários treinadores no período.

Daniel Passarella não levou Fernando Redondo, o maior volante de sua geração, para a França em 1998 porque o jogador se recusou a se enquadrar no modelo estético determinado pelo treinador. Passarella não convocava ninguém que tivesse cabelo comprido.

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