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Derrota por 7 a 1 soou como alarme e fez o futebol mudar, diz Aguirre

Técnico evita criticar trabalho de antecessor, mas vê São Paulo melhor desde que assumiu o time

Diego Aguirre posa para foto durante entrevista no CT do São Paulo - Karime Xavier/Folhapress
Alinne Fanelli Luiz Cosenzo
São Paulo

O técnico uruguaio Diego Aguirre, 52, não se impressionou com o que viu no futebol brasileiro ao voltar para o país para assumir o comando do São Paulo. Segundo ele, até agora, nenhuma equipe chamou sua atenção.

Mesmo assim, o treinador vê uma evolução no esporte mais popular do Brasil desde que deixou o país em 2016 —após trabalhar no Internacional e no Atlético-MG—, e credita essa melhora à superação do 7 a 1 pela seleção.

“Tem uma coisa que incide diretamente no futebol que é a seleção brasileira. Hoje ela transmite uma imagem de fortaleza futebolística, que repercute nos times e nos jogadores. (...) Todo mundo ficou preocupado depois do 7 a 1, mas foi como um alarme. O Brasil tinha que mudar algo e mudou”, afirmou.

O uruguaio também vê evolução no São Paulo, clube que começou a comandar há dois meses, substituindo o técnico Dorival Júnior.

Ele evita criticar diretamente seu antecessor, mas considera que o time está melhor hoje do que quando chegou.

Eliminado do Paulista e da Copa do Brasil, Aguirre terá nova chance para provar o crescimento de seu time nesta quarta-feira (9), quando o São Paulo recebe o Rosario Central, pela Sul-Americana.

 

Qual time brasileiro mais chamou a sua atenção pela qualidade do futebol apresentado nesta temporada?  Ainda é cedo. Espero que o São Paulo. Tivemos poucas rodadas no Brasileiro e temos visto equipes que jogaram bem, mas que também jogaram mal. São irregulares. Na minha opinião, times bons são aqueles que mantêm o rendimento. E que times tivemos assim? Temos alguns bons times, mas nada fora do normal.

Viu uma evolução do futebol brasileiro desde a sua última passagem pelo país?  Sim, está melhor. Tem uma coisa que incide diretamente no futebol que é a seleção brasileira. Hoje ela transmite uma imagem de fortaleza futebolística, que repercute nos times e nos jogadores. Sinto que as equipes estão jogando melhor. Nós treinadores estamos preocupados em dar argumentos táticos aos jogadores, para o time mostrar mais futebol. Todo mundo ficou preocupado depois do 7 a 1, mas foi como um alarme. O Brasil tinha que mudar algo e mudou.

O São Paulo possui fracassos recentes no Morumbi em mata-matas. É psicológico? Não é psicológico, não sinto que seja assim. São coisas que acontecem no futebol. Não podemos buscar desculpas ou fatos psicológicos porque ninguém pode comprovar. É algo subjetivo. Temos de trabalhar para melhorar e se ocorreu isso é porque cometemos erros. 

Como analisa seu início de trabalho no São Paulo?  Faz pouco tempo [dois meses], mas parece muito mais por conta dessa intensidade que se vive aqui no dia a dia. Os jogos, toda essa repercussão que o São Paulo tem como time grande. Enquanto eu analisava a proposta do São Paulo, assistia aos jogos do clube. Não gosto de falar de outro treinador, mas sinto que do dia em que começamos a trabalhar até agora, estamos melhor. Sinto sinceramente que estamos no caminho de lutar por um título importante.

Já vê o São Paulo com a intensidade que gosta em seus times?  Está evoluindo. Não é de um dia para o outro. Para pedir intensidade, tem de trabalhar de forma intensa. Não tivemos tempo para poder fazer tudo o que gostaríamos, mas nos treinos os jogadores estão aceitando muito bem nossa proposta. São treinos intensos. Curtos e intensos. Nós cobramos e exigimos isso. Se não vai treinar de maneira intensa, não treina.

O que é necessário para a equipe evoluir?  A fase ofensiva. Temos que fazer mais gols, melhorar a finalização, porque temos tido algumas oportunidades para vencer e não acertamos. Exigimos e queremos o São Paulo protagonista. Tem que defender bem e, quando tiver a bola, buscar o jogo. Vamos ter uma melhora nos próximos jogos.

O clube sagrou-se tricampeão brasileiro com o esquema de três zagueiros. Será um padrão na sua equipe?  Sim, é o ideal para o São Paulo, que possui cinco zagueiros de alto nível [Rodrigo Caio, Arboleda, Bruno Alves, Militão e Anderson Martins]. Eu me adaptei aos jogadores. Também tem uma história no clube de ganhar muitos títulos jogando dessa forma. A torcida gosta. São esses fatores que nos fizeram jogar desta forma. Mas não significa que vai ser sempre assim. É um padrão de jogo que estamos tentando melhorar e fazer dar certo. 

O objetivo do São Paulo é o título da Sul-Americana?  Não podemos priorizar um sobre outro. Eu não posso falar que quero a Sul-Americana e não o Brasileiro. Vamos ser protagonistas e tentar ganhar os dois. Temos de pensar assim. Um título seria maravilhoso, mas ainda é muito cedo para falar disso. Temos de tentar avançar passo a passo.

O São Paulo briga em que parte da tabela no Brasileiro?  Na parte de cima. Sinceramente, não posso pensar outra coisa. O São Paulo tem de ser protagonista e não passa pela minha cabeça outra coisa que não seja isso.

O Diego Souza foi um dos principais investimentos do São Paulo para esta temporada. Como pretende utilizá-lo?  Quando o São Paulo foi procurá-lo, o procurou como centroavante. Tite o convocou como centroavante para a seleção. Imagino que ele tinha outras opções. Eu o quero como centroavante. Falei com ele, perguntei como se sente, e ele disse: “tudo bem, posso jogar de centroavante”. Hoje, ele é centroavante. No futuro, talvez, possa jogar em outra posição. Sinto que ele está pegando essa chance com responsabilidade, sentindo que pode ajudar o time. 

Como vê o elenco atualmente?  Está bem servido em todas as posições, mas está muito grande e precisamos reduzir o número de atletas. Talvez o lado mais ingrato seja colocar somente 11 jogadores em campo. Seguramente vários que estão no banco merecem tanto quanto os que estão jogando. Se perdermos alguém [em uma negociação], aí vamos ver. Dependendo de quem for, teremos que buscar reposições. Mas não podemos falar sobre isso enquanto não acontece. Qualquer time do mundo pode pegar jogadores do São Paulo. Temos de estar prontos para buscar outros.

Neste ano, o clube promoveu muitos atletas da base, mas nem todos se firmaram. Eles não estão prontos?  Tem de ter cuidado quando se fala dos garotos da base. Tem um processo de amadurecimento. Liziero já com 20 anos está pronto. Ainda pode ser um pouco irregular, mas está pronto. É um jogador do time titular. O Militão também, com 20 anos. Se você traz um menino de 17 anos, é normal que não esteja pronto ainda. Temos de ajudar. Até o treino é em outro nível. Nosso principal cuidado é protegê-los, não colocar em campo e isso se tornar uma coisa prejudicial. Temos de ter paciência e dar as oportunidades na hora certa, para que aproveitem e se destaquem.

Em 2017, o Rogério Ceni promoveu o Brenner com 17 anos. Foi uma decisão prematura?  Eu não falo isso porque as decisões são tomadas por alguma razão. Ele precisa trabalhar, competir, jogar futebol todos os fins de semana. Às vezes, aqui, temos muitos jogadores, e não podemos dar essa chance. E é bom se o menino tiver uma competição no sub-20. São jogadores do time principal, mas têm de continuar melhorando.

Qual a chance do Uruguai na Copa? Quem são os favoritos?  Talvez seja a primeira vez que o Uruguai chega forte e candidato a fazer uma boa Copa. Se chegar a uma semifinal, seria excelente. Todos os jogadores são titulares em times importantes da Europa. Os principais candidatos ao título são Alemanha, França, Espanha e Brasil.

FICHA TÉCNICA

Diego Aguirre, 52
Nascido em Montevidéu, Diego Vicente Aguirre Camblor, jogou em 14 equipes como atacante, entre elas Inter, Portuguesa e São Paulo, onde atuou com Raí no início da década de 1990. Ele teve passagem de destaque no Peñarol, pelo qual marcou o gol do título da conquista da Libertadores de 1987. Já como treinador dirigiu onze clubes e foi vice-campeão do principal torneio sul-americano em 2011, pelo Peñarol, ao perder a final para o Santos

São Paulo precisa de vitória para avançar
O São Paulo enfrenta o Rosario Central nesta quarta (9), às 21h45 (com Globo), no Morumbi, pela partida de volta da Copa Sul-Americana. Como empatou o primeiro jogo por 0 a 0, a equipe tricolor precisa de uma vitória simples para avançar no torneio. Empate com gols classifica o time argentino. Expulso na primeira partida, Rodrigo Caio desfalca o time.

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