Marcador no Corinthians, Romero agora quer ser artilheiro

Atacante diz que no Brasil aprendeu a ajudar defesa, mas reconhece que precisa fazer mais gols

Alex Sabino Luciano Trindade
São Paulo

Na seleção paraguaia, Ángel Romero, 25, cansou de ouvir piadas sobre a sua transformação desde que chegou ao Corinthians, em 2014. O técnico Francisco Arce e até o irmão do atacante, Óscar Romero, observaram que ele não é mais o mesmo jogador.

“Dizem que eu faço agora o que não fazia antes”, afirma, em entrevista à Folha.

No futebol brasileiro, Romero aprendeu a marcar, acompanhar o lateral e se sacrificar pela equipe. Fez isso para ser aceito. Percebeu que era uma exigência de Tite para os jogadores que atuavam pelas laterais do campo e se adaptou. Muito bem, inclusive.

O atacante mata bola no peito em jogo pela Libertadores contra Millonarios, na Arena Corinthians
O atacante em jogo pela Libertadores contra Millonarios, na Arena Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Mas neste domingo (27), às 16h, contra o Internacional, o paraguaio quer mais.

Ele fez quatro gols na temporada. Dois pela Copa do Brasil, um pelo Paulista e outro pela Libertadores. Falta o Campeonato Brasileiro. Nesta temporada, ele deseja que a torcida do Corinthians conheça um Romero diferente. 

“Eu sou atacante. A torcida vai me cobrar por gols. Por mais que eles gostem que eu volte para marcar e faça sacrifícios pelo time, nas estatísticas todos vão ver quantos gols eu fiz no Brasileiro. Para mim e para a minha carreira é importante que eu marque gols”, completa.

Ele afirma não estar incomodado por carregar a fama de jogador importante taticamente. Diante da falta de artilheiros no Corinthians, o atleta acha que pode ocupar essa lacuna. Lembra que pelo Cerro Porteño, na função de centroavante, anotou 38 vezes em 81 partidas.

“Preciso mostrar para mim mesmo que consigo fazer gols. Jogo mais fora da área, mas me cobro. Eu era esse cara de fazer os gols quando estava no Cerro Porteño. Por isso que sempre que puder chutar de fora da área vou chutar, para aumentar meu número de gols pelo Corinthians.”

Desde que chegou ao Parque São Jorge, Romero tem 30 marcados em 188 jogos. É o estrangeiro com mais partidas na história do clube. Seus 23 gols feitos no Itaquerão o fazem ser o maior goleador da história do estádio.

Não é o bastante. Solta uma piada quando perguntado sobre o motivo para a torcida gostar tanto dele (“Gosta? Será?”), mas reconhece que essa é uma relação construída pela entrega que mostra em campo. Romero é querido pelo empenho em ajudar na marcação, de correr uma maratona se for preciso, dar carrinhos e brigar.

Mas ele não se considera ídolo do clube. Falta-lhe, segundo o próprio Romero, o que busca em 2018: gols.

“Acho que sou importante para o Corinthians por tudo o que conquistei. Ídolo, não. Faltam títulos importantes como Libertadores e Mundial. E ser decisivo em partidas finais. Isso é ser ídolo”, opina, colocando Cássio, Emerson Sheik e Danilo como jogadores que estão nessa condição.

O atacante poderia até estar pensando em gols também na Copa do Mundo da Rússia, mas não vai disputá-la.

“Para ser sincero, da Copa nem quero falar. A gente tinha esquecido, mas agora que está chegando perto está doendo”, afirma.

O Paraguai chegou à última rodada das eliminatórias precisando de vitória sobre a Venezuela, em casa, para se classificar. Perdeu por 1 a 0. Uma experiência traumática para Romero, que promete pelo menos assistir aos jogos da seleção brasileira.

Será uma forma de recompensar o país em que afirma se sentir bem e onde gostaria de continuar. Apenas não sabe se isso vai acontecer.

Seu contrato com o Corinthians termina em junho de 2019. Para mantê-lo, o clube brasileiro precisa pagar R$ 12 milhões aos empresários que o trouxeram ao Brasil. Se houver indefinição, o mais provável é que ele seja negociado no fim do ano para fazer caixa.

“Minha vontade é ficar, mas não posso mentir dizendo que vou ficar porque pode aparecer uma boa proposta para mim e para o clube. E se eu fico até junho [de 2019], o Corinthians terá de pagar muito dinheiro”, ressalta.

Se cumprir a meta de fazer mais gols neste ano, pode tornar sua permanência na equipe brasileira ainda mais difícil.

O técnico Osmar Loss deverá mudar no time para o jogo em Porto Alegre. É certo que o volante Paulo Roberto vai atuar. Ele entra na vaga de Gabriel. Pedrinho pode ser poupado, e Mateus Vital seria o seu substituto.

INTERNACIONAL x CORINTHIANS
16h, Beira Rio
Na TV: Pay-per-view

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