Miranda supera sua frustração após perder Copas de 2010 e 2014

Zagueiro será titular mais velho na posição desde Bellini, em 1966

Diego Garcia Luiz Cosenzo Sérgio Rangel
Teresópolis (RJ)

Nove anos depois de disputar o seu primeiro jogo como titular da seleção brasileira, o zagueiro Miranda, 33, debutará em uma Copa do Mundo.

A poucos meses de completar 34 anos --ele faz aniversário em 7 de setembro--, o jogador deve se tornar o zagueiro titular mais velho a disputar um Mundial pela seleção brasileira desde Bellini, em 1966.

O zagueiro, que se tornou o primeiro campeão mundial a fazer o gesto de levantar a taça, em 1958, disputou o Mundial da Inglaterra aos 36 anos, jogando ao lado de Altair. Era a terceira vez que ele disputava uma Copa do Mundo --também foi reserva na Copa de 1962, no Chile.

Pela idade e pela trajetória no futebol, Miranda também poderia estar perto de o seu terceiro Mundial. No entanto, ele ficou fora das listas de convocados para os Mundiais de 2010, na África do Sul, e de 2014, no Brasil, quando era considerado nome praticamente certo nas convocações de Dunga e Felipão.

Na Rússia, Miranda enfim disputará sua primeira Copa do Mundo
Na Rússia, Miranda enfim disputará sua primeira Copa do Mundo - Lucas Figueiredo/CBF

Há oito anos, uma suspensão colaborou para a sua ausência no Mundial. Expulso em partida contra a Venezuela, pela última rodada das eliminatórias, ele foi punido pelo tribunal desportivo da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e, se fosse convocado, perderia os dois primeiros jogos do Brasil na África do Sul.

Já em 2014, Scolari preferiu convocar o zagueiro Henrique, que na época jogava no Napoli, da Itália, ao defensor que viria a ser vice-campeão da Liga dos Campeões com o Atlético de Madri, da Espanha.

"Realmente fiquei muito triste de não disputar as duas últimas Copas do Mundo, mas procuro respeitar a decisão de cada treinador. Admito que esperava a convocação para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, mas não aconteceu. Tudo tem um propósito na nossa vida", disse o zagueiro nascido em Paranavaí (PR), à Folha.

Apesar da longa espera para disputar o primeiro Mundial de sua carreira, Miranda chega com status de titular da seleção brasileira.

Na Rússia, ele formará a dupla de zaga com Marquinhos, 24, titular na maioria dos jogos sob o comando de Tite, ou Thiago Silva, que passou a ter mais prestígio com o técnico após boas atuações nos nos últimos amistosos, contra Rússia e Alemanha.

Thiago Silva, 33, que já esteve nas Copas de 2010 e 2014, é 15 dias mais novo do que o paranaense. O jogador da Inter de Milão é o sexto atleta que mais atuou na era Tite na seleção, com 14 jogos --os meios-campistas Renato Augusto, Philippe Coutinho e Willian são os que mais jogaram, com 17 partidas cada um.

Desde que o treinador assumiu o comando da equipe, o zagueiro só não jogou contra a Colômbia, pelas eliminatórias, quando foi cortado após sofrer uma concussão. Ele também foi poupado dos amistosos contra Argentina e Austrália, na Oceania. 

Em minutos em campo, ele perde apenas para o goleiro Alisson e o meio-campista Paulinho. O defensor jogou 1.208 minutos com Tite, contra 1.377 minutos do jogador do Barcelona e 1.305 do camisa 1 da seleção brasileira.

"Chego à minha primeira Copa do Mundo no melhor momento da minha carreira. Nesse período, tive uma evolução técnica e tática muito grande", afirmou Miranda.

O camisa 3 é considerado um dos líderes da seleção, apesar de se considerar uma pessoa reservada.

"Eu e minha esposa [Jaqueline] somos fechados e vivemos bem assim", disse o jogador, que tem dois filhos: João Vitor (12 anos) e Lucas (8 anos).

Ele já foi escolhido para vestir a braçadeira em duas oportunidades. Tite faz um rodízio de capitães na seleção.

"Eu me vejo sim como um dos líderes. Temos vários líderes e cada um com o seu jeito. Todas as lideranças são aceitas na seleção", afirmou.

Com a experiência de sete anos consecutivos no futebol europeu, Miranda vê a seleção brasileira com a credibilidade recuperada após o vexame do 7 a 1 em 2014, o início ruim nas eliminatórias e os fracassos nas Copas América de 2015 (eliminado nas quartas pelo Paraguai) e de 2016 (eliminado na fase de grupos).

De acordo com o jogador, o ponto forte do time brasileiro é o coletivo. "Temos hoje uma seleção madura e com vários jogadores que podem decidir. Sabemos da importância de Neymar, mas não vejo que somos dependentes dele. Tivemos uma evolução tática muito grande nesse período", disse o zagueiro, que pede atenção com os adversários da seleção na primeira fase da Copa do Mundo.

O Brasil estreia no Mundial contra a Suíça, no dia 17 de junho, e depois enfrenta Costa Rica e a Sérvia.

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