Palmeiras vota mudança de estatuto que favorece patrocinadora

Pleito mostrará se patrocinadora do clube continua com apoio no conselho deliberativo

Luís André Rosa
São Paulo | Agora

Uma disputa na noite desta segunda (21) no Conselho Deliberativo do Palmeiras pode dar indícios de como o clube alviverde será administrado nos próximos anos.

A empresária Leila Pereira, presidente da Crefisa e da FAM (principais patrocinadoras do clube), e o ex-presidente Mustafá Contursi —ex-aliados, mas hoje adversários políticos— fazem corpo a corpo com conselheiros defendendo lados opostos de reforma estatutária, cujo ponto principal é o aumento do mandato de presidente do clube.

A proposta, caso seja aprovada, dará ao futuro presidente do Palmeiras, que será eleito em novembro, mandato de três anos, com possibilidade de reeleição. No entanto, abre brecha para que a empresária concorra à eleição de presidente do clube em 2021.

Caso o estatuto atual seja mantido, Leila só poderia se candidatar ao cargo em 2022, após dois mandatos como conselheira da agremiação.

O grupo político de Mustafá entende que o processo fere o artigo 16 da Constituição que dita que "a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência".

"É uma proposta interessante, mas não pode ser feita dessa forma. Cabe muita discussão, até para não ferir a Constituição Federal", argumenta o conselheiro e ex-vice-presidente de futebol do Palmeiras Roberto Frizzo.

Com investimento pesado, contando inclusive com a realização de um banquete em um hotel de São Paulo na quinta-feira (15) para conselheiros, Leila Pereira nega o casuísmo e ataca a oposição.

"Sou defensora da modernidade, que o Palmeiras não fique nas mãos de pessoas que têm interesses [escusos] lá dentro. Não penso a longo prazo. O que eu quero é continuar colaborando com o Palmeiras", disse a empresária, que organizou jantar para 200 conselheiros, mas compareceram menos de cem.

As empresas de Leila pagam ​R$ 82 milhões por ano para estampar suas marcas —além da Crefisa, a FAM (Faculdade das Américas)— nos uniformes do clube. Isso sem contar os valores para a contratação de atletas, investimento em torno de R$ 130 milhões desde o início da parceria, em janeiro de 2015.

Para que a mudança no estatuto seja aprovada, será preciso que Leila tenha maioria simples no Conselho Deliberativo, ou seja 141 votos.

Na sequência, a mudança precisa ser ratificada na assembleia dos associados. A aprovação pode ser confirmada por maioria simples. Para ser recusada, precisa de dois terços dos votos.

Em meio à votação da proposta de mudança estatutária, o prestígio do presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, também está em jogo.

Candidato único na disputa em 2016, quando ganhou seu primeiro mandato, o dirigente tem visto o aumento da oposição e sabe que terá dificuldades para se reeleger, mesmo que passe a proposta de aumento do mandato.

Além de sua ligação cada vez maior com a patrocinadora Leila Pereira, Galiotte é visto como um dos culpados pela falta de resultados em campo. Conselheiros dizem que o elenco, tido como um dos melhores do país, não é tão bom, principalmente depois de seis derrotas para o Corinthians em clássicos.

Nesse cenário, a oposição já articula um candidato para as eleições de novembro. O primeiro vice-presidente, Genaro Marino, que é do grupo político do ex-presidente Paulo Nobre, está em campanha e articula o apoio do ex-presidente Mustafá Contursi.

Procurado pela reportagem, Galiotte preferiu não se manifestar. Apoiadores, porém, admitem que a insatisfação de algumas alas é grande e que é natural que a oposição esteja buscando alternativas.

A empresária Leila Pereira, presidente da Crefisa e da FAM (principais patrocinadoras do clube), e o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte
A empresária Leila Pereira, presidente da Crefisa e da FAM (principais patrocinadoras do clube), e o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte - Cesar Greco - 8.fev.17/ Ag. Palmeiras / Divulgação

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