Sem 'pasillo', Real Madrid esquenta o clássico contra o Barcelona

Time madrileno quebrará tradição de aplaudir o adversário campeão na entrada em campo

São Paulo | Agora

O técnico do Real, Zinedine Zidane, já adiantou: nada de “pasillo” para o Barcelona.

O “pasillo” é a tradicional homenagem que um adversário presta ao clube campeão na partida seguida à da conquista do título. Desde os anos 70, o vencedor da temporada (neste caso, o Barcelona) atravessa um corredor formado por atletas da outra equipe, que aplaudem a conquista.

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo disputam bola no clássico espanhol
Lionel Messi e Cristiano Ronaldo disputam bola no clássico espanhol - 12.mar.2016 - Sergio Perez/Reuters

“Não vamos fazer o ‘pasillo’. Não entendo essa coisa e eles [Barcelona] romperam a tradição”, comentou o técnico francês, referindo-se à recusa do rival em fazer o gesto após o Real ter conquistado o último Mundial de Clubes.

O Barcelona havia feito a homenagem em 1988 e 2008. O time de Madri também se rendeu à tradição para os catalães em 1991.

A recusa dos visitantes é um componente para chamar ainda mais atenção para o clássico que teria menos atrativos do que costume. O Barcelona já ganhou o título nacional. O Real está preocupado com a final da Liga dos Campeões da Europa, contra o Liverpool, no próximo dia 26.

Será também mais um capítulo da rivalidade pessoal entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Disputa entre os dois que já dura dez anos e cinco conquistas de melhor do mundo para cada um.

Para seguir atuando em alto nível, os quase veteranos craques precisaram se reinventar. Messi, 30, já não tem o mesmo fôlego, mas segue genial e fatal diante dos goleiros rivais.

Mais próximo do meio e centralizado, o camisa 10 do Barcelona tem mais opções para acionar os companheiros da frente e campo para partir verticalmente ao ataque.

“A ideia é que Messi possa abrir o jogo e participar da construção. E, claro, chegar à área para a conclusão, onde faz a diferença”, afirmou o técnico Ernesto Valverde assim que assumiu o clube. 

 
De fato, o argentino foi recuado e fez 32 das 51 partidas pelo Barcelona como meia, mas sem abrir mão da infiltração e do faro artilheiro: foram 43 gols marcados até agora na temporada.

“Estou alguns metros mais atrás, nos outros anos estava bem mais à frente. Mas sempre com a ideia de chegar ao gol”, disse Messi, que passou a maior parte da carreira atuando como falso 9 ou aberto pela direita, flutuando entre as linhas. 

Há a preocupação também de se poupar por causa da Copa do Mundo. Ele mesmo já reconheceu que o torneio na Rússia será sua última boa chance para conquistar um título de expressão pela seleção argentina.

Cristiano Ronaldo tem o mesmo pensamento, apesar de ter vencido com Portugal a Eurocopa de 2016, na França. Na Copa de 2014, no Brasil, ele chegou lesionado e foi sombra do jogador que costuma ser. 

Aos 33, ele também se reinventou em campo. Neste caso, trocou a individualidade, os dribles e as exibições de habilidade que o consagraram para atuar fixo na área, como centroavante. 

“Mudei a minha forma de jogar porque vencer é o mais importante. Os gols ajudam a ganhar. Posso combinar, primeiro os gols, depois as assistências e, a seguir, os dribles”, comentou o português, que costumava atuar aberto pelo lado esquerdo. 

Foi assim que o Real Madrid conquistou as duas últimas Ligas dos Campeões com Ronaldo no papel de protagonista absoluto. Pode repetir a dose daqui a três semanas. Título que pode credenciar o atacante a manter o posto de melhor jogador do mundo, que venceu no ano passado.

Apesar das mudanças, a dupla engana a idade com a inteligência e visão de jogo. Isso tem sido a atração dos confrontos entre as equipes. 
 

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