Descrição de chapéu Futebol Internacional

Sobrinho-neto de Maradona é esperança das categorias de base do River Plate

Hernán, 17, está desde 2013 no clube que o maior rival do Boca Juniors, time do coração de Diego

São Paulo

“Aquele garoto treina com as chuteiras desamarradas. Quem ele pensa que é? Maradona?”

Meia, camisa 10 e canhoto são características para qualquer jogador talentoso da Argentina correr o risco de ouvir comparações com Diego Maradona. Pior ainda quando não dá laço na chuteira, imitando o que o maior ídolo argentino fazia. 

Hernán López Muñoz, 17, não ouviu o comentário, contado a ele depois por um funcionário do River Plate. Jamais seria rude, mas poderia ter respondido: 

“Sim, penso que sou.”

Não seria pretensão. Ele é um Maradona. A maior revelação atual das categorias de base do clube é neto de Ana, a irmã mais velho de Diego Armando Maradona, campeão mundial de 1986 e oráculo do futebol argentino. Hernán usa o sobrenome da família da mãe, Nancy para evitar o peso da responsabilidade.

“Quando perguntam se eu sou sobrinho de Diego, digo que sim. Não vou mentir. Mas não tomo a iniciativa de falar. Tenho orgulho dele ser meu tio. Muito orgulho. No início, quando cheguei no River, ninguém sabia que eu era sobrinho de Maradona. Mas era inevitável que descobrissem”, afirma ele para a Folha.

Hernán não demonstra incômodo com a fama por causa do tio-avô. Comenta o assunto com naturalidade, embora enfatize a todo momento desejar traçar seu próprio caminho, longe da sombra de Diego. Se é que isso será possível.

Hernán López Muñoz, sobrinho-neto de Maradona, faz embaixadinhas sentado no CT do River Plate
Hernán López Muñoz, sobrinho-neto de Maradona, faz embaixadinhas no CT do River Plate - Néstor García/Clarín

O River Plate acredita que sim. A visão de jogo, capacidade de lançamentos e qualidade nos arremates ao gol chamam a atenção no clube. O treinador do elenco principal Marcelo Gallardo conhece o potencial do meia-atacante. 

É uma ironia do futebol que Hernán esteja no caminho para se tornar jogador profissional no maior rival do Boca Juniors, o time do coração do tio famoso. 

“Não falo com ele sobre isso. Não me viu jogar ao vivo porque estava em Abu Dhabi (deixou o Fujairah, clube em que era técnico, no mês passado). Mas sempre assiste aos vídeos. Não conversei sobre o River, mas ele não vê problema nenhum”, completa.

Seria como se o sobrinho de Pelé jogasse pelo Corinthians ou o neto de Sócrates vestisse a camisa do Palmeiras.

Para o diário Clarín, de Buenos Aires, que descobriu a presença de um Maradona no no Monumental de Nuñes, Hernán disse que quando seu pai manda os vídeos para Diego via WhatsApp, os edita para tirar o escudo do River Plate que aparece nos primeiros segundos de imagem.

O começo do caminho do garoto no futebol foi igual ao do tio-avô, com quem tem fotos postadas em redes sociais. Atuava no Argentinos Juniors, mesmo clube que revelou Maradona. Diego dá o nome ao estádio da equipe no bairro da Paternal, em Buenos Aires. 

Mas seu pai se desentendeu com dirigentes, Hernán ficou descontente por não ser aproveitado como achava que deveria e pediu para sair. O River Plate lhe abriu as portas em 2013.

O meia atua no sub-17 do clube. Deve mudar de categoria nos próximos meses, já que em setembro vai completar 18 anos. 

Quando questionado sobre a posição preferida em campo, responde “enganche”. A função do camisa 10 argentino clássico e uma raridade no futebol atual. Maradona foi enganche, assim como Enzo Francescoli, o maior ídolo do River Plate nas últimas três décadas. Gallardo, que pode no futuro ser seu treinador, fez fama desempenhando o mesmo papel.

“Ele pede para eu ter confiança sempre e não deixar que ninguém diga que eu não sou o que acredito que sou. É um bom conselho”, finaliza o garoto.

“Ele” não é Francescoli ou Gallardo. É o enganche mais importante de todos. Seu tio-avô Diego Armando Maradona.

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