Descrição de chapéu Copa do Mundo

Alvo de ataques, capitão Sergio Ramos comanda Espanha por classificação

Espanhóis encaram Marrocos nesta segunda-feira, às 15h, em Kaliningrado

São Paulo

A seleção de Marrocos contará com dois grandes reforços para o duelo com a Espanha, nesta segunda-feira (25), em Kaliningrado. Ao menos na torcida. Fãs do Liverpool (ING) e do Egito provavelmente estarão ligados no jogo para se juntar aos marroquinos, com atenção especial em secar um espanhol: Sergio Ramos.

Desde que participou do lance que lesionou Mohamed Salah e o tirou da partida na última final da Liga dos Campeões, vencida em maio por seu Real Madrid (ESP) sobre o Liverpool do egípcio, Ramos é certamente um dos atletas mais odiados do mundo. E ele não faz questão de reverter essa imagem.

Sergio Ramos é capitão da seleção espanhola desde 2016
Sergio Ramos é capitão da seleção espanhola desde 2016 - Gonzalo Fuentes/Reuters

Só nas últimas semanas, o capitão da Espanha rebateu declarações de Roberto Firmino, companheiro de Salah no Liverpool, de Diego Armando Maradona e discutiu em campo com o técnico português do Irã, Carlos Queiroz.

Antes mesmo da Copa começar, Firmino disse que Ramos foi “idiota” tanto no lance que originou a lesão de Salah como na trombada com o goleiro do clube inglês Karius, que teve uma concussão durante a partida, mas que não pode ser creditada ao choque entre os dois.

“Daqui a pouco o Firmino vai dizer que ficou resfriado porque uma gota de suor minha caiu sobre ele”, disse Ramos em resposta ao atacante brasileiro.

O episódio com Maradona envolveu uma declaração do ídolo argentino de que o zagueiro do Real Madrid não é um craque, como por exemplo, em sua opinião, é o uruguaio Diego Godín. Sergio Ramos respondeu dizendo que respeita Maradona, mas que o maior jogador da história da Argentina é Lionel Messi.

No confronto com o Irã, o zagueiro discutiu com Carlos Queiroz. Após o jogo, depois de o espanhol Carvajal reclamar da falta de lealdade dos iranianos, Queiroz respondeu que o lateral direito deveria olhar mais para o próprio elenco e ver quem é que “tirou um egípcio da Copa do Mundo”, referindo-se à lesão no ombro de Salah.

Sergio Ramos parece pouco se importar. E o ambiente de hostilidade entre colegas do futebol não é uma novidade para ele.

Contratado pelo Real Madrid em 2005, o zagueiro nascido na Andaluzia abraçou a causa madridista, que transcende os gramados.

Seu companheiro de zaga na seleção, Gerard Piqué, é catalão e publicamente favorável à independência da Catalunha. Toda vez que Piqué joga pela equipe nacional fora de sua terra natal, é vaiado pela posição independentista. Ramos, capitão do clube de Madri, não toma muito partido na defesa do colega.

“O que posso dizer? Se eu vou a Barcelona acontece o mesmo comigo. Eu não vou mudar as pessoas. Cada um que torça por sua parcela e pronto”, afirmou Sergio Ramos, em entrevista no ano passado após Piqué ter sido vaiado em um torneio de tênis na capital espanhola.

Sergio Ramos e Piqué protagonizam clássicos quentes entre Real Madrid e Barcelona no futebol espanhol
Sergio Ramos e Piqué protagonizam clássicos quentes entre Real Madrid e Barcelona no futebol espanhol - Sergio Perez/Reuters

Em 2010, durante entrevista coletiva com a seleção, se incomodou com a pergunta de um repórter feita em catalão e respondida no mesmo idioma pelo companheiro de zaga, que o acompanhava na sala de conferências.

Piqué ainda devolveu ao repórter: “Quer em castelhano também?”. No que Ramos respondeu: “Em andaluz, responda a ele em andaluz, para ver se entende”.

A relação mais amigável que ele estabelece com a Catalunha está na admiração por Messi e na amizade e respeito com Andrés Iniesta, ídolos do Barcelona. Ambos, porém, não são nascidos na região –Iniesta é da região de Albacete.

Capitão da Espanha desde a última Eurocopa, em 2016, Sergio Ramos tem 153 partidas pela seleção e estava no grupo vitorioso que conquistou a Copa do Mundo de 2010 e as Euros em 2008 e 2012.

Para este Mundial, a braçadeira assumiu ainda mais importância sobre um grupo que perdeu seu treinador às vésperas da competição. Julen Lopetegui foi demitido pela federação espanhola após ser anunciado como técnico do Real Madrid.

Ramos evitou opiniões mais incisivas sobre Lopetegui, seu próximo comandante no Real, e preferiu receber com honras Fernando Hierro, ex-zagueiro do clube e da seleção.

Tetracampeão da Liga dos Campeões com o Real, virou símbolo da era ganhadora do time nos últimos anos. No primeiro título da sequência de taças europeias, marcou aos 93 minutos o gol de cabeça que levou a partida com o Atlético de Madri para prorrogação, vencida por sua equipe por 4 a 1.

Naquele dia, foi ao cabeleireiro ajeitar o penteado, como faz antes das noites importantes de Liga dos Campeões. O cabelo, inclusive, é parte fundamental da imagem de Ramos.

Inspirado no argentino Claudio Caniggia, tinha cabelos compridos quando chegou ao Real Madrid há 13 anos. Campeão da Eurocopa de 2008, acreditou na sorte dos fios longos e os manteve para o Mundial de 2010, na África do Sul. Deu certo. Em 2012, já usava o cabelo curto.

A superstição, então, partiu para as chuteiras, sempre calçando o pé direito antes do esquerdo. Um ritual que é acompanhado de uma oração aos avós antes de cada jogo.

Fora dos gramados, Ramos se desempenha como empresário. Seu principal negócio é uma empresa de gerenciamento de atletas, administrada com seu irmão, René.

O negócio que o capitão espanhol mais gosta, porém, é seu haras, o SR4. Apaixonado por cavalos, Ramos e a família criam na região de Sevilha os chamados PRE, “Pura Raça Espanhol”, conhecidos também como cavalos andaluzes.

Ironicamente, algumas das éguas do haras procedem de uma linha do Pura Raça Espanhol chamada Guardiola, de criadores importantes da Andaluzia.

Nada a ver com o treinador, provavelmente para alívio de Ramos, figura controversa desta seleção que, em meio a tensões, algumas alimentadas pelo próprio capitão, busca a classificação rumo ao bicampeonato mundial.

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