Após problema cardíaco, dentista vira atleta e corre 100ª maratona em 10 anos

Julio Cordeiro atingirá marca na prova realizada no Rio de Janeiro neste domingo

Daniel E. de Castro
São Paulo

A edição 2018 da Maratona do Rio, que acontece neste domingo (3), ficará marcada na vida do pernambucano Julio Cordeiro por diversos números e pela celebração de um estilo de vida.

Próximo de completar 50 anos de idade e 25 de casamento, o cirurgião-dentista natural de Tabira (PE) participará da sua centésima maratona. A contagem foi iniciada em 2008, quando ele completou pela primeira vez uma prova de 42 km, também no Rio de Janeiro.

Julio Cordeiro treina no Recife para a Maratona do Rio
Julio Cordeiro treina no Recife para a Maratona do Rio - Bernardo Dantas/Folhapress

A escolha por hábitos saudáveis após anos de sedentarismo foi impulsionada por um susto. Em 2006, o pernambucano, que já era hipertenso, teve um problema cardíaco e precisou ser submetido a um cateterismo.

“Eu tinha medo de morrer, tomava três medicações e a pressão não baixava. Ficava pensando se viveria por muito tempo”, diz Cordeiro, que é pai de quatro filhos.

No mesmo ano, em uma viagem com a família aos EUA, ele percebeu que havia caminhado bastante apenas por lazer e que poderia transformar o exercício físico em rotina. Começou então os treinos de caminhada e corrida, mas ainda estava angustiado.

“Em muitos momentos eu corri tenso, pensando se teria um piripaque. Hoje é outra cabeça, corro com tranquilidade e alegria”, afirma.

O dentista disputou sua primeira prova, de 10 km, em dezembro de 2007. Não estava nos planos chegar aos 42 km tão rapidamente, mas a evolução surpreendeu. Em junho de 2008, ele foi convencido por um amigo a participar da Maratona do Rio.

“Tinha treinado até 26 km. Quando chegou nos 26 km eu estava subindo a [avenida] Niemeyer e disse: nunca mais invento isso, vou parar. Um amigo ia passando e me animou de novo para concluir. A partir dali ferrou, vi que era isso que eu queria e não parei mais”, conta o dono da impressionante média de dez maratonas por ano.

Cordeiro disputou maratonas em dez estados brasileiros e 20 países. As mais marcantes foram no deserto do Atacama (Chile), no Ushuaia (Argentina) —conhecida como maratona do fim do mundo— e na Muralha da China, com direito a mais de 5.000 degraus para subir e descer.

Na hora de escolher onde comemoraria a marca centenária, porém, ele não teve dúvidas. “A relação com o Rio é de paixão mesmo”, diz a respeito da prova que correu todos os anos desde 2008.

Cordeiro encomendou uma camiseta comemorativa para a ocasião e esperava que cem amigos e familiares corressem o evento no Rio com ela. A adesão o surpreendeu positivamente, e a contagem de incentivadores deve ultrapassar suas expectativas.

“Hoje sou outra pessoa, com amigos de qualidade, que prezam por saúde e vieram para ficar para sempre”, afirma.

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