Descrição de chapéu Copa do Mundo

Brasileiros e russos se espremem para assistir à estreia em churrascaria

Até uma roda de samba se formou em frente ao bar de restaurante de Moscou

Moscou

É a mistura do Brasil com a Rússia. Na estreia da seleção verde e amarela na Copa do Mundo, brasileiros casados com russas e russos casados com brasileiras se espremeram numa churrascaria em Moscou para ver o time de Neymar enfrentar os suíços.

Minutos antes de os jogadores entrarem em campo na cidade de Rostov, a uns mil quilômetros de distância da capital russa, o rádio do bar bombava tocando pagode e funk, de MC Kevinho a Art Popular, ou melhor, da “novinha terrorista” àquela mulher ingrata que “reclama do meu apogeu”.

Brasileiros e russos se espremem para assistir estreia em churrascaria comandada por brasileiro em Moscou
Brasileiros e russos se espremem para assistir estreia em churrascaria comandada por brasileiro em Moscou - Silas Martí / Folhapress

Moscou, pelo menos nos domínios da chamada Brazilian Steak House, parece tomada por brasileiros que lutam capoeira. No intervalo da partida, uma roda de samba se formou em frente ao bar, com russos saracoteando em pé de igualdade com muitas passistas brasileiras, e logo cedeu espaço para os lutadores, numa conexão direta com Salvador.

Tony Ferreira, o dono do bar, era um dos lutadores. Há mais de uma década na Rússia, esse baiano aprendeu o alfabeto cirílico e virou empresário na terra de Lênin e Stálin.

Em Moscou, na noite de estreia da seleção brasileira, um de seus bares –ele é dono de outro na badalada rua Pokrovka, no centro moscovita– virou uma espécie de embaixada canarinho, cheio de brasileiros expatriados, viajantes e uns russos que preferem torcer pelo Brasil neste Mundial.

Era um público quase tão fluente na língua de Camões quanto na de Dostoiévski, mas os locutores russos da transmissão na TV local causaram certo estresse entre os brasileiros não versados em russo.

“Não dá para pôr uma rádio Itatiaia ou uma rádio Globo falando? Fica esse monte de russos gritando”, pedia Wilson Andrade, um empresário de Belo Horizonte, de férias na Rússia para seguir o torneio. “Fica atrasado a narração se tentar escutar pela internet?” 

Outros, nada atrasados, mal prestaram atenção nas telas de TV. Um rapaz vidrado numa russa fluente em português tentava convencer a moça que já era hora de beijar.

“Lá no Brasil, é diferente. Quando a gente acha alguém atraente e bacana, a gente se beija. Aqui não?”, ele perguntava. “É só um beijo”, ele insistia. Ela, com um coração verde e amarelo pintado na bochecha, esnobou a cantada e pediu água em vez de caipirinha.

Quando os suíços empataram o jogo,  a festa parecia murchar com um balde de água gélida.

Um brasileiro não se conformava com o novo penteado aloirado do maior atacante da seleção e jogava no topete a culpa do desempenho tímido.

“Não dá para ter esse negócio do cara trazer cabeleireiro para a Rússia e pintar de clarinho”, dizia o rapaz, com boné virado ao contrário sobre a cabeça. “É muita viadagem. Sou mais o Romário.”
 

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