Descrição de chapéu Falando Russo Copa do Mundo

Falando russo: bebedeira de dias a fio tem nome russo e linguagem própria

Bebida é, ao mesmo tempo, elemento cultural e pedra no sapato dos russos

Daniela Mountian

Uma bebedeira de dias a fio é o que define zapói. Não é de hoje que o alcoolismo é o calcanhar de aquiles da Rússia, mas não deixa de ser um elemento cultural. Familiar ao universo etílico russo, Serguei Dovlátov (1941-1990), um dos escritores mais icônicos do país, descreve em "Parque Cultural": "Para os outros, a vodca é domingo. Para mim, são dias de semana monótonos... Ora desintoxicação, ora xadrez, dissidência pura... A esposa, claro, está descontente. Vamos arranjar uma vaca, diz ela... Ou uma criança... Desde que não beba. Mas, por enquanto, eu me abstenho. Quer dizer, sigo bebendo...", na tradução de Yulia Mikaelyan. ​

Para o autor, que não conseguia ser publicado na URSS, a bebida simbolizava boemia, contracultura e consolo. Dostoiévski também não se absteve da questão: "O russo bêbado gosta de beber por desgosto e de chorar. Quando cai na farra, não celebra, apenas provoca desordens. Sem exceção, vai se lembrar de uma ofensa qualquer e passar um reproche no ofensor, com este presente ou não".

 

Mesmo sem palavras, é possível convidar um camarada para beber. Acenar dois dedos (indicador e médio) com a palma grudada a local pouco visível, como ao casaco, significa que você já tem um sobutýlnik, companheiro de farra, e está em busca de um terceiro.

Um peteleco no pescoço também é um convite para conversar com a garrafa ou uma indicação de que o esteve fazendo. Diz a lenda que o sinal remete a Pedro 1º, um bom copo. Segundo uma das versões, o czar teria recompensado um artesão com uma carta oficial que lhe dava o direito de beber de graça nas tabernas, mas, como este sempre a perdia, cravaram-lhe uma marca no pescoço, seu salvo-conduto.

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