Bystro significa "rapidamente", "depressa". Muitos creem que o advérbio tenha dado origem a "bistrô" (bistrot), do francês, pequeno restaurante.
Dizem que, quando ocuparam Paris (1814), depois que o general Kutúzov e o inverno moscovita derrotaram Napoleão (1812), os soldados russos apressavam os garçons: "Bystro! Bystro!", dando origem ao termo que designa um lugar onde se servem pratos rápidos e despretensiosos.
Essa versão foi desmentida pelos linguistas, mas continua a ser difundida. O fato é que as guerras napoleônicas, assim como a figura despótica de Napoleão Bonaparte, fizeram parte do imaginário dos literatos russos do século 19.
A sombra de Napoleão perseguia Rodion Raskólnikov, o angustiado personagem de Dostoiévski em "Crime e Castigo" (1866) que matou uma velha usurária a machadas e, casualmente, a irmã dela: "Queria tornar-me um Napoleão e por isso matei".
Raskólnikov ainda escuta do investigador Porfíri: "Quem entre nós na Rússia hoje não se considera um Napoleão?", na tradução de Paulo Bezerra.
O biógrafo Joseph Frank repara que aqui Dostoiévki dialoga com Aleksándr Púchkin, pai da moderna literatura russa, já que lemos algo parecido em seu romance em versos "Evguéni Oniéguin" (1833): "Todos nós temos ar de Napoleão".
Não foi só nos livros que o francês deixou sua marca. Uma das tortas mais consumidas na Rússia se chama Napoleão, um mil-folhas recheado com creme de baunilha.
Uma das versões sobre a procedência do nome diz que a torta foi feita para comemorar o centenário do fiasco de Napoleão em solo russo e que foi coberta com migalhas de massa como uma alusão à neve que fez cair o imperador.
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