Descrição de chapéu Copa do Mundo

Fora da Copa, Itália mal-humorada lamenta e vai torcer para a Islândia

Folha percebeu descaso do país com jogo de abertura do Mundial na Rússia

Grafite em Roma mostra os presidentes de Rússia, Vladimir Putin (de pé, à esq.), e dos EUA, Donald Trump (à dir.), e o premiê italiano, Giuseppe Conte, com uniformes de futebol
Grafite em Roma mostra os presidentes de Rússia, Vladimir Putin (de pé, à esq.), e dos EUA, Donald Trump (à dir.), e o premiê italiano, Giuseppe Conte, com uniformes de futebol  - Tiziana Fabi/AFP
Roma

Um vídeo que circula em grupos de WhatsApp na Itália sintetiza bem o humor do país nesta quinta-feira (14), dia do jogo de abertura da Copa do Mundo da Rússia.

Nas imagens, um homem mal-humorado descreve as seleções classificadas para a competição –uma lista da qual a Itália não participa pela primeira vez desde 1958, um trauma nacional.

"Arábia Saudita? Egito? Costa Rica?", ele pergunta antes de recorrer a termos um bocado mais duros. "Marroquinos de merda... Iranianos de cazzo... Como pode a Itália não estar presente neste grupo???"

A eliminação enfureceu os italianos. Agora, ao ver as demais seleções jogarem, o sentimento se transformou em um descaso quase agressivo.

A Folha acompanhou em Roma a primeira partida da Copa, disputada entre Rússia e Arábia Saudita. A capital estava inesperadamente desprovida de bandeirolas e de camisetas da seleção nacional. Quase como se o país da bota –geograficamente predisposto a chutes, digamos– quisesse dizer que não, não era um dia de Copa.

De bar em bar, em busca de telas transmitindo a partida, a reportagem encontrou quase exclusivamente estrangeiros. Torciam para a anfitriã Rússia, e celebraram os seus cinco gols brindando as canecas.

 

"Eu gosto muito de futebol, mas não gosto de que a Itália não esteja disputando o Mundial. Sem a minha seleção fica chato demais de ver."

Sentado em um sofá em um canto do pub, ele conversava com um fã mexicano sobre seu time não jogar na Rússia, o que considera uma injustiça. Culpa do técnico, diz, e não dos jogadores.

"Isso é uma pena. Fomos eliminados pela Suécia, mas o que é que eles entendem de futebol, hein?", pergunta, com os olhos vidrados na tela onde jogam Rússia e Arábia Saudita.

Para além do orgulho ferido, a ausência italiana representa também um rombo no bolso. O diário local La Stampa calculou que o impacto no montante de anúncio e merchandising cancelados pode ficar entre R$ 400 milhões e R$ 800 milhões.

Marcas esportivas já tinham preparado o uniforme da seleção, que de repente deixou de ser um item tão apetitoso para os colecionadores.

Os restaurantes e os bares que haviam se programado para exibir as partidas não devem lotar na Copa. Agravando a sensação de abandono, choveu em Roma durante a partida inaugural.

No pub The Flann O'Brien, outro dos poucos exibindo a partida no centro de Roma, o italiano Pinak Hassan, 26, lamentava ter sido privado da possibilidade de torcer por sua seleção durante a Copa.

"Eu queria poder aproveitar um pouco. Encontrar os meus amigos, beber cerveja, vestir a camisa azul", diz. "Neste ano, ninguém está usando o uniforme da seleção. Essa Copa já deixou de ser divertida."

Mas, como uma espécie de prêmio de consolação, a Itália será representada de outra maneira quando a seleção vencedora erguer o troféu, daqui a algumas semanas. A taça original foi criada em 1971 em uma cidade industrial próxima a Milão e por vezes volta para ser restaurada.

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