Descrição de chapéu Copa do Mundo

Futebol reconhece moda nos uniformes e fica perto da passarela

Demorou até as grifes atinarem que 'camisa de time' nunca sai de moda

Análise

Pedro Diniz

Demorou até as principais grifes esportivas atinarem para o fato de que, independentemente do vaivém de tendências, a "camisa de time" nunca sai de moda.

Para o horror de quem rechaça o esporte e o orgulho dos fanáticos que não tiram o uniforme nem em jantar romântico, a peça nunca esteve tão em evidência nas estratégias de sedução de Adidas, Nike e cia.

Prova disso é a aproximação dos uniformes oficiais das seleções desta Copa do Mundo da Rússia com a cartilha vigente da passarela. Se o meio entre os anos 1980 e 1990 é a base dos novos lançamentos das grifes de passarela, as dos estádios trataram de reinterpretar as mesmas décadas nos seus.

Os alemães receberam da conterrânea Adidas as listras do uniforme que lhes rendeu a taça em 1990, mesma década de inspiração dos uniformes da Colômbia e da Espanha. Por sua vez, a anfitriã Rússia ganhou os grafismos laterais estampados na camisa de 1988, quando ainda era União Soviética.

Mais conectada à moda do que as concorrentes, a grife alemã percebeu o potencial do filão vintage e recuperou os looks históricos para lançar em sua etiqueta "fashion", a Adidas Originals, versões casuais dos uniformes antigos.

A ideia é vista como novidade, mas é a alma de uma das grifes mais queridas entre os europeus apaixonados por moda e futebol: a marca holandesa Copa.

Na principal loja da grife, em Amsterdã, reedições dos uniformes de várias seleções vendem a rodo desde 1998. Da jaqueta do time tibetano ao uniforme italiano de 1970, quando os "azzurri" perderam na final contra o Brasil, os produtos têm valor estético para quem nem gosta tanto de bola e são repostos com frequência.

O fenômeno ajuda a explicar o porquê de a moda mundial abraçar, há cinco temporadas, o visual esportivo em suas coleções. O setor batizou de "athleisure" a interseção da roupa do dia dia com elementos do uniforme esportivo, cheio de capuzes, grafismos e tecidos respiráveis.

Esse nicho de mercado inspirou a Nike a investir, em 2014, numa camisa feminina do Brasil personalizada pelo estilista Pedro Lourenço.

De lá para cá, o design da marca foi apurado e chegou, por exemplo, ao amarelo "ouro samba" que tinge nosso time e a combinação de verde, branco e preto da camisa nigeriana, a mais comentada desta Copa.

O sucesso da estampa zigue-zague bicolor, comum à indumentária africana e vinculada ao uniforme da Nigéria nos 1990, responde ao desejo dos torcedores de vestir informação de moda e, quem sabe, manter o investimento. Se a taça do Mundial não vier, pelo menos ninguém precisará esconder a camisa nos próximos quatro anos.

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