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Copa do Mundo

Acordo comercial pode morrer antes da 'Copa Unida' de 2026

Medidas impostas por Donald Trump ameaçam a continuidade do Nafta

São Paulo

Estados Unidos, México e Canadá foram escolhidos para sediar a Copa do Mundo de 2026, mas, apesar de o torneio estar sendo chamado de “Copa Unida”, há grandes chances de os três países estarem completamente desunidos até lá.

Em seus 24 anos de existência, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) entre os três países nunca esteve tão próximo de ser dissolvido.

Delegados dos EUA, Canadá e México posam com  presidente da Fifa Gianni Infantino após escolha das sedes da Copa de 2026
Delegados dos EUA, Canadá e México posam com presidente da Fifa Gianni Infantino após escolha das sedes da Copa de 2026 - Xinhua/Xu Zijian

Em sua ofensiva mercantilista para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos, o presidente americano, Donald Trump, insiste em incluir uma “cláusula de caducidade” no acordo. Com isso, o Nafta expiraria automaticamente a cada cinco anos, a não ser que os três sócios conseguissem chegar a um acordo e renegociar os termos do tratado.

Segundo Trump, a cláusula de caducidade é necessária para que o acordo seja adaptado às mudanças econômicas que afetam cada país e para reduzir o déficit dos EUA.

Mas o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau –aquele que foi chamado de “fraco e desonesto” por Trump no final de semana passado– já avisou que isso vai efetivamente matar o Nafta.

“Ninguém assina um acordo comercial que expira a cada cinco anos; que empresa vai querer investir no Canadá se, cinco anos depois, talvez não haja livre comércio com os EUA?”, disse. Com essa incerteza pairando, nenhum investidor se sente seguro para planejar seus negócios.

À cláusula de caducidade se soma mais uma exigência de Trump que ameaça enterrar o Nafta: mudar as regras de origem na indústria automotiva, aumentando o percentual de componentes locais para que os carros possam ser isentos de impostos.

E o líder americano já abriu uma investigação para impor tarifas sobre automóveis e autopeças, também alegando que a importação desses produtos prejudica a segurança nacional dos EUA, como ele alegou para as sobretaxas sobre aço e alumínio recém-anunciadas.

Essa mesma integração comercial entre os três países, agora sob risco, foi usada para convencer a Fifa de que a zona do Nafta era o melhor lugar para receber Copa de 2026. Com as cadeias de fornecimento integradas entre EUA, México e Canadá, a construção da infraestrutura do campeonato e os investimentos necessários ficam facilitados.

Só não se sabe o que terá restado dessas cadeias de suprimento integradas, ou mesmo do Nafta, caso Trump consiga impor a sua famigerada “cláusula de caducidade” e continue ofendendo os parceiros comerciais e impondo sobretaxas.

 
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