Descrição de chapéu Copa do Mundo

Por segurança e contra machismo, brasileiras se unem para ver Copa na Rússia

Grupo conta com torcedoras de todas as regiões do país e até da Argentina

Danielle Maia, 32 (à frente),  Renata Veernat, 41 (ao centro), e Lorenza Neves, 30, que viajaram para a Copa da Rússia, posam par a foto em praia do Rio de Janeiro
Danielle Maia, 32 (à frente), Renata Veernat, 41 (ao centro), e Lorenza Neves, 30, que viajaram para a Copa da Rússia - Raquel Cunha/Folhapress
Cuiabá

Por paixão ao futebol, mas preocupadas com a segurança, um grupo de 46 mulheres, de 22 a 55 anos, de todas as regiões do Brasil e até da Argentina, se uniram para assistir à Copa do Mundo na Rússia.

As primeiras seis integrantes já participavam desde o ano passado de um grupo de brasileiros no Facebook que iriam acompanhar o Brasil na Copa. Mais de 90%, porém, eram homens.

“As poucas mulheres sentiam a necessidade de conversar algumas coisas do universo feminino. Mas no grupo não dava. Então tive a ideia de criar um grupo só de mulheres e foi crescendo até fecharmos em 46”, conta Camila Gomes, 28, professora em Promissão, no interior de São Paulo.

O espaço serve para troca de informações entre as participantes, desde roteiro da viagem, passeios turísticos na Rússia, compra de ingressos até as escolhas das roupas que todas irão usar durante a Copa.

“Os roteiros nem sempre são juntos, mas os passeios serão possíveis fazermos juntas, alguns jogos. Vamos tentar reunir as 46, mas não sabemos se conseguiremos”, diz Camila, que ficará até a primeira fase da Copa.

A psicóloga Bianca Geocze, 33, que mora em São Paulo, também participa do grupo. Ela é uma das quatro pessoas responsáveis pelo perfil de Instagram do grupo, @elas.na.copa, que se tornou referência de informações para quem vai assistir aos jogos.

“Nós começamos a divulgar e postar informações, e isso tem ajudado as pessoas. Por isso todos os dias estamos publicando posts informativos.

”O grupo trouxe mais tranquilidade para as torcedoras mulheres", conta Bianca. “Estamos indo para um universo que ainda existe muito preconceito contra as mulheres, que é o futebol. Também tem a questão cultural da Rússia e o machismo presente. Isso nos ajuda a saber que não estaremos sozinhas”.

Para a carioca e consultora de negócios Lorenza Neves, a troca de informações dá uma sensação de segurança. “Nós sabemos onde cada uma estará. Então teremos esse suporte”.

Lorenza é tida como a "cartola" do grupo. Vascaína e apaixonada por futebol, deixará o marido no Rio e irá para a Rússia com a mãe. Otimista e confiante no trabalho do técnico da seleção Tite, ela chegará para as oitavas de final e ficará até a final.

“O Tite mudou a cara da seleção depois dos 7 a 1 e agora voltamos a ter a confiança que o futebol brasileiro sempre teve”.

A empresária Jussara Bittar, de Manaus, iria sozinha para a Copa, mas encontrou as parceiras de viagem no grupo. A argentina Celeste Credídio também participa do @elas.na.copa. Ela conheceu o namorado brasileiro durante os Jogos Olímpicos do Rio.

A jornalista Sissy Cambuin, 35 que mora em Cuiabá, diz que a rede criada foi fundamental para organizar a viagem. “Todas as dúvidas que tinha foram esclarecidas no grupo. Dicas de roteiros, passeios, câmbio, registro migratório que os hotéis têm que fornecer”, diz. “Dividimos tarefas para facilitar para todas”.

Para Sissy, o maior legado que uma Copa pode deixar, ela já conseguiu. "Conheci essas meninas e a amizade ficará para sempre”.

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