Descrição de chapéu Copa do Mundo

Preso por cambismo no Brasil, executivo de parceira da Fifa atua na Copa

Inglês Raymond Whelan foi absolvido na Justiça brasileira após detenção no mundial de 2014

Fábio Aleixo
Moscou

Preso no Brasil em 14 de julho de 2014, um dia após a final da Copa do Mundo, ao ser citado como integrante de uma máfia de cambistas que lucrava com o Mundial e liberado em 6 de agosto, o inglês Raymond Whelan segue prestando serviços para a Match Services AG - parceira da Fifa para o ramo de hospitalidade - e está em Moscou para a Copa do Mundo.

Ele, inclusive, tem circulado por um luxuoso hotel escolhido pela entidade como a sua base no centro da capital russa.

Raymond Whelan se apresenta em delegacia depois de ser preso acusado de liderar uma quadrilha internacional de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014
Raymond Whelan se apresenta em delegacia depois de ser preso acusado de liderar uma quadrilha internacional de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014 - Tasso Marcelo - 7.jul.18/AFP

A Folha, entretanto, não conseguiu confirmar se ele está hospedado no local.

"Ray segue trabalhando com futebol e atualmente é consultor da Mathc Services AG e está trabalhando para ajudar a entregar a Copa do Mundo de 2018 que será totalmente memorável", disse a Match à Folha por meio de uma nota oficial.

 

Após a prisão, Whelan, que à época trabalhava como CEO da Match, passou quase um mês no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro.

Foi solto em virtude de uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, para seguir respondendo ao processo em liberdade.

Em fevereiro de 2015 o processo decorrente da operação "Jules Rimet" foi arquivado, e em setembro de 2016 o caso contra ele foi totalmente encerrado pela Justiça Brasileira por não se encontrar indícios suficientes que ele estivesse envolvido no esquema que consistia na venda de entradas VIP a R$ 35 mil por jogo.

Ele fora indiciado pelos crimes de cambismo, organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e sonegação.

A quadrilha, operada pelo argelino Mohamed Lamine Fofana, faturava mais de R$ 1 milhão por partida com a revenda ilegal de bilhetes fornecidos como cortesias para patrocinadores, Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinadas à comissão técnica da seleção brasileira.

Entre os bilhetes também estavam entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality.

"O caso criminal contra Ray Whelan foi encerrado inteiramente em 2016. De fato, em fevereiro de 2015, apenas sete meses após ele ser indiciado, a corte brasileira resolveu arquivar o caso citando ‘inépcia material’ e ‘covardice institucional’ do caso, devido a falta de qualquer evidência para suportar as acusações injustificadas e sem base", disse a Match.

Procurada pela reportagem para comentar a atuação de Whelan na Copa do Mundo e a sua presença na Rússia, a Fifa disse que isso era responsabilidade total da Match.

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