Seleção busca um líder e reveza braçadeira de capitão no meio da Copa

Desde que Tite assumiu a seleção, 17 jogadores já ocuparam essa função

Camila Mattoso Diego Garcia Luiz Cosenzo Sérgio Rangel
Sochi e Moscou

Em meio ao Mundial e com a obrigação de ao menos um empate na última partida da fase de grupos para garantir vaga nas oitavas, a seleção brasileira se depara com a ausência de um líder dentro de campo.

Desde que estreou oficialmente como técnico da equipe, em setembro de 2016, Tite não nomeou um capitão. Repete o que fez no Corinthians e, assim, promove um rodízio da braçadeira no elenco. No total, 17 jogadores usaram a faixa neste período.

O zagueiro Thiago Silva foi o capitão da seleção brasileira na partida contra a Costa Rica, na última sexta-feira (23)
O zagueiro Thiago Silva foi o capitão da seleção brasileira na partida contra a Costa Rica, na última sexta-feira (23) - GABRIEL BOUYS/AFP

“A seleção não tem uma liderança de botar a bola no chão, ela está diluída. Esse é o sentido da braçadeira, a liderança técnica é de Coutinho e de Neymar. A da [braçadeira]..tem diferentes componentes. Ainda estamos procurando encontrar esse meio termo”, disse o treinador, que nesta terça (26) anunciará o jogador que ocupará o posto na partida decisiva contra a Sérvia, em Moscou.

Nos mundiais anteriores, o Brasil sempre teve um capitão definido, como Dunga, que ganhou o tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994. 

Na conquista anterior, no México em 1970, Carlos Alberto Torres, responsável por erguer a taça do tricampeonato, carregou o apelido de “Capita” por toda a carreira. Ele sempre teve uma ascendência sobre os jogadores.

Ele foi um dos interlocutores dos jogadores que passaram para Zagallo mudanças que teriam que ser feitas no time.

No primeiro Mundial conquistado pelo Brasil, em 1958, Bellini foi capitão, mas Zito, Didi e Zagallo exerciam a liderança. Zito, inclusive, usava a braçadeira no Santos. Assim como aconteceu em 1962, quando a faixa foi usada por Mauro.

Em 2002, quando o Brasil conquistou o pentacampeonato, o capitão foi Cafu. Ele assumiu a braçadeira após o volante Emerson se lesionar e ficar fora do Mundial.

Na oportunidade, o técnico Luiz Felipe Scolari chamou de canto alguns de seus jogadores mais expressivos, como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo e pediu que a liderança deveria ser assumida por cada um deles.

Desde que Tite assumiu a equipe, Daniel Alves, 35, que disputou as Copas de 2010 e 2014, foi quem mais usou a braçadeira. Capitão em quatro oportunidades, não foi convocado após sofrer uma lesão no joelho uma semana antes da lista de convocados.

Sem Daniel Alves, o zagueiro Miranda, 33, é o que mais ocupou o posto no comando do treinador. Ele foi capitão em três oportunidades.

Na vitória de sexta (22) contra a Costa Rica, o capitão foi Thiago Silva, 33. Do elenco atual, ele é o recordista.

Já foi capitão em 29 oportunidades pela seleção principal, inclusive na Copa de 2014 e na Copa das Confederações de 2013.

No Mundial do Brasil, teve a liderança contestada por se recusar a participar da dramática disputa de pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final.

Além de Thiago Silva, o lateral do Real Madrid, Marcelo, 30, foi capitão na Rússia.

“É uma coisa que eu gosto sim, é uma parte da liderança que posso passar para o grupo. Contribuo com a experiência, tenho 30 anos”, afirmou o lateral-esquerdo.

Contra a Costa Rica, o lateral chegou a repreender Neymar após a vitória. Depois do apito final, o atacante sentou no chão e levou as duas mãos ao rosto. O camisa 10 foi cercado pelos companheiros e alvo preferidos das câmeras. “Ney [como Neymar é chamado por eles]. Vamos embora. Parou, parou”, gritou Marcelo.

Fotomontagem com fotos de Neymar durante bobinho com jogadores da seleção brasileira, em Sochi
Fotomontagem com fotos de Neymar durante bobinho com jogadores da seleção brasileira, em Sochi - Edson Sales e Eduardo Knapp/Folhapress

Principal jogador da seleção, o atacante Neymar já usou a faixa por 11 vezes na equipe principal. Após a conquista da medalha de ouro olímpica no Rio, ele abriu mão de braçadeira. Disse que não gostava da pressão do posto e pediu para não usar mais.

Ao assumir o cargo em 2016, Tite​ teve uma conversa com o jogador sobre o assunto. Ele voltou atrás, mas só foi capitão apenas em uma partida. Ele ficou com a braçadeira na vitória contra o Paraguai, por 3 a 0, na Arena Corinthians, em março do ano passado.
 

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