Descrição de chapéu Copa do Mundo

Técnico da Argentina tinha um plano para Messi e tudo deu errado

Estratégia de Sampaoli para atacante naufraga em empate com a Islândia

Moscou

Lionel Messi, 30, aceitou ser o boi de piranha. Foi o primeiro a sair do vestiário e todos os jornalistas correram em sua direção. Era a senha para os outros jogadores saírem sem serem incomodados.

A imagem resume a estreia da seleção argentina na Copa do Mundo. Todos foram mal no empate em 1 a 1 com a Islândia, neste sábado (16), em Moscou. Mas foi a atuação de Messi que merecia ser questionada e explicada.

Messi cobre o rosto com a camisa após final do jogo entre Argentina e Islândia
Messi cobre o rosto com a camisa após final do jogo entre Argentina e Islândia - Carl Recine/Reuters

Tudo o que o técnico Jorge Sampaoli planejou para ele, deu errado. A ideia era armar um esquema em que, centralizado, o camisa 10 pudesse ser um “enganche”, expressão argentina do camisa 10 por excelência, que arma o jogo e chega para finalizar.

Houve um momento da partida em que Messi pegou tão pouco na bola que ficou quase na linha lateral direita do campo para conseguir receber passes.

Sampaoli não escondeu ter montado equipe com jogadores capazes de tirar o melhor de Messi. Ninguém foi capaz de auxiliar um astro que não costuma precisar de ajuda. Mas neste sábado, precisou. Com o placar em 1 a 1, ele perdeu o pênalti que poderia ter dado a vitória à sua seleção.

Foi o terceiro que desperdiçou com a camisa argentina. Dos últimos sete que bateu, perdeu três.

“Obviamente que dói ter perdido o pênalti, nos daria a vantagem. Com uma diferença como essa muda a partida. Há a amargura de não ter podido somar os três pontos. Merecíamos”, disse o atacante pressionado pela imprensa, enquanto o zagueiro Marcos Rojo, que quase entregou um gol no primeiro tempo, passava por trás dele para ir embora.

Mais do que isso, Lionel fitava o chão, parecia perdido em campo em Moscou.

Não indicava que seria assim quando Sergio Aguero fez seu primeiro gol em Mundiais para deixar sua equipe em vantagem. Era a redenção do melhor amigo de Messi no futebol. Depois da partida ninguém lembrava disso, já que a vantagem no placar durou cinco minutos. O tempo que Finnbogason levou para explorar a conhecida fragilidade defensiva do rival e empatar para a Islândia.

O plano de Sampaoli também naufragou em outras escolhas. Escalou Caballero como goleiro no lugar de Armani, o preferido da torcida (e da imprensa local). O eleito falhou no gol islandês.

O treinador colocou em campo Marcos Rojo, que não foi bem na zaga. Esperava-se a opção por Federico Fazio. Planejou ter o criativo Lo Celso ao lado de Mascherano como volante e na última semana decidiu mudar para o defensivo Biglia. A Argentina patinou na armação. Pensou em jogar pelo meio da defesa do rival com toques rápidos. Sua equipe passou boa parte do jogo cruzando bolas para o atacante de área que não estava em campo (Higuaín).

Mas nenhuma ideia foi tão furada quanto no uso do jogador que Sampaoli considera o melhor de todos os tempos, o seu camisa 10.

“Precisamos ter mais variações de jogada para poder incomodar mais a defesa do adversário. Tivemos uma partida muito incômoda. A Islândia se fechou”, explicou o técnico.

Também pelo pênalti perdido, mas não apenas por isso, a estreia da Argentina na Copa foi um anticlímax. Houve momento no segundo tempo que a torcida argentina, maioria no estádio, preferiu cantar o nome de Maradona, que estava em um dos camarotes passando nervoso e fumando um charuto dentro do estádio, o que é proibido pela Fifa.

Embora Messi, talvez para livrar a sua barra com a torcida, talvez para amenizar a situação de toda a seleção, tenha dito três vezes em quatro minutos de entrevista que a Argentina merecia ter vencido, a atuação dele e de sua equipe foi muito abaixo da expectativa criada para a que pode ser, em teoria, a última Copa do Mundo de um dos maiores da história.

Quem sabe tenha insistido nisso para ganhar tempo até que todos os colegas de elenco estivessem sãos e salvos no ônibus, longe das perguntas da imprensa.

“Eles não queriam jogar. Tentamos nos mover rápido em campo, mas não encontramos espaços. Este Mundial é muito parelho. Ninguém te dá nada”, constatou Lionel.

Às vezes dá. O árbitro polônes Szymon Marciniak marcou pênalti duvidoso sobre Tagliafico para Messi bater e começar a Copa de 2018 da mesma forma que aconteceu na de 2014: com gol. Mas Messi desperdiçou.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.