Descrição de chapéu Copa do Mundo

Artilheiro croata de 1998 vira cartola linha dura e hoje sofre fora de campo

Chefe da federação do país, Davor Suker fez seis gols no Mundial da França

Davor Suker, da Croácia, comemora seu gol marcado contra a Jamaica na Copa do Mundo de 1998, na França
Davor Suker, da Croácia, comemora seu gol marcado contra a Jamaica na Copa do Mundo de 1998, na França - Armando Franca - 15.jun.98/Associated Press
 
Fábio Aleixo
Sochi

Em 1998, a Croácia chegou à semifinal da Copa da França e acabou na terceira colocação, tendo como seu maior destaque Davor Suker. Com seis gols, não apenas liderou o time em seu primeiro Mundial, como também foi o artilheiro da competição.

Desbancou nomes como o brasileiro Ronaldo e o holandês Patrick Kluivert. Hoje, 20 anos depois, Suker, 50, se encontra de novo entre os quatro melhores da Copa. Desta vez, claro, não como jogador.

Ele é presidente da Federação Croata de Futebol (HNS, na sigla local). Ocupa o posto desde julho de 2012. Seu primeiro Mundial como cartola foi em 2014, quando a Croácia fracassou e nem passou da primeira fase, perdendo para Brasil e México e vencendo apenas os Camarões.

Na Rússia, tem acompanhado todos os passos do time. Após o triunfo sobre os anfitriões, nas quartas, no sábado (7), o ex-atacante não conseguia conter a alegria.

Passou pela zona mista e pacientemente atendeu a todos os pedidos de entrevista: em croata, inglês e espanhol, língua na qual ganhou fluência nos oito anos entre Sevilla e Real Madrid. “Estou muito feliz e orgulhoso deste time. Mostramos que a Croácia pode ser a surpresa, repetindo o que fizemos em 1998. Mas temos de ir jogo a jogo.”

A postura pós-classificação é bem diferente do que a adotada por diversas ocasiões no cargo. Em 2015, foi acusado pela Associação de Jornalistas Croatas (HND) de censurar a imprensa e fisicamente impedir jornalistas de desenvolverem seu trabalho.

Suker costuma se reunir com a equipe para almoços e jantares na concentração. Entretanto diz que não precisa passar palavras de motivação aos atletas. “Como presidente, não tem muito o que falar. Que motivação preciso dar em uma Copa? Como eu já disse há algumas semanas: vejo nos olhos dos atletas que eles estão preparados e com vontade de ir muito longe.”

“Ele é nosso presidente, e não o treinador. Então costuma falar bem pouco. Mas estamos conseguindo deixar ele feliz. Acho que é um dos presidentes de federação mais orgulhosos do mundo neste momento”, disse o zageiro Dejan Lovren, do Liverpool.

Suker se recorda com orgulho do feito de 1998, mas não quer que a equipe atual fique refém de questionamentos sobre aquela que tinha outros nomes de destaque, como Boban, Prosinecki, Jarni.

“Não importa o time de 98. Importa o de agora”, resumiu o ex-jogador, que afirmou passar nervoso a cada partida que acompanha do lado de fora.

“O bonito é estar em campo e poder decidir. No meu cargo, você não pode, precisa ficar de gravata sofrendo”, disse.

O próximo “sofrimento” de Suker será nesta quarta (11), quando sua seleção enfrentará a Inglaterra em Moscou na briga por uma vaga na final da Copa. “Gostaria que fosse a Inglaterra de antes. Esta tem muito mais fome e poderio e mantém os pés no chão. Não vai às nuvens tão fácil.”

Davor Suker (à esq.) ao lado de Gianni Infantino, presidente da Fifa
Davor Suker (à esq.) ao lado de Gianni Infantino, presidente da Fifa - Kirill Kudryavtsev - 7.jul.18/AFP

Integrante do programa de “Legends” da Fifa, um projeto que aproxima ex-atletas e treinadores da entidade, Suker coleciona polêmicas fora dos gramados desde que encerrou a carreira em 2003.

Em 2011, por exemplo, foi multado por roubar moedas antigas deixadas por um outro passageiro em um avião. Depois, de encontrá-las, em vez de devolver ao dono, decidiu dá-las para a sua namorada, que então tentou vendê-las.

Quando ainda era atleta, em 1996, posou ao lado de dois criminosos para uma foto ao lado da tumba do líder fascista croata Ante Pavelic.


Davor Suker, 50

Desde 2012 preside a Federação Croata de Futebol. Como jogador, o ex-atacante teve passagens pelos clubes espanhóis Sevilla e Real Madrid e pelo inglês Arsenal, entre outros. No Real, foi campeão da Liga dos Campeões em 1998

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