Descrição de chapéu Copa do Mundo

Atacante russo já jogou por vingança e agora presta continência para técnico

Artiom Dziuba, 29, é uma das armas russas para duelo contra os croatas

Fábio Aleixo
Sochi

Artilheiro da Rússia na Copa com três gols ao lado do meia Denis Tcherishev, o atacante Artiom Dziuba, 29, passou parte da última temporada no modesto e quase desconhecido Arsenal de Tula, cidade a 200 km de Moscou.

E qual o motivo de jogar em uma equipe que jamais teve pretensão de título e acabou apenas na sétima posição do Campeonato Russo? Resposta: o técnico Roberto Mancini.

O italiano, que atualmente comanda a seleção de seu país, dirigia o Zenit e não queria Dziuba na equipe de nenhuma maneira e lhe dava poucas chances, mais ou menos como aconteceu com o meia brasileiro Giuliano, que acabou indo ao Fenerbachçe (TUR).

O atacante demonstrou sua insatisfação, e a direção do poderoso clube de São Petersburgo se viu obrigada a emprestá-lo. Mandou Dziuba para o Arsenal de Tula.

O jogador de 1,96m rapidamente se adaptou ao novo clube e já perto do fim do campeonato teve uma chance de revanche pessoal contra Mancini. A tabela reservou para a 27ª de 30 rodadas o duelo entre Arsenal e Zenit, em Tula.

Como estava emprestado, Dziuba só poderia enfrentar a sua ex-equipe caso fosse paga uma multa de 150 mil euros (R$ 690 mil). Sabendo que o clube teria dificuldade para arcar com todo o valor, o atacante se prontificou a pagar metade. E, para ele, o investimento valeu a pena.

Aos 43 minutos do segundo tempo, Dziuba marcou o gol que acabou decretando o empate em 3 a 3. Na comemoração, primeiro foi abraçar os companheiros. Na sequência, passou em frente a Mancini e apontou para seu nome na camiseta. A torcida do Arsenal delirou. A vingança estava consumada.

Sua atuação nesta partida aliada ao que fez nos outros jogos foram fundamentais para a sua convocação pelo técnico Stanislav Tchertchesov, em uma posição em que a Rússia ainda é carente.

Além de Fiodor Smolov, que começou a Copa como titular e acabou perdendo espaço para o próprio Dziuba, o outro centroavante que estava sendo chamado para a seleção e praticamente tinha vaga cativa era Aleksander Kokorin, do Zenit. Porém, durante jogo da Liga Europa em março, rompeu os ligamentos do joelho direito e precisou passar por uma cirurgia da qual ainda se recupera.

Dziuba, nos quatro jogos da Rússia no Mundial, só não marcou contra o Uruguai. Fez um gol contra a Arábia Saudita, um contra o Egito e o último contra a Espanha, em pênalti cometido por Piqué.

Dziuba celebrou estes dois últimos prestando continência. Mas isso nada tem a ver com as Forças Armadas. É um gesto para Tchertchesov.

Ele surgiu após o tento anotado contra os sauditas, quando entrou ao longo da segunda etapa. Dziuba correu em direção ao treinador e mostrou que seu lugar era no campo e não no banco. Recebeu a continência de Tchertchesov e agora a transformou em uma marca registrada. E espera repeti-la neste sábado.

“Estamos felizes com o nível dele [Dziuba]. Se ele não estivesse no nível, não o teríamos chamado. Ele tem ajudado a cumprir a missão. Dziuba nos faz mais forte”, disse Tchertchesov.

Ao término da Copa, Dziuba voltará ao Zenit, agora sob o comando de Serguei Semak.

Unay Emery, atual treinador do Arsenal e que dirigiu o PSG na última temporada, já teve problemas com Dziuba. Isso quando dirigia o Spartak Moscou, em 2012.

Naquele ano, após uma derrota para o rival Dínamo de Moscou, chamou o espanhol de “trenerishka”. Algo como treinadorzinho, em um tom perjorativo. No dia seguinte Emery teve sua demissão anunciada, mas Dziuba foi duramente criticado pelo tom desrespeitoso e muitos o chamaram de “igrochiska”: jogadorzinho, em português.

Quando Fabio Capello foi treinador da seleção da Rússia (2012 a 2015) foi criticado por Dziuba “por entender pouco de futebol russo”.

Por causa do mal relacionamento, acabou sendo deixado fora da seleção para a disputa do Mundial de 2014. 

Artem Dziuba, 29

Natural de Moscou, o atacante autor de três gols russos nesta Copa joga no Zenit de São Petersburgo, com passagens pelo Spartak Moscou, Rostov e Tom Tomsk, clube da região da Sibéria

Rússia x Croácia

Sábado (7), 15h, no estádio Olímpico Fishnt

Na TV: Globo, Sportv e Fox Sports

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