Descrição de chapéu Copa do Mundo

Banido, cartola amigo de Putin segue influente na Copa do Mundo da Rússia

Vitali Mutko foi banido do esporte pelo COI após o escândalo estatal de doping

Fábio Aleixo
Sochi

Vice-primeiro-ministro da Rússia e ministro do Esporte entre 2012 e 2016, Vitali Mutko, 59, teve papel fundamental para fazer o país ser escolhido sede da Copa do Mundo.

Aliado e amigo de Vladimir Putin --ambos iniciaram suas carreiras políticas em São Petersburgo--, foi o presidente do Comitê de Candidatura e fez o discurso pedindo votos antes da eleição, em 2010.

Depois, virou o presidente do COL (Comitê Organizador Local) da Copa-2018.

Mas veio à tona o escândalo de doping estatal no país durante a época em que era ministro, e Mutko acabou em desgraça, ao menos para a comunidade internacional, que já o via com um personagem caricato por causa da dificuldade em falar inglês.

Pouco a pouco, foi perdendo sua influência no esporte e postos importantes.

Em dezembro, foi banido por toda a vida do esporte pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Ainda tenta na CAS (Corte Arbitral do Esporte) reverter a decisão.

Poucos dias depois, renunciou à presidência da União Russa de Futebol (RFS, na sigla local). Na sequência, abriu mão do posto de chefe do COL.

Foi também retirado do quadro da entidade para não causar ainda mais desconforto para a Rússia.

Mas isso não diminuiu suas aparições em eventos relacionados à Copa.

Representante do governo para construções e desenvolvimento regional, marcou presença na vistoria e na inauguração de vários estádios.

E, com Putin, Mutko segue influente. Em junho, no programa televisivo Linha Direta com Vladimir Putin, na qual recebe perguntas de cidadãos e políticos de todo o país, o presidente elogiou o colega e disse que não havia motivos para tirá-lo do governo.

"Ele fez muito na esfera da cultura física e esportiva do nosso país. E os estádios da Copa de 2018? Há muito do trabalho de Mutko neles. Não tomo decisões baseado em emoção, mas sim em realidade", afirmou Putin.

O COL, porém, faz questão de reafirmar sua distância em relação a Mutko.

 

"Ele não faz mais parte da organização. Sua única relação com a Copa é por ser o presidente do comitê de execução do programa de infraestrutura para o torneio", disse à entidade em nota à Folha.

Por isso mesmo, já visitou todas as cidades-sede durante o Mundial.

Quando o assunto é futebol, Mutko também quer ficar nos holofotes.

Em 18 de maio, data do início da preparação da seleção russa para o Mundial e que foi acompanhada pela Folha, lá estava ele ao lado de Aleksandr Alaiev, presidente em exercício da RFS. Cumprimentou um a um aos jogadores e o técnico Stanislav Tchertchesov.

E não foi Alaiev o procurado pelos jornalistas russos. Foi Mutko, que passou mais de 20 minutos dando entrevista e palpites sobre a seleção.

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