Veto a feijoada e certa tolerância ao churrasco. Essa é a diretriz da equipe médica do Brasil para o cardápio dos jogadores durante a Copa.
Segundo a médica e nutróloga da seleção, Andréia Picanço, 35, o maior desafio foi tentar levar diversidade para as refeições dos jogadores no Mundial, para que ninguém enjoe das opções.
Da culinária típica brasileira, a CBF conseguiu autorização do governo russo e levou do Rio de Janeiro quilos de feijão e de farinha de mandioca, para preparar a farofa.
"Feijoada, não. Churrasco, talvez. Vamos ver um dia que a gente consiga fazer algo assim, porque é bom, eles sentem falta. Se a gente faz um churrasco com arroz e feijão, acaba não sendo tão diferente", afirmou a nutróloga.
No começo do mês, na preparação em Londres, o time teve um dia de churrasco quando estava no centro de treinamento do Tottenham.
Vetada agora, a feijoada já foi pivô de polêmicas na seleção. Em 1994, provocou a demissão da então nutricionista da CBF, Patrícia Bertolucci.
Ela abandonou a equipe dizendo estar inconformada com a resistência aos seus planos. À época, foram estocados em Teresópolis, onde a seleção fazia a preparação para viajar aos Estados Unidos, cerca de 100 kg de paio, carne-seca e toucinho, para serem feitos com feijão.
Ricardo Teixeira, então presidente da confederação, fez piada com o assunto: "Quando houver feijoada na Copa, me chamem que eu vou comer".
A seleção tem pelo menos cinco refeições diárias --aumenta ou diminui nos dias de jogos. Batata frita também ficou de fora, e doces são raros.
Segundo Picanço, há sempre três proteínas à disposição dos jogadores: carne vermelha, frango e peixe. Em Sochi (pronuncia-se Sôtchi), base da seleção na Rússia, o menu contou em um dia, por exemplo, com as opções de filé-mignon, frango assado e peixe grelhado. No almoço seguinte, rosbife, tilápia recheada e frango grelhado.
De sobremesa, frutas vermelhas, gelatina e, de vez em quando, um doce, como pudim, chocolate amargo ou meio amargo. "Às vezes é importante para evitar monotonia", diz Picanço.
Além do chef Jaime Maciel, que acompanha a seleção há mais de 20 anos, a delegação brasileira contratou um reforço para a Copa: o chef Jodeval Bezerra, que mora há dois anos na Rússia.
Mais do que bom cozinheiro, John, como é chamado pelos colegas, tem sido fundamental para ajudar a superar a dificuldade do idioma.
"Ele trabalha na Rússia há bastante tempo e fala russo. Está ajudando muito na comunicação. Em Rostov [onde a seleção jogou contra a Costa Rica], quase ninguém falava inglês na cozinha, e ele nos ajudou muito com isso", disse a nutróloga.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.