Descrição de chapéu Copa do Mundo Falando Russo

Falando russo: 'suprematismo' trouxe pintura mais cara da Rússia; conheça

Obra foi arrematada por US$ 85,8 milhões (R$ 330 milhões)

Suprematismo foi um dos inúmeros "ismos" que floresceram nas artes russas do começo do século 20. Em todos os campos de criação artística, a efervescência foi tão intensa que esse período costuma ser designado como Era de Prata.

Um dos eventos icônicos foi a ópera "Vitória sobre o sol", de 1910, com música de Mikhail Matiúchin (1861-1934), libreto em linguagem "transmental" (em russo, zaum) de Aleksei Krutchônikh (1866-1968), prólogo do poeta Velimir Khlébnikov (1885-1922) e cenografia do pintor Kazimir Malévitch (1879-1935).
Derrotado o sol, só sobravam as trevas: com base nessa experiência, Malévitch exibiria, em 1915, na "Última Exibição de Pinturas Futuristas 0,10" um quadro que se tornaria icônico --o "Quadrado Negro", tido como derradeira fronteira do abstracionismo.

Estava fundado o suprematismo, que Malévitch definia como o "primado supremo do sentimento puro na arte criativa". Ele se traduzia no jogo de formas geométricas abstratas. "Sempre cobram da arte que seja compreensível, mas nunca cobram de si mesmos ajeitar a própria cabeça para a compreensão", escreveria o pintor.

Stálin e seus asseclas não se revelaram nada dispostos a ajeitar suas cabeças para a compreensão de Malévitch e, com a transformação do realismo socialista em diretriz estética da URSS, em 1930, o suprematismo teve o mesmo destino de outras tendências artísticas radicais: o ostracismo.

Um século depois, contudo, a arte de Malévitch está valorizada como nunca. Em maio, sua "Composição Suprematista", de 1916, foi arrematada por US$ 85,8 milhões (R$ 330 milhões) no leilão da Christie's, em Nova York, tornando-se a pintura russa mais cara de todos os tempos.

Pintura tem quadrados coloridos espalhados
Obra "Composição Suprematista" (1916), de Kazimir Malévitch - Wikimedia Commons

Irineu Franco Perpetuo

Jornalista e tradutor brasileiro.

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