Descrição de chapéu Copa do Mundo

Finalistas, França e Croácia já têm resultados bem acima das expectativas

Metodologia considera o tamanho dos países e a riqueza para identificar potencial da seleção

Fábio Takahashi Leonardo Diegues
São Paulo

Croácia, França, Bélgica e Colômbia podem se orgulhar por terem chegado mais longe do que se esperaria desses países nesta Copa. Alemanha, Austrália e Brasil ficaram abaixo da expectativa.

As conclusões têm como base análise feita pela Folha do potencial de cada seleção para este Mundial, considerando o tamanho dos países, seu grau de desenvolvimento e experiência prévia no futebol.

É uma adaptação de metodologia apresentada no livro "Soccernomics", best seller mundial. Os autores identificaram que países com grande população, alto desenvolvimento e com maior experiência nos gramados tendem a ter mais chances de formarem melhores seleções.

Com base nesses indicadores, a reportagem determinou a posição esperada para cada país no torneio, calculando uma média entre eles.

O Brasil, que tem a maior população entre as 32 seleções, bom histórico em jogos e o 25º melhor desenvolvimento humano, aparecia como a seleção com o maior potencial de ganhar o Mundial.

Eliminado nas quartas de final, o país ficou na 6ª posição do torneio, cinco posições abaixo do seu potencial.

A finalista Croácia é um dos melhores exemplos de países que conseguiram ter resultado acima do esperado.

Tem desenvolvimento mediano e o 11º melhor histórico no futebol (que considera o saldo de gols em todas as partidas e número de jogos disputados). O que chama a atenção é o quão pequena é sua população. É o 4º menor país no Mundial.

Com esses indicadores, esperava-se que o time ficasse na 20ª posição. Chegou à final, ao menos 18 posições acima do esperado. Se for campeã, serão 19 colocações.

A França também está acima do esperado. Vai ficar ao menos em 2º. Potencialmente, seria apenas a 11ª.

Em termos proporcionais, a Croácia é o país com a menor população que já chegou a uma decisão da Copa.

O país europeu possui 0,06% da população mundial. O Uruguai, finalista em 1930, tinha 0,08%, segundo estimativas das Nações Unidas (não há dados precisos para a época).

Em termos absolutos, o Uruguai dos anos 1930 era menor do que a Croácia atual (1,7 milhão de habitantes e 4,2 milhões, respectivamente).

 

A seleção que teve o desempenho mais abaixo do esperado neste Mundial na Rússia foi a Alemanha, a atual campeã.

Sétima maior população, terceiro melhor índice de desenvolvimento e primeiro no histórico dos jogos, a então campeão poderia chegar em segundo na Rússia, segundo a metodologia da Folha.

Eliminada na primeira fase, deve ficar apenas em 22º ao fim do Mundial.

A equipe que ficou mais acima da expectativa foi a Colômbia. Poderia chegar em 30º, mas alcançou o 9º posto.

Os autores do livro "Soccernomics", Simon Kuper e Stefan Szymanski, dizem na obra que há alguns elementos que podem aumentar o desempenho das seleções.

Um deles é a experiência internacional que os jogadores estão expostos. Por exemplo: em quantas ligas competitivas esses atletas atuam.

No time da Croácia, por exemplo, o goleiro titular Subasic é do Monaco (França). Há meio campistas dos espanhóis Real Madrid (Modric) e Barcelona (Rakitic). O atacante Mandzukic é da Juventus (Itália).

Há também a possibilidade de a experiência internacional vir por meio de técnico estrangeiro. No período analisado pelo livro, a Inglaterra teve o melhor desempenho quando seu treinador foi italiano (Fabio Capello) e sueco (Sven-Goran Eriksson).

Para os autores, essa mistura de experiências faz o time ficar mais bem preparado para as diversas dificuldades que apresenta um jogo de futebol, especialmente na Copa.

Eles ressaltam, porém, que um fator tem também de ser bem considerado: sorte.

"Uma vez que você está na Copa, a diferença entre ir embora para a casa na primeira fase ou chegar à semifinal pode ser questão de centímetros aqui e ali em alguns chutes."

O Brasil, com população grande e jogadores que atuam nas principais ligas europeias, talvez seja um exemplo. O zagueiro Thiago Silva acertou a trave belga quando o jogo das quartas ainda estava 0 a 0. Por centímetros, a seleção não saiu na frente e poderia ter tido futuro diferente.

 
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