Descrição de chapéu Copa do Mundo

Frio, goleiro russo supera traumas, vira herói e tem nome cantado por rivais

Igor Akinfeev, 32, falhou na primeira rodada da Copa de 2014 e foi criticado

Igor Akinfeev durante treino da seleção russa
Igor Akinfeev durante treino da seleção russa - Alexander Nemenov/AFP
Fábio Aleixo
Moscou

Igor Akinfeev, 32, é um jogador frio e de poucas palavras. Após ser eleito o melhor em campo contra a Espanha, pegando dois pênaltis na classificação para as quartas de final, falou duas frases e foi para o exame antidoping.

Em entrevista coletiva no CT da Rússia na terça-feira (3) deu respostas curtas e não esteve à frente da câmera por mais de cinco minutos.

Em seu clube, o CSKA Moscou, praticamente nunca fala após os jogos. Nem sequer se dá ao trabalho de passar pela zona mista.

E é esta frieza que talvez seja a maior fortaleza do experiente goleiro. Frieza para superar falhas e seguir como o capitão da seleção e com confiança inabalável.

Em 2014, levou um frango na primeira rodada da Copa em empate em 1 a 1 com a Coreia do Sul na estreia e foi muito criticado. Voltou para casa dois jogos depois criticado e como vilão da eliminação na primeira fase. No ano passado uma nova falha em derrota para o México por 2 a 1 custou a vaga na semifinal da Copa das Confederações.

Mais uma vez uma chuva de críticas e a pergunta se ele deveria seguir como titular da equipe, posto que ocupa desde 2005 praticamente de forma ininterrupta, com exceção da Eurocopa de 2012, quando foi reserva de Malafeev. Sua estreia foi em 2004. O técnico Stanislav Tchertchesov, que é ex-goleiro, nem deu ouvidos e manteve Akinfeev intocável.

E nesta Copa, o goleiro tem dado a resposta em campo, com boas atuações.

A mais destacada, claro, contra os espanhóis, quando fez nove defesas, segundo estatística da Fifa e foi o destaque nos pênaltis.

O status de herói russo rendeu música nos estádios e nas ruas, memes, homenagens e até posts em redes sociais de torcedores do Spartak Moscou, maior rival do CSKA na atualidade e que odeiam o goleiro que em sua carreira só defendeu a equipe do Exército. Isso desde 2003. Neste período venceu por seis vezes o Campeonato Russo e uma vez a Copa da Uefa, o título mais importante do clube em um time que contava também com Vágner Love e Daniel Carvalho.

"O dia em que os torcedores do Spartak amam Akinfeev", escreveu o site esportivo Chempionat, o principal da Rússia.

"É bom, bom que gritam [meu nome]. Todos queríamos que o país estivesse em festa", respondeu de maneira seca o goleiro a ser questionado sobre isso.

A frieza se deu até a comentar o feito histórico contra a Espanha, que deixou o país enlouquecido e levou milhares de pessoas às ruas.

"Fizemos a festa a noite toda, mas já é história. Temos de escrever uma nova história. Agora é treino e treino", disse Akinfeev já prevendo o jogo das quartas de final contra a Croácia, no próximo sábado (7), em Sochi.Nem mesmo o status de herói, Akinfeev quer aceitar. Sabe que a vida de goleiro muda rapidamente. Tanto que creditou à sorte os dois pênaltis defendidos.

"Não treinei. Se você for ver uma das bolas pegou no meu pé", disse.

Líder da seleção, Akinfeev é exaltado por todos os companheiros.

Dos atletas que defendem a Rússia na Copa um dos que mais tem proximidade com ele é o lateral-direito Mário Fernandes, seu companheiro de CSKA há seis anos.

"É um grande goleiro. Para mim não só está entre os melhores da Rússia como também entre os melhores do mundo", elogiou o brasileiro naturalizado russo.

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