Com o time que não conseguia sair jogando e era pressionado pelo México, Tite decidiu mudar. A alteração não foi de nomes, e sim no esquema. Trocou o seu preferido 4-1-4-1 para adotar o plano B, o tradicional 4-4-2.
Recuou Paulinho, que ficou mais próximo de Casemiro, e deixou Willian e Philippe Coutinho como meias abertos. Neymar teve liberdade para atuar avançado, mais próximo de Gabriel Jesus.
A mudança, aos 25 minutos da etapa inicial, quando o Brasil era ameaçado pelo adversário, deu resultado.
Com gols de Neymar e Roberto Firmino, ambos no segundo tempo, a seleção brasileira venceu o México por 2 a 0 na Arena Samara, nesta segunda-feira (2).
A alteração na forma de jogar fez Neymar e Willian mudarem em campo e se destacarem. Os dois deixaram de atuar mais pelas pontas.
Willian, por exemplo, somando as três partidas da fase de grupos com o primeiro tempo em Samara, concentrava 64% dos seus toques na bola no campo de ataque no lado direito. No segundo tempo do jogo contra o México, esse percentual caiu para 48%.
O que se viu foi um jogador mais centralizado e que ajudava mais na defesa.
O que não o impediu de criar a jogada que abriu o placar, aos 6 min do segundo tempo. No lance, avançou pela esquerda e chutou. Neymar se jogou e tocou a bola para o gol.
O camisa 10 é o artilheiro da seleção brasileira na Copa do Mundo ao lado de Philippe Coutinho. Eles fizeram dois gols em quatro jogos até agora no torneio da Rússia.
Foi a quinta partida do ex-santista desde que voltou da cirurgia que fez no pé direito, em março, e o deixou por mais de dois meses sem atuar.
Nesta segunda, Neymar foi decisivo para a classificação, repetindo o protagonismo de seus colegas de PSG, o francês Mbappé e o uruguaio Cavani, que também marcaram na última rodada e se classificaram para as quartas de final.
Se não chegou a atuar como um centroavante, o camisa 10 da seleção ao menos esteve mais livre e centralizado após a mudança de Tite.
Neymar passou a circular mais pelo ataque na etapa final contra os mexicanos. Até então, 47% dos seus toques ofensivos na bola eram no lado esquerdo. O percentual caiu para 35% no segundo tempo. Em 65% das vezes em que tocou na bola, esteve centralizado no ataque.
Neymar e Gabriel Jesus se alternavam como o atacante mais centralizado. No segundo tempo, o ex-palmeirense foi para a ponta ajudar Filipe Luís a marcar enquanto o atacante do PSG ia para o meio atuar mais próximo de Philippe Coutinho.
Numa dessas movimentações, o Brasil fez o segundo gol com Roberto Firmino, aos 43 min do segundo tempo.
Sem ainda ter marcado no Mundial, Jesus foi elogiado novamente por Tite, que o chamou de "trator" pela sua força física e ajudar na marcação dos adversários. Ele ficou em campo até o final.
Satisfeito com o time, o treinador só mexeu nos titulares nos minutos finais. A primeira substituição aconteceu aos 35 minutos do segundo tempo, quando Fernandinho entrou no lugar de Paulinho.
Em seguida, tirou Coutinho e colocou Firmino. Nos acréscimos, Marquinhos entrou na vaga de Willian.
"O importante é que temos condições de mexer as peças e manter a seleção brasileira em alto nível", afirmou Tite.
Após a vitória, o técnico descartou o favoritismo da equipe na Copa. As campeãs Alemanha, Espanha e Argentina já foram eliminadas.
"O nível que atingimos é para as quartas [de final da Copa do Mundo]. Temos que consolidar e crescer. Não me pego ao favoritismo. Está tudo aberto ainda", afirmou Tite.
O Brasil retorna para Sochi (pronuncia-se Sôtchi), onde treina para o jogo decisivo contra a Bélgica, na sexta-feira (6). A partida pelas quartas de final será em Kazan.
Para o próximo jogo, o Brasil não terá o volante Casemiro. Ele levou o segundo amarelo no torneio e terá que cumprir suspensão automática.
Fernandinho é o mais cotado para substituí-lo.
O lateral Marcelo, que se recupera de dores nas costas, é dúvida para a partida das quartas de final. Ele deixou o campo no primeiro tempo da partida contra a Sérvia, a última da fase de grupos do Brasil no Mundial.
Colaborou Daniel Mariani
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