Há quase dois anos no comando da seleção brasileira, Tite já utilizou várias expressões que ficaram marcadas, mas uma delas retrata bem o que ele espera encontrar a partir de agora na Copa do Mundo: “Saber sofrer”.
O treinador está preparando os jogadores para suportar a pressão do adversário na fase do mata-mata, quando uma falha pode eliminar o time do Mundial da Rússia.
Nesta segunda-feira (2), o Brasil enfrenta o México, às 11h, em Samara, pelas oitavas de final. Se terminar empatada, a partida será definida na prorrogação ou nos pênaltis.
Além de ensaiar o setor ofensivo, Tite e integrantes da comissão técnica conversam com os atletas para que entendam e consigam superar a pressão do adversário sem afobação nem desespero.
A estratégia é manter a compactação entre as linhas defensivas e do meio de campo e saber explorar a velocidade do quarteto ofensivo, formado até agora por Neymar, Coutinho, Willian e Gabriel Jesus.
Até o chamado antijogo é avaliado de forma positiva.
Contra a Sérvia, por exemplo, o goleiro Alisson ficou caído no gramado para receber atendimento médico quando o rival mais pressionava para buscar o empate.
Na ocasião, os sérvios criaram duas boas chances de gol, sendo que numa delas o zagueiro Thiago Silva afastou na pequena área.
“[Em] determinados momentos temos dificuldades. Contra a Sérvia, sofremos, a equipe soube sofrer quando foi atacada. Isso é Copa do Mundo. Do outro lado tem adversário com qualidade. Quando sofremos, soubemos ficar concentrados. Tem que saber sofrer”, disse Thiago Silva após a vitória.
A seleção viveu outros momentos assim durante o Mundial e nos amistosos preparatórios. Contra a Croácia, a equipe de Tite controlou o ímpeto do rival no início da partida, quando pressionou a saída de bola e dificultou a criação de jogadas do Brasil.
Diante da Áustria, a pressão começou no início do segundo tempo, quando a seleção vencia por 1 a 0. O time recuou as linhas e apostou no contra-ataque para vencer com facilidade, por 3 a 0.
A estratégia contra a Suíça não deu certo porque o Brasil sofreu um gol logo no início do segundo tempo em um lance de bola parada. Até então, o jogo estava controlado.
“Haverá momentos na partida em que estaremos na adversidade. Precisamos entender isso e suportar. A gente explica que é Copa do Mundo, parceiro. A margem de erro é muito pequena”, afirmou Tite. Ele sempre cita que está há dois anos no comando da seleção e que ainda vê a equipe na busca por equilíbrio.
Quando conquistou os dois principais títulos da sua carreira, a Libertadores e o Mundial de Clubes com o Corinthians, em 2012, o treinador montou uma defesa sólida.
Na campanha da Libertadores, quando começou o mata-mata, o Corinthians de Tite mostrou essa virtude. Nas oitavas de final, empatou com o Emelec, por 0 a 0, e venceu o jogo de volta, por 3 a 0.
Nas quartas, diante do Vasco, novo empate na primeira partida e vitória difícil por 1 a 0. Na semifinal, contra o Santos, ganhou o primeiro jogo por 1 a 0, fora de casa, e empatou a partida de volta por 1 a 1.
Na decisão, diante do Boca, o time soube segurar a pressão do adversário e empatou em 1 a 1, em Buenos Aires. Na volta contra os argentinos, o Corinthians venceu por 2 a 0.
No Mundial, venceu duas partidas por 1 a 0. O gol do título contra o Chelsea foi marcado aos 24 minutos do segundo tempo, após suportar a pressão adversária.
Há uma semana, Tite deu como exemplo de organização a vitória da Alemanha sobre a Suécia por 2 a 1.
A atual campeã manteve o padrão e o controle emocional até o final, mesmo com risco de eliminação, e foi premiada com um gol nos acréscimos.
Na oportunidade, citava o tempo de trabalho do técnico Joachim Löw, que está no comando da equipe desde 2006. “O que eu trago para o Brasil é essa consolidação e crescimento, a equipe se forma campeã. É confirmar e crescer, mas o grau de dificuldade exige, o aspecto emocional é bastante forte”, explicou.
A Alemanha, porém, não mostrou o mesmo equilíbrio emocional na última rodada. Perdeu para a Coreia do Sul por 2 a 0 e foi eliminada.
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