Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Em crise financeira e ameaçado na Libertadores, Santos vive caos político

Presidente pode ter impeachment votado pelo Conselho Deliberativo do clube

O presidente do Santos, José Carlos Peres
O presidente do Santos, José Carlos Peres - Ivan Storti - 19.abr.18/Santos FC
Alex Sabino
São Paulo

Enquanto os votos eram somados, ficava claro que apenas um nome poderia derrotar o presidente Modesto Roma Júnior. Pessoas de outras chapas iam para o lado de José Carlos Peres, o oposicionista com chances de vencer, comemorar o resultado.

"Foi bonito. Tenho de me segurar para não chorar", disse ele à Folha após ser eleito, em dezembro de 2017.

Ganhador com o discurso de união de todos os santistas, Peres tem uma semana decisiva para permanecer no cargo nove meses após ser eleito.

Na segunda (27), a Conmebol pode anunciar se o Santos será punido por erro administrativo que liberou a escalação do volante Carlos Sanchez contra o Independiente (ARG), nas oitavas de final da Libertadores. Se for condenado, o empate em 0 a 0 se transformará em derrota por 3 a 0.

No dia seguinte, acontece a partida de volta, no Pacaembu, que define o destino do time no torneio e que também pode ditar o humor no clube.

Carlos Sanchez caído no gramado na partida de ida contra o Independiente
Carlos Sanchez na partida de ida contra o Independiente - Juan Mabromata - 21.ago.18/AFP

Na quinta (30), o Conselho Deliberativo se reúne. Uma liminar que barrava a votação do impeachment do presidente foi cassada nesta sexta (24), mas ainda não se sabe se a questão será debatida.

A votação seria o ápice de oito meses de caos político que o Santos vive neste ano.

Peres é acusado de ser sócio de empresas que têm entre as finalidades o agenciamento de jogadores. Isso infringe o estatuto social do clube. "É processo político contínuo às eleições. Não houve dolo, não há provas de nenhum malfeito na minha gestão. As argumentações em prol do impeachment são frágeis", ele diz.

É a terceira vez que a oposição tenta tirá-lo do cargo, o que lhe dá munição para bater na tecla que o processo é político. Mas até seus aliados reconhecem que Peres traiu a promessa sob a qual foi eleito: a de unir os santistas.

"Eu fui eleito. Quem manda sou eu", foi a frase que repetiu várias vezes desde o início do ano quando alguma proposta que o desagradou surgiu.

 

O problema é que o estatuto do Santos prega uma administração colegiada. As decisões cabem a nove integrantes do comitê de gestão.

Ex-membros do que é chamado de "CG" reclamaram à Folha do papel centralizador de Peres até para assuntos banais, como a escolha do chefe de delegação em viagens. Também se queixam das constantes mudanças de opinião do mandatário e de seu problema para cumprir horários.

"Não posso admitir um clube paralisado por disputas de poder no CG. Não é razoável quererem governar o clube sem terem vencido nas urnas e sem comprometimento: a responsabilidade final é do presidente", diz o mandatário.

Nos últimos meses, o CG perdeu Andres Rueda, Hannie Issa e Urubatan Helou. Este último foi um dos financiadores da campanha de Peres, que custou cerca de R$ 500 mil.

Conselheiros questionam negociação para contratar o equatoriano Porozo, 17. O preço por 100% dos direitos do zagueiro era US$ 350 mil (R$ 1,4 milhão). A negociação foi fechada em 350 mil euros (R$ 1,6 milhão), mas por 50% .

Rueda disse em reunião do Conselho Deliberativo ter se retirado do CG também por causa da troca de Zeca por Sasha com o Internacional. Afirmou que Peres havia comunicado que trocaria com o clube gaúcho 50% dos direitos dos atletas, sem custos adicionais. Depois foram pagos R$ 1,5 milhão de luva para Sasha e cerca de R$ 1 milhão aos agentes.

"A negociação do Porozo foi formalizada num pré-contrato de forma equivocada e contrária aos interesses do clube. O fato foi corrigido, e os responsáveis pelo erro, demitidos. No caso da troca Zeca-Sasha, as bases foram sim apresentadas ao CG, existiram apenas ajustes normais de negociação para ser finalizada", afirma Peres.

Com o clube vivendo problemas de caixa e precisando de R$ 100 milhões para despesas correntes, Peres diz a aliados não estar preocupado com o impeachment, por mais que seja uma ameaça real. Nove meses após a eleição, diz ter orgulho de não conseguir unir os santistas, como prometeu.

"Não estou cumprindo e talvez isso seja motivo de orgulho, porque vou contra supostos santistas cujos interesses pessoais, de poder e paroquiais são maiores que seus esforços e contribuições para a instituição. Desta forma, é impossível unir".

Com Vila cheia, Cuca pode poupar titulares em jogo contra o Bahia

O Santos anunciou que todos os ingressos foram vendidos para a partida contra o Bahia, às 16h deste sábado (25), pelo Campeonato Brasileiro (transmissão por pay-per-view). A carga total é de 16 mil, mas 4,5 mil que pertencem a donos de cadeiras cativas não são negociados.

Cuca não revelou se pretende poupar titulares por causa da partida de terça (28), contra o Independiente (ARG), pelas oitavas de final da Libertadores. Victor Ferraz e Alison, suspensos, não jogam.

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