Estádio do Aberto dos EUA fica mais barulhento, para o bem e para o mal

Reformado, tradicional Louis Armstrong divide opiniões no mundo do tênis

Cindy Shmerler
Nova York | The New York Times

O público estava ficando impaciente, no Estádio Louis Armstrong, e Andy Murry também. Murray, campeão do Aberto de Tênis dos Estados Unidos em 2012, tinha acabado de fechar o terceiro set e estava vencendo James Duckworth por dois sets a um, quando Duckworth saiu da quadra para ir ao banheiro.

Em lugar de ficar descansando na lateral, Murray caminhou na direção do fundo da quadra, quicando uma bola contra as cordas da raquete. Enquanto isso, os torcedores esperavam em fila para pedir comidas e bebidas nas barracas próximas, discutindo em voz alta a inesperada derrota de Simona Halep, a cabeça de chave número um do torneio, diante de Kaia Kanepi, na primeira partida disputada no Armstrong, duas horas antes. Eles estavam posicionados ao longo da grade que delimita as arquibancadas do nível inferior. E toda essa ruidosa ação continuou, quando o jogo foi reiniciado no quarto set.

O velho estádio Armstrong era o mais tradicional dos espaços do tênis, um ambiente íntimo que dava aos torcedores a sensação de estarem sentados sobre a quadra. Na segunda-feira, torcedores e jogadores encontraram ao menos uma versão dessa intimidade, exatamente o que esperavam para o novo estádio; também receberam a brisa pela qual estavam rezando no calor sufocante da tarde; e em algumas áreas havia até sombra, criada por determinadas porções da cobertura retrátil (o velho estádio Armstrong oferecia pouca proteção contra o sol).

O que os dirigentes da Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA) não esperavam, porém, era o constante zumbido de pessoas pedindo comida, no estádio a céu aberto, e depois se acomodando para comer em mesas protegidas por guarda-sóis e bem próximas da quadra, no setor de alimentação, disse Lisa Kimball, de Outer Banks, Carolina do Norte, que estava assistindo pela primeira vez a uma partida do Aberto de Tênis dos Estados Unidos, em companhia do marido Allen.

Os dois decidiram trocar seus lugares na arquibancada superior do Estádio Arthur Ashe e assistir de mais perto aos jogos, no Armstrong.

Sloane Stephens, que jogou na terceira partida realizada no Armstrong segunda-feira, também usou o termo "barulhenta" repetidas vezes, para descrever a atmosfera.

Mas Allen Kimball percebeu que a arquibancada superior do Armstrong, longe da área de alimentação, era muito mais silenciosa.

Danny Zausner, vice-presidente de operações do Centro Nacional de Tênis Billie Jean King, da USTA, e supervisor da construção do estádio, disse acreditar que o problema do barulho fosse temporário.

"Também passamos por isso na primeira semana do Ashe, com a presença de torcedores mais casuais de tênis, que se movimentam muito", ele disse. "Quando começou a segunda semana do torneio, o silêncio era tamanho que era possível ouvir um alfinete cair".

Zausner disse que se o ruído incomodar os jogadores, ele considerará limitar o acesso à área adjacente às barracas de comida a pessoas que tenham ingressos para ela.

Os dirigentes da USTA não estavam preparados para o caos que surgiu quando os torcedores que estavam saindo do jogo de Halep se chocaram nas escadas com os torcedores que estavam chegando para o jogo de Murray. Zausner viu a superlotação das escadas no intervalo entre os jogos, e tomou nota.

"É como se estivéssemos conduzindo um teste por fúria", disse Zausner, que planeja realizar ajustes imediatos, como designar escadas separadas para subir e descer.

"Estamos descobrindo os padrões de circulação das pessoas, e alterando as coisas de maneira a acomodá-los. Não queremos esperar até o ano que vem. A ideia é resolver as coisas já".

A primeira rodada noturna do Armstrong, que exigia ingressos separados, teve público escasso, especialmente a partida das 19h entre Victoria Azarenka e Viktoria Kuzmova. No Ashe, no mesmo horário, a cantora pop Kelly Clarkson se apresentou e, em seguida, Serena Williams derrotou Magda Linette. O público do Armstrong cresceu mais tarde, na partida entre Juan Martin del Potro, vencedor do Aberto dos Estados Unidos em 2009, e o americano Donald Young.

Ainda assim, por conta do número muito maior de ingressos colocados à venda com a inauguração do novo estádio, o Aberto dos Estados Unidos bateu um recorde de público na segunda-feira.

Neil e Robin Baritz, de Boca Raton, Flórida, têm assinaturas para os estádios Ashe e Armstrong há 31 anos. Na segunda-feira, em lugar de assistirem aos jogos na fileira H do Armstrong, eles escolheram ficar na fileira W, protegida do sol pela reentrância da nova cobertura.

"O lugar é ótimo, mas é muito quente lá embaixo", disse Neil Baritz, "Pode ver, todos os treinadores estão com toalhas sobre a cabeça".

Baritz também apontou que os monitores de televisão nas áreas comuns do estádio não estavam funcionando, na tarde de quarta-feira (e muitos telespectadores se queixaram na mídia social dos ângulos de câmera usados durante a transmissão pela TV dos jogos no Armstrong). Quando começaram os jogos noturnos, uma das escadas rolantes já havia quebrado quatro vezes.

Mas nenhum dos jogadores pareceu ter se incomodado demais com os problemas do primeiro dia. Kanepi disse que a quadra nova era "fofa", e Murray adorou a aparência do estádio.

"Também é mais fácil jogar agora que no velho Armstrong", disse Murray, que derrotou Duckworth em quatro sets. "Temos mais proteção contra o vento, ainda que dê para sentir a brisa na quadra".

Mesmo Halep elogiou o novo estádio. "É bonito", ela disse. "Estou feliz por ter sido a primeira a jogar lá, mesmo que tenha perdido".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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