Pedro, do Fluminense, tenta ser o centroavante que Tite quer

Artilheiro do Brasileiro, atacante de 21 anos, será observado pelo técnico nesta segunda

Pedro, 21, comemora gol do Fluminense em jogo contra o Bahia, realizado no dia 5 de agosto - Pilar Olivares/Reuters
Luiz Cosenzo
São Paulo

De pé direito, de cabeça, de letra e até de peito sem querer. O repertório variado de gols é do atacante Pedro, 21, artilheiro do Brasileiro.

Com dez gols marcados em 15 partidas, o jogador superou a sombra de Fred e Henrique Dourado, goleadores do Nacional com a camisa tricolor em 2012/2014 e 2017, respectivamente, e a desconfiança da torcida para virar o principal nome do clube na temporada.

O desempenho fez seu nome entrar na lista de jogadores observados por Tite para o próximo ciclo da Copa do Mundo. Com contrato renovado até o Mundial do Qatar, em 2022, o técnico faz sua primeira convocação na sexta (17).

O atacante será observado por Tite nesta segunda-feira (13), quando o Fluminense recebe o Inter no Maracanã.

Ele já foi analisado por Matheus Bachi, filho do treinador, e Fernando Lázaro, da comissão técnica da seleção, no dia 2, quando o time carioca venceu o Defensor (URU), pela  Sul-Americana. Na oportunidade, passou em branco.

“É sonho de qualquer atleta vestir a camisa da seleção, mas é como digo: Primeiro tenho que continuar a fazer um bom trabalho no Fluminense para as coisas acontecerem naturalmente. Seleção é merecimento, momento e reconhecimento do trabalho”, disse o jovem, que treinou com a seleção principal em 2016.

O discurso de Pedro pode parecer um clichê, mas reflete bem o comportamento do atacante, que sempre tem a presença dos pais nos jogos da equipe tricolor no Rio.

Os hábitos do camisa nove também demonstram essa tranquilidade. Ele gosta de ficar em casa e tem como hobbies jogar sinuca, videogame e ver filmes, além de “de vez em quando ir à praia de bike”.

“O Pedro tem uma boa base familiar. A mãe tem um controle muito grande sobre ele, que é um menino batalhador”, disse o agente Márcio Giugni.

Giugni conheceu Pedro quando o jovem atuava pelo sub-17 do Duquecaxiense, após ser dispensado pelo Flamengo sob alegação de baixa estatura —hoje ele tem 1,85 m. 

A dispensa deixou o jogador, então com 14 anos, desmotivado, mas o apoio familiar foi importante para que continuasse no esporte. 

Pedro chegou ao Fluminense em 2014 e logo comprovou a fama de goleador. Um ano depois, foi campeão brasileiro sub-20. Na temporada seguinte, foi o maior artilheiro da base brasileira com 32 gols.

Ganhou oportunidade no elenco principal com o treinador Levir Culpi em 2016, quando fez quatro jogos. No ano passado, marcou sete gols em 35 partidas com Abel Braga.

Comemorou o primeiro como se estivesse se apresentando ao torcedor tricolor, gesto que faz até hoje. “É um sinal de respeito à nossa torcida”. 

Pedro só virou titular no início deste ano após a saída de Henrique Dourado para o Flamengo. Dourado e Fred foram referência para o atacante. 

“Fred sempre foi um cara que me recebeu muito bem quando subi. Ficava vendo ele treinar, recebia dicas e trocava muita ideia com ele.”

Hoje ovacionado pela torcida, o atacante conviveu com questionamentos pelos gols perdidos no início de 2018.

“Desde que cheguei em Xerém [nas categorias de base do clube], me preparei com paciência para vestir a camisa nove no profissional. No início do ano, estava ansioso. Fui fazendo os gols e, hoje, estou mais focado”, completou.

Apesar da boa fase do atacante, muito se questiona a carência de centroavantes de área no futebol brasileiro.

“O futebol brasileiro sempre teve camisas nove de muita competência. Não vejo essa carência. Hoje, é mais difícil ter um nove com capacidade de ser bom finalizador, que saiba buscar o jogo, tabelar como Pedro”, disse Abel Braga, 65, hoje sem clube. 

“O Pedro sai para jogar e sabe o que faz com a bola. Hoje, temos jogadores que exercem essa função, mas são de flutuação. Essa flutuação tem que ser completa e com presença de área, mas poucos apresentam essas características”, opinou Dorival Júnior, que também está sem equipe.

RAIO-X

Pedro Guilherme, 21

Natural do Rio, Pedro, 21, começou a praticar futsal com oito anos. Ele migrou para o futebol de campo aos nove anos, no Flamengo. Em 2011, foi dispensado pelo time rubro-negro. Na sequência, vestiu a camisa do Duquecaxiense-RJ e chegou ao Fluminense em 2014

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