Promotoria dos EUA pede multa de até R$ 26 milhões para José Maria Marin

Há também pedido para que o cartola seja condenado a 10 anos de prisão

Danielle Brant
Nova York

A Promotoria americana pediu que o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) José Maria Marin, 86, seja condenado a 10 anos de prisão e pague multa de até US$ 7 milhões (R$ 26 milhões).

Ele foi considerado culpado em dezembro do ano passado de receber propinas e lavar dinheiro no escândalo de corrupção envolvendo a Fifa.

A sentença do cartola será publicada no próximo dia 22. No pedido, protocolado na terça-feira (14), a Promotoria rebate Marin, que não queria pagar multa.
 
Os promotores lembram que a Justiça determina o pagamento de multa, “exceto quando o réu prova que não tem capacidade de pagar e não conseguirá ter capacidade de pagar” os valores fixados.

O montante deve ser suficiente para assegurar que a multa e as outras sanções impostas tenham caráter punitivo. A Promotoria calcula em US$ 3.335.593 o ganho bruto do ex-presidente da CBF, o que deixaria a multa máxima em pelo menos US$ 6.671.186.

“Marin tem uma fortuna líquida de mais de US$ 14 milhões, e não está em questão que ele tem a habilidade de pagar a multa, nem ele demonstrou que o pagamento da multa seria um fardo.”

A Promotoria solicitou ainda que o cartola seja condenado a 10 anos de prisão, em resposta a pedido de Marin para que a sentença fosse por tempo servido (aproximadamente 13 meses de prisão, incluindo cinco meses em uma cadeia suíça).

Para Marin, a punição “satisfaria completamente os interesses gerais de dissuasão”, considerando que sua prisão, indiciamento e condenação foram bem divulgados. “Mas a publicidade em torno do caso é insuficiente para impedir outros que possam cometer crimes semelhantes”, afirma a promotoria.

A leniência desejada pelo cartola, continua, “minaria os efeitos de dissuasão desse caso”.

“Uma sentença dessas sugeriria que uma autoridade do futebol pode descaradamente corromper o esporte que ele deveria proteger, enriquecer por anos com milhões de dólares em ganhos ilícitos, abusar da estabilidade e disponibilidade do sistema financeiro americano no processo, e passar apenas oito meses sob custódia dos EUA”, afirmam os promotores.

Eles lembram que o passado de Marin, advogado e político, apenas evidencia a gravidade dos crimes.

No pedido para que fosse considerado o tempo servido, o cartola ressaltou ainda sua idade avançada e suas condições de saúde, que tornariam a prisão “uma punição significativa” para ele.

Já a Promotoria argumenta que, nos três anos que antecederam sua prisão, em maio de 2015, Marin viajou pelo mundo —esteve em Londres, Suíça, Argentina, Paris, Tóquio, entre outros lugares.

“Ele também foi capaz de cometer crimes pelos quais foi condenado apesar da idade avançada, considerando que ele entrou na conspiração para extorsão em abril de 2012, aos 79 anos”, afirma o documento.

Em resumo, continuam os promotores, Marin abusou da confiança depositada nele como presidente da CBF, recebendo “US$ 3 milhões em propina e concordando em receber cerca de US$ 7 milhões mais”.

As acusações no chamado Fifagate englobam ações de suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro. Os cartolas teriam recebido pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de dirigentes e executivos, que movimentaram mais de R$ 564 milhões.

Parte desse dinheiro foi pago para obtenção de vantagens por empresas para terem os direitos de transmissão de partidas das eliminatórias do Mundial.

 
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