Artilheiro do Brasil, Gustavo espera nova chance no Corinthians

Com 26 gols em 2018, atacante é o principal goleador do país e está emprestado ao Fortaleza

Alex Sabino
São Paulo

Com o olhar no passado, Gustavo acredita ter chegado ao Corinthians cedo demais. Não estava pronto, apesar de ter 22 anos em 2016, quando foi contratado

Gustavo em ação pelo Corinthians contra o Coritiba, pelo Brasileiro de 2016
Gustavo em ação pelo Corinthians contra o Coritiba, pelo Brasileiro de 2016 - Daniel Augusto Jr - 23.set.2018/Ag.Corinthians

"Já me chamavam de Gustagol na época. Mas sabe como é... Esse tipo de apelido vale quando você está fazendo gols. Se não está, vira gozação”, afirma o centroavante, hoje com 24 anos, à Folha.

No Parque São Jorge, ser Gustagol tornou-se motivo para zombaria porque ele deixou o clube sem ter marcado nenhuma vez. Mas ninguém ri agora.

Gustavo é o maior artilheiro do futebol brasileiro em 2018. Máximo goleador da Série B pelo líder Fortaleza, tem 26 gols na temporada. Isso apesar de ter ficado 50 dias afastado após sofrer uma fratura no braço.

O atacante tem contrato até 2020 com o Corinthians e está no Nordeste por empréstimo. A não ser que seja vendido até dezembro, terá de se apresentar no clube paulista em janeiro de 2019.

Gustavo sente que sua carreira estabilizou depois de mais baixos do que altos nos últimos anos. É pouco usual que um centroavante consiga dar a volta por cima dessa forma. Mas sua carreira não é das mais comuns.

Aos 19 anos, ele não tinha clube. Foi para um teste no Taboão da Serra, clube que hoje está na A3 do Campeonato Paulista e havia decidido: se não fosse aprovado, abandonaria tudo para arrumar outro emprego qualquer e ajudar a mãe. Naquele momento de tudo ou nada, contra 500 outros garotos, foi um dos 30 aprovados.

Meses depois, se tornou artilheiro da Copa São Paulo de 2014, com nove gols.

“O que mais chama a atenção no Gustavo é a gratidão que ele tem. Todas as transferências que teve na carreira, fez questão de lembrar do Taboão e dizer que o clube tem de receber a porcentagem como formador”, afirma o presidente da equipe, Anderson Nóbrega.

A mesma gratidão que tem pelo Taboão da Serra, o time que fez sua carreira despontar, sente por Rogério Ceni, o treinador que ao chegar no Fortaleza o chamou e disse “você é o meu camisa 9”.

“Ouvir isso é tudo o que um jogador precisa. Eu cheguei com muita desconfiança da torcida. Sou grato e isso é uma coisa que tenho comigo mesmo. É preciso agradecer e se lembrar das pessoas que te ajudaram e acreditaram em você quando quase ninguém acreditava”, completa.

Com 50 pontos, o Fortaleza é o primeiro colocado da Série B. Tem seis pontos de vantagem sobre o Guarani, quinto colocado, a 10 rodadas para o fim. Sobem para elite os quatro melhores.

A prioridade é fazer o clube cearense subir, mas sem perder de vista o que pode acontecer na próxima temporada. Gustavo não faz muita questão de esconder que gostaria de ter outra chance no Corinthians. Ele próprio mostra incômodo com o futebol que mostrou em 2016, as chances perdidas, os momentos em que se atrapalhou com a bola na área e a irritação que causou na torcida. Não ajudou nada ter feito uma tatuagem na perna usando a camisa 9 do time assim que foi contratado, antes de mostrar o que poderia fazer em campo.

A estatística de zero gols marcados não mente. Os sete anotados no total nas passagens por Bahia e Goiás também não empolgaram. Foi com Rogério Ceni no Fortaleza que conseguiu reerguer uma carreira que parecia incerta.

“Quando eu cheguei aqui coloquei na cabeça que precisava mostrar para todo mundo que eu não estive no Corinthians à toa. Sempre soube fazer gols. Minha passagem pelo Corinthians não foi boa, mas sei que quando voltar, estarei mais maduro, com pensamento diferente. Faltou um pouco de experiência em 2016”, acredita, antes de finalizar:

“Gostaria de ter uma nova chance.”

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