Campeonato Brasileiro deste ano tem pior média de gols desde 1990

Para Careca, Serginho Chulapa e Parreira, futebol do país tem carência de centroavantes natos

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O centroavante Roger deve voltar ao time titular do Corinthians neste sábado (29)
O centroavante Roger deve voltar ao time titular do Corinthians neste sábado (29) - Marco Galvão /Fotoarena/Folhapress
São Paulo

Com 2,2 gols até a 26ª rodada, a atual edição do Campeonato Brasileiro é a pior em média de gols desde 1990. O Nacional vencido pelo Corinthians naquele ano teve 1,89 gols por partida, a marca mais baixa da história.

Já a maior média em três décadas é da edição de 2005 (3,14), também vencida pelo clube alvinegro.

Até a rodada mais recente da principal competição do país, as redes foram balançadas 571 vezes. Curiosamente, o último final de semana de jogos concentrou o maior número de gols até o momento (32), média de 3,2 por jogo.

Alguns fatores podem ajudar a explicar essa queda. Dos dez principais artilheiros do torneio, apenas Pedro (10 gols), do Fluminense, Ricardo Oliveira (10), do Atlético-MG, e Gilberto (8), do Bahia, são centroavantes de origem.

O primeiro deles, inclusive,  sofreu uma lesão no joelho e não jogará mais este ano.

“A gente perdeu os camisas 9. Hoje, temos o Leandro Damião (Internacional), o Ricardo Oliveira e o Pedro, que são atacantes de ofício”, afirma à Folha o ex-centroavante Careca, 57, artilheiro do Brasileiro de 1986 com 25 gols.

Para o ex-atacante da seleção, do São Paulo e do Napoli (ITA), outro fator que contribui para essa marca ruim é a intensa preocupação das equipes em segurar empates, em detrimento de arriscar e tentar vencer.

Dessa forma, utilizam formações com apenas um atacante de origem e muitos jogadores no meio-campo.

“Os times estão com o meio de campo poluído, procurando fechar espaços. Com isso, não conseguem alimentar o camisa 9. Além da carência de finalizadores, tem isso”, conta.

O atacante Gabriel, do Santos, é o artilheiro do Brasileiro, com 13 gols. Apesar disso, não é raro o técnico Cuca comentar que pediu um “jogador de área”. O camisa 10 santista tem por característica buscar mais o jogo pelas pontas.

Na lista dos dez goleadores também estão Pablo (10) do Atlético-PR, Roger Guedes (9), ex Atlético-MG, Diego Souza (9) e Nenê (8), do São Paulo, Willian (9) do Palmeiras, e Yago Pikachu (8), do Vasco.
Nenhum deles é centroavante de origem. O vascaíno, é lateral direito que também atua como atacante pelo lado do campo em muitos jogos.

O ex-jogador Serginho Chulapa, 64, artilheiro do Brasileiro de 1983, concorda com a opinião de Careca sobre os esquemas de jogo que povoam o meio-campo. Ele também destaca outros fatores.

“O nível dos jogadores no país caiu. Os melhores estão saindo cedo do Brasil. Os craques vão para fora e isso ajuda nessa queda. Hoje centroavante sofre. Temos a falta de um meia esquerda, que faz um lançamento, um ponta com profundidade. Hoje, o ponta é o lateral direito.”

Para o ex-técnico Carlos Alberto Parreira, 75, a queda de gols no Brasileiro é difícil de se explicar. No entanto, ele aponta a questão financeira dos clubes como uma das causas.

“No Brasil, ligado ao desequilíbrio técnico está a disparidade financeira entre clubes grandes e pequenos. Existe, sim, uma preocupação em primeiro não tomar o gol, para depois jogar por uma bola. É muito mais fácil se defender do que criar”, justifica.

Para o tetracampeão do mundo, a falta de jogadores de área influencia nos números. Ele cita o Flamengo, que tem como artilheiro na competição o meio-campista Lucas Paquetá, com sete gols.

“Tem uma função no futebol que é específica, importante, que é a do cara que coloca a bola para dentro”, diz.

AMÉRICA-MG
CORINTHIANS

19h, Independência
Na TV: Pay-per-view

Com o possível retorno do centroavante Roger, autor de três gols no Brasileiro, o Corinthians enfrenta o América-MG, fora de casa.

Classificado para a final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro, o técnico Jair Ventura decidiu poupar Danilo Avelar, Douglas e Jadson.

O time está em oitavo na tabela, com 34 pontos. O América é o 13º, com 31.

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