Com liminar e cassação, votação de impeachment no Santos vive impasse

Votação será no sábado (29), mas aliados do presidente buscam barrar o processo na Justiça

Alex Sabino Diego Garcia
São Paulo

Horas antes do início da assembleia, marcada para sábado (29) de manhã, o sócio do Santos pode não saber se vai votar ou não no impeachment do presidente José Carlos Peres

Jose Carlos Peres espera início de entrevista no Centro de Treinamento do Santos
Jose Carlos Peres espera início de entrevista no Centro de Treinamento do Santos - Ivan Storti - 9.set.18/Santos FC

Nesta terça (25), um conselheiro da situação conseguiu liminar para barrar o processo de impedimento do cartola. Esta foi cassada horas depois. Os dois despachos foram do juiz Frederico Messias, da 3ª Vara Cível de Santos. 

Fernando Turiani Fernandes obteve a primeira decisão. Alegou que a votação no Conselho Deliberativo que aprovou o impeachment deveria ser anulada. Este foi o passo anterior antes da assembleia de sócios, que terá a palavra final no assunto. 

Messias voltou atrás horas depois ao ser informado que já existe uma ação na 1ª Vara Cível de Santos, aberta pelo próprio presidente. Esta teve pedido de liminar ligado.

Peres garante não ter nada a ver com o processo aberto por Fernandes.

"Foi ação de um conselheiro que se sentiu prejudicado, mas não vamos perder o foco. Pensamos no sábado. Vamos ter uma votação grande. Eles [os sócios] têm duas opções: votar a favor e voltar ao passado ou seguir evoluindo", disse o mandatário nesta terça, durante anúncio de novo patrocínio para o clube.

Há também um terceiro processo, de autoria de outro conselheiro, que ainda não teve o mérito julgado.

É possível que na sexta (28) a situação ainda esteja buscando outra liminar para barrar a votação ou a oposição viva momentos de tensão para levar o impeachment adiante.

Peres é acusado de ser dono da Saga Talent, empresa de agenciamento de jogadores, quando já ocupava a presidência, o que é proibido pelo estatuto do Santos. O presidente afirma que a companhia nunca emitiu uma nota fiscal, só existia no papel e que foi fechada neste ano.

Uma das reclamações dos aliados do cartola é que a contagem dos votos no Conselho Deliberativo foi feita de maneira equivocada. As presenças dos integrantes da Comissão de Inquérito e Sindicância não deveriam ser computadas, assim a quantidade de votos necessária para aprovar o impeachment (75%) não teria sido atingida.

Para reverter um quadro político que parecia desfavorável, Peres utilizou a tática de tornar a votação do impeachment um plebiscito do seu nome contra o do vice, Orlando Rollo. Os dois estão rachados desde fevereiro. Passou a acusá-lo de estar ligado a administrações anteriores do Santos, como a de Modesto Roma Júnior, que foi presidente até o ano passado. 

O vice tem ido a programas de TV e dado declarações para dizer que não está sendo acusado de nada e que se trata apenas de uma votação sobre irregularidades cometidas pelo presidente.

Mesmo se escapar, Peres pode ter problemas nos meses seguintes por medidas tomadas sem aprovação do comitê de gestão, o que também seria contra o estatuto.

É a primeira vez que o Santos vive a possibilidade de impeachment desde 1994, quando o então presidente Miguel Kodja foi afastado do cargo por  ter realizado bingo transmitido pela TV. Os prêmios prometidos não foram entregues aos ganhadores. 

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