Confederação recorre a verba do governo para salvar Mundial de canoagem

Entidade espera receber R$ 1,3 milhão em socorro financeiro de ministério

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Marcelo Laguna
São Paulo

Um dos espaços esportivos previstos como legado olímpico dos Jogos Rio-2016, o Estádio de Canoagem Slalom de Deodoro deverá receber a partir do dia 25 de setembro o Campeonato Mundial da modalidade.

A duas semanas do evento, porém, a CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem) ainda espera receber cerca de R$ 1,3 milhão em socorro financeiro do governo federal.

Procurado pela reportagem, o Ministério do Esporte disse que o repasse está em análise e ainda não foi realizado.

Complexo esportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, que receberá o Mundial de canoagem
Complexo esportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, que receberá o Mundial de canoagem - Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/Divulgação

Sem poder contar com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é um de seus principais patrocinadores, a entidade precisou recorrer ao Ministério do Esporte para não protagonizar um vexame internacional e cancelar a competição.

Para assegurar a realização do torneio, um termo de cooperação foi firmado entre a CBCa, que trata o repasse como certo, e o ministério.

"Felizmente, o ministro Leandro Cruz atendeu ao nosso pedido, e o Mundial vai acontecer normalmente. Ficaria muito ruim para a imagem do Brasil se o evento fosse cancelado", disse João Tomasini, presidente da confederação.

"Adaptamos o Mundial à realidade que o ministério podia nos ajudar. Será o suficiente para fazer um excelente campeonato. Tiramos a 'perfumaria'. Será um Mundial simples, mas com toda a parte técnica redonda, que é o mais importante", disse o dirigente.

O custo total do evento ficará em pouco mais de R$ 1,8 milhão, R$ 200 mil a menos do que estava previsto anteriormente pela confederação.

Para fechar a conta, a entidade também contou com uma ajuda do COB (Comitê Olímpico do Brasil), de R$ 160 mil, e da ICF (Federação Internacional de Canoagem), que bancará os custos da geração de imagens para televisão, cerca de R$ 200 mil.

Segundo Tomasini, o sinal verde da pasta saiu em julho. "O ministro já havia sinalizado que, após montarmos o projeto do Mundial, eles iriam apoiar o campeonato", disse o dirigente, que aguarda a publicação do termo de cooperação no Diário Oficial para receber o dinheiro. Tomasini lembra ainda que o apoio recebido pelo COB e da prefeitura do Rio estão sendo fundamentais para a realização do torneio.

O brasileiro Pedro Gonçalves, que disputou a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro
O brasileiro Pedro Gonçalves, que disputou a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro - Olivier Morin/AFP

No início do ano, o risco de cancelamento do Mundial aumentou com a negativa do BNDES em liberar a verba para a realização do torneio.

"A questão do BNDES tem a ver também com o ano eleitoral, corte de recursos em publicidade, etc. Estamos buscando patrocínio para o Mundial desde março, mas já trabalhava com um plano B desde 2017", disse Tomasini .

Foi graças a um investimento de R$ 118 milhões do governo federal, via Ministério do Esporte, que o Estádio Olímpico de Canoagem Slalom foi construído para a Olimpíada Rio-2016. O equipamento, inaugurado em novembro de 2015, chegou a ser usado como opção de lazer para a população da região antes dos Jogos.

O local passou quase todo o ano passado fechado, quando inclusive a água do lago artificial do complexo chegou a ficar esverdeada, por falta de tratamento.

Segundo a prefeitura do Rio, desde que foi reaberto à população, em 21 de setembro do ano passado, o parque não foi mais fechado, sendo aberto à população.

Apenas no período de inverno, quando o lago artificial estava passando por manutenção, é que o local ficou fechado.

Os integrantes da seleção brasileira de slalom chegaram a utilizar o estádio de canoagem de Deodoro como base de treinamentos até o início do último mês de março.

Segundo grande evento de canoagem slalom que será realizado no Complexo Olímpico de Deodoro após a Rio-2016 —houve a realização do Rio Open, que reuniu atletas de nove países, em março—, o Mundial de canoagem slalom acontecerá pela terceira vez no Brasil.

A primeira ocorreu em 1997, em Três Coroas (RS). Dez anos depois, foi a vez de Foz do Iguaçu (PR) receber o torneio.

Neste ano, o Mundial deverá contar com um total de 50 países participantes. O Brasil terá uma delegação composta de 12 canoístas, mas as esperanças de bons resultados se resumem a Ana Sátila, na prova do C1 (que será olímpica em Tóquio-2020), na qual ela ganhou a primeira medalha brasileira em Mundiais, na França, no ano passado.

Outro que tem chance de disputar uma vaga na final é Pedro Gonçalves, o Pepê, no K1. Na Rio-2016, ele ficou em em sexto lugar, o melhor resultado da canoagem slalom brasileira em Olimpíadas.

Saiba mais sobre a canoagem slalom

Modalidade - O atleta rema em um percurso de corredeira, definido por balizas, buscando concluí-lo sem cometer penalidades e no menor tempo possível

A prova - Os barcos largam um por um, com intervalo de cerca de um minuto entre eles. Caso o atleta toque em uma porta, somam-se 2 segundos ao seu tempo. Caso não passe pelo lado correto da baliza, ou passe em sentido contrário ao indicado, somam-se 50 segundos

Categorias olímpicas - Em  Tóquio-2020, serão quatro eventos: caiaque (K1) e canoa (C1), feminino e masculino

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.