Desempenho no Mundial faz judô do Brasil ligar sinal de alerta

Com apenas um bronze, campanha no torneio foi a terceira pior neste século

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Seleção brasileira de judô
Integrantes da seleção brasileira se apresentam para a disputa da competição por equipes no Mundial de Baku (AZE). O Brasil perdeu na repescagem a chance de disputar a medalha de bronze - Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br
Marcelo Laguna
São Paulo

O Brasil encerrou nesta quinta-feira (27) sua participação no Mundial de judô, que foi disputado em Baku (AZE), novamente longe do pódio. Na competição por equipes mista, o time brasileiro chegou à repescagem, mas foi derrotado pela Alemanha por 4 a 2 e ficou fora da disputa do bronze.

Com isso, o judô brasileiro terminou a competição trazendo na bagagem somente uma medalha de bronze, obtida pela experiente Érika Miranda, na categoria 52 kg.

Tido como uma das principais forças do esporte olímpico brasileiro, o judô saiu deste Mundial com o sinal de alerta ligado para a Olimpíada de Tóquio-2020.

A campanha da equipe no Azerbaijão foi a terceira pior em mundiais realizados neste século. Só não foi pior do que os desempenhos obtido em Roterdã (HOL), em 2009, e Munique (ALE), em 2001, quando o Brasil passou sem medalha.

​A preocupação aumenta bastante quando se faz uma comparação com a participação brasileira no Mundial anterior, disputado em Budapeste (HUN), no ano passado.

Na ocasião, foram obtidas cinco medalhas, com destaque para o ouro de Mayra Aguiar na categoria 78 kg. Também subiram no pódio David Moura e Rafael Silva (prata e bronze nos pesados, respectivamente), Érika Miranda (bronze nos 52 kg) e uma prata na competição por equipes mista.

Em outra comparação, a campanha do Brasil neste Mundial também ficou abaixo do esperado.

No Mundial de 2014 de Chelyabinsk (RUS), o segundo do ciclo olímpico para 2016 (mesmo período do torneio encerrado no Azerbaijão), o Brasil conquistou quatro medalhas, uma das de ouro, novamente com Mayra Aguiar.

Favorita a levar seu terceiro título mundial, Mayra desta vez não passou da terceira rodada, sendo derrotada pela chinesa  Zhenzhao Ma na última terça-feira (25).

 

Atual campeã olímpica nos 57 kg, Rafaela Silva chegou em Baku embalada pelo título do Grand Prix de Budapeste, última competição antes do Mundial. Mas voltou a repetir o mesmo desempenho inconstante da última temporada e acabou eliminada em sua primeira luta no torneio, para a canadense Jessica Klimkai, no último sábado (22).

Se o rendimento abaixo do esperado do time feminino surpreendeu —justamente de onde vinham os melhores resultados do judô brasileiro—​, no masculino o saldo negativo só não foi pior por conta da ótima participação do novato Daniel Cargnin.

Na categoria 66 kg, o judoca da Sogipa (RS), de apenas 20 anos, fez um Mundial excelente e ficou muito próximo da medalha, perdendo a disputa do bronze e terminando na quinta colocação.

Antes do Mundial, Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), disse à Folha que não queria fazer projeções de resultados, porque a equipe passa por um processo de transição, com a entrada de muitos jovens, especialmente no time masculino.

Com o final da campanha, Wilson reconheceu que o resultado do Brasil ficou bem abaixo do esperado.

"É o momento de fazer uma avaliação e replanejar. Com certeza, precisamos de ajustes. Temos que sentar com toda a comissão técnica, discutir onde erramos, onde acertamos, onde precisamos evoluir, avaliar os nossos principais adversários", disse o dirigente ao site da CBJ. Mesmo assim, ele mantém otimismo em relação à Olimpíada de 2020.

"Se tem um momento em que a gente poderia falhar é esse. Ainda temos mais um Mundial pela frente e o grande objetivo são os Jogos Olímpicos. Dá para tirarmos bons proveitos dos resultados. Atletas novos tendo um papel importante e podendo se desenvolver dentro das chaves, como foram os casos do Daniel Cargnin, da Jéssica Pereira (52 kg) e do Eduardo Yudy (81 kg)", completou Wilson.

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