Para a cidade de Tryon, na Carolina do Norte, a chegada dos Jogos Equestres Mundiais, um certame quadrienal, este mês, era uma oportunidade de montar a espécie de grande torneio internacional que raramente chega a pequenas cidades do sul dos Estados Unidos. Os organizadores prometeram meio milhão de espectadores e um impacto econômico de US$ 400 milhões.
Em lugar disso, muita coisa saiu errado.
Pouca gente culparia os organizadores pelos efeitos do furacão Florence, que causou o adiamento ou cancelamento de diversas provas. Um dos eventos clássicos dos jogos, o chamado evento de três dias, teve de ser realizado em quatro dias por conta da tempestade.
Mas uma série de decisões e de erros, quanto a acomodações e uma prova de enduro equestre que terminou cancelada, resultaram em disputas muito mais acrimoniosas, e causaram sentimentos negativos entre alguns participantes dos jogos.
As provas, que se encerrarão no domingo, representam um dos mais importantes eventos do hipismo, fora das Olimpíadas. Mil cavalos foram transportados a Tryon, cerca de 145 quilômetros a oeste de Charlotte, representando mais de 60 países.
Mas as coisas já começaram mal, quando alguns dos participantes largaram no sentido errado na prova de endurance da quarta-feira. Tarek Taher, cavaleiro da Arábia Saudita, disse à revista Horse and Hound que seguiu uma placa que apontava para a direita e ignorou uma pessoa que não parecia ser fiscal do evento e o instruiu a seguir para a esquerda.
Como resultado, os organizadores decidiram reiniciar a prova e reduzir a distância. "Porque não havia como remarcar a prova para o dia seguinte", os organizadores declararam, "essa era a única solução pragmática". Mas a decisão causou ainda mais irritação, e cavaleiros e outros se queixaram na mídia social, e expressaram insatisfação no local, por a prova mais curta beneficiar alguns cavaleiros em detrimento de outros.
Nada disso fez diferença, porém, porque o evento teve de ser cancelado de vez, em função do forte calor e umidade.
"Mais de 53 cavalos estavam enfrentando problemas metabólicos", disse Thomas Timmons, presidente da comissão de veterinária da prova de endurance, à Horse and Hound. "As condições eram extremas a ponto de nos forçar a considerar os riscos, e corrê-los não valia a pena".
Um cavalo teve de ser sacrificado depois da prova abortada, situação que não é incomum em competições. O desastre de relações públicas que se abateu sobre os organizadores dos Jogos Equestres Mundiais é que o cavalo levava o nome do ex-presidente Barack Obama.
Os dirigentes da competição não responderam de imediato a um pedido de comentário sobre os problemas dos jogos e os desafios que eles estão enfrentando.
Outra vítima do clima foi a prova de adestramento estilo livre, na qual os cavalos se movimentam ao som de música.
"Não foi uma decisão fácil, mas consideramos todas as opções, entre as quais remarcar a partida dos cavalos, ou transferir a competição para um local fechado, com mudança de piso, mas a logística necessária a isso não era possível", disse Michael Stone, presidente do comitê organizador, a jornalistas.
"O bem-estar dos cavalos precisa ser a maior prioridade, e transportar os cavalos por via aérea no mesmo dia da prova não funciona".
Algumas provas foram realizadas com sucesso, e a partida do furacão Florence levou muita gente a esperar que o restante dos jogos transcorra com tranquilidade. Isabell Werth, da Alemanha, ganhadora de seis ouros olímpicos, venceu provas de adestramento individual e por equipe, e os saltos e outras provas estavam começando.
Mas em outra controvérsia, os tratadores se declararam insatisfeitos com suas acomodações, barracas na maior parte dos casos, especialmente diante da fúria do furacão.
"Eu subestimei a demanda", disse Mark Bellissimo, presidente-executivo do centro equestre de Tryon., "Fui otimista demais. Cometi um erro, e peço desculpas. Estamos fazendo o possível para remediar a situação".
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