Rival do Corinthians na final, Mano moldou DNA vitorioso do time

Treinador foi primeiro responsável pelo estilo de jogo reativo usado desde 2008

Mano Menezes gesticula durante jogo entre Cruzeiro x Palmeiras, pela semifinal da Copa do Brasil - Washington Alves/Reuters
 
 
São Paulo

 Tite conquistou seis títulos em suas passagens pelo Corinthians. Fabio Carille faturou três troféus até receber uma proposta milionária do Al Wehda, da Arábia Saudita, em maio, e deixar o time após 17 meses de trabalho.

O sucesso dos dois treinadores está ligado de maneira direta a Mano Menezes, adversário do time paulista na decisão da Copa do Brasil. O primeiro jogo será nesta quarta (10), às 21h45, no Mineirão.

O atual comandante cruzeirense foi o responsável por recuperar o DNA corintiano de marcação forte e garra, presentes em conquistas históricas, e moldar o futebol reativo da equipe, características que foram mantidas por Tite e Carille e fizeram o Corinthians viver uma década gloriosa de conquistas.

Na oportunidade, Mano Menezes deixou o Grêmio, que tinha sido vice-campeão da Libertadores, e assumiu o comando do Corinthians em dezembro de 2007, logo após o rebaixamento para a Série B.

"A capacidade de investimento do Corinthians em 2008 era muito grande. Mesmo na Série B, fizemos um time de Série A. Contratamos praticamente um time inteiro, que se manteve por mais de dois anos, enquanto outros fizeram parte até do elenco campeão mundial em 2012", relembrou o treinador, que está no Cruzeiro desde 2016, em entrevista à Folha.

 

Ele ficou no Corinthians até julho de 2010, quando aceitou o convite da CBF após a recusa de Muricy Ramalho para assumir o comando da seleção brasileira. No período, levou o time paulista de volta à elite do futebol nacional, além de conquistar os títulos estadual e da Copa do Brasil.

Tite chegou e manteve o estilo de jogo, que hoje agrada ao torcedor corintiano. Em sua primeira passagem pelo clube nesta década, o atual treinador da seleção ganhou o Brasileiro de 2011 e a Libertadores e o Mundial de Clubes do ano seguinte. Ele ainda faturou o estadual e a Recopa Sul-Americana de 2013.

Mano retornou na temporada de 2014 e manteve o futebol reativo. Ele ainda deu aval para contratações de três jogadores que hoje são titulares da equipe: o lateral direito Fagner, o atacante paraguaio Romero e o meia Jadson.

Mano, porém, não teve o mesmo sucesso de sua primeira passagem e deixou o clube ao final da temporada

Tite chegou, aperfeiçoou o sistema com a variação para o 4-1-4-1 e conquistou o título brasileiro. O DNA de time aguerrido, mesmo com jogadores técnicos como Jadson e Renato Augusto, foi mantido.

O treinador saiu para a seleção brasileira, e o Corinthians apostou em Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, que não seguiram à risca o modelo de futebol reativo e sucumbiram após poucos jogos. O primeiro dirigiu o time em 18 oportunidades, enquanto o segundo durou nove partidas.

Carille, que trabalhou como auxiliar técnico de Mano e Tite, deu continuidade ao estilo vitorioso. Tanto é que em suas primeiras entrevistas afirmava que o plano inicial era ajeitar o sistema defensivo. Na primeira experiência como treinador, conquistou o bicampeonato paulista e o Brasileiro de 2017.

A participação de Mano Menezes na era mais vitoriosa do clube é reconhecida e enaltecida por Jair Ventura, atual treinador do Corinthians.

"Há dez anos, o Corinthians mantém essa filosofia de jogo. Os jogadores já sabem o que tem que fazer dentro de campo, e isso é bom para o treinador que está chegando e tem pouco tempo para trabalhar, porque ele ganha tempo. É importante também porque o treinador pode dar sequência num trabalho que foi super vitorioso", disse Ventura, que assumiu o cargo há um mês.

Nesta quarta (10), o treinador fará apenas seu oitavo jogo no comando do time. Até agora, obteve duas vitórias, dois empates e três derrotas. 

Ele também carrega o estilo de jogar de forma reativa. Foi assim no Botafogo, quando teve sua primeira oportunidade como treinador, e no Santos, onde durou sete meses e 39 jogos. Na equipe da Baixada Santista, foi criticado por conta de sua filosofia, contrária à historia do clube. 

O jeito de jogar do Corinthians, em que a garra prevalece sobre a técnica, está no DNA do clube. O título paulista de 1977, que acabou com um jejum de quase 23 anos sem troféus, é um exemplo claro.

Assim como a conquista do primeiro Campeonato Brasileiro da equipe, em 1990.

No duelo desta quarta-feira pela decisão da Copa do Brasil, Jair deverá contar com todos os jogadores considerados titulares, inclusive Fagner, que se recupera de uma fibrose na coxa esquerda. Ele fará um teste no treino desta terça. 

 
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