Sem o mesmo apelo da última década, Real e Barcelona jogam no Camp Nou

Equipes já não têm mais a rivalidade Messi e Ronaldo ou as brigas entre Mourinho e Guardiola

Lionel Messi sofre lesão durante jogo entre Barcelona e Sevilla, pelo Campeonato Espanhol
Lionel Messi sofre lesão durante jogo entre Barcelona e Sevilla, pelo Campeonato Espanhol - Albert Gea
São Paulo

Foi-se o tempo em que o clássico entre Barcelona e Real Madrid era disparado o centro das atenções do futebol mundial.

Neste domingo (28), às 12h15 (de Brasília), o duelo no Camp Nou, válido pela 10ª rodada do Espanhol e com transmissão exclusiva do Fox Premium (canal por assinatura do grupo Fox), será o menos midiático dos últimos 10 anos.

A começar pela ausência de duas grandes figuras recentes. Será a primeira vez que o jogo não terá Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo desde 2007. No último encontro sem a dupla, o Real Madrid venceu por 1 a 0, na Catalunha, gol do brasileiro Júlio Baptista.

Messi se lesionou no último fim de semana na vitória sobre o Sevilla, que devolveu o Barcelona à liderança. O argentino machucou o ombro direito e precisou deixar o gramado.

No triunfo da equipe diante da Inter de Milão (ITA), na Champions, Messi assistiu à partida no Camp Nou com uma tipoia no braço. A expectativa é de que ele retorna em até três semanas.

Mas quem sente mais falta de seu principal astro é o Real, 7º colocado na tabela. Com a saída de Ronaldo para a Juventus (ITA), foram-se também os gols do português.

Na atual campanha, o time marcou 13 vezes em nove jogos, 10 a menos que o rival. 

Cristiano Ronaldo é o maior artilheiro da história do Real, com 451 gols em 438 jogos --média de 1,02 gol por jogo.

Mas não é só no campo que o jogo carece de apelo. Fora dele, o confronto entre os técnicos Ernesto Valverde e Julen Lopetegui, ambos de perfil discreto, também não causa o frenesi de outros tempos.

De 2010 a 2013, com José Mourinho no comando dos madridistas, o clássico alcançou o status de maior espetáculo futebolístico do planeta. E um inferno para Pep Guardiola, que acabou entrando no jogo pessoal promovido pelo treinador português.

Antes da partida de ida das semifinais da Champions League de 2011, Guardiola, cansado dos seguidos ataques e da tentativa de desestabilizá-lo, disse que Mourinho era o "puto amo", termo chulo para dizer que o rival era o maioral.

Foi a primeira vez em que Guardiola elevou o tom de voz para falar de Mourinho. Na ocasião, o treinador, como conta o jornalista escocês Graham Hunter no livro "Barça", usou a coletiva de imprensa para mostrar que seu elenco estava respaldado e que não toleraria mais as provocações do português.

Naquele mesmo ano, em uma confusão durante a Supercopa espanhola da temporada 2012, que envolveu jogadores e membros da comissão técnica dos dois times, Mourinho enfiou o dedo no olho do então ajudante de Guardiola, Tito Vilanova, que depois se tornou técnico do Barcelona e morreu de câncer em 2014.

Atualmente, Guardiola e Mourinho são rivais em Manchester, mas em clima muito mais cordial do que nos tempos de Espanha.

Além da troca de carinhos públicos, a rivalidade entre ambos pautou a discussão sobre estilos de jogo. O futebol de posse de bola e passes dos catalães ante o jogo mais pragmático e direto do Real, dualidade que ainda perdurou por algum tempo.

Com Luis Enrique, campeão da Champions de 2015, o time catalão mostrou uma versão diferente, com menos posse e transições mais rápidas, acionando o trio de ataque formado à época por Messi, Suárez e Neymar.

Neste domingo, Julen Lopetegui pode dar adeus ao clube de Madri em caso de derrota. Nos últimos seis jogos, a equipe venceu apenas um. Foi na última terça-feira (23), 2 a 1 sobre o modesto Viktoria Plzen (TCH), pela Champions.

Antes do triunfo pelo torneio continental, o Real amargou uma série de quatro derrotas e um empate.
Sem os grandes protagonistas de outrora, abre-se a oportunidade para novas caras se afirmarem como atores principais. 

É o caso, por exemplo, do meio-campista brasileiro Arthur, que vem ganhando comparações com o ídolo barcelonista Xavi e cada vez mais confirma sua condição de peça importante no funcionamento do jogo de Valverde.

No Real, o meia Isco sabe que o clube precisa superar quanto antes a ressaca da Era Ronaldo e buscar novas referências para o novo momento vivido pelo time.

"Não podemos ficar chorando por alguém que não quis estar aqui", disse o jogador, que defendeu seu técnico. "Seria uma loucura [demiti-lo]. Teriam que demitir todos nós, não só o treinador".

BARCELONA X REAL MADRID
12h15, no Camp Nou

Na TV: Fox Premium

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