Boca e River empatam em 2 a 2 no primeiro jogo da final da Libertadores

No próximo dia 24, equipes de Buenos Aires voltam a se enfrentar no estádio Monumental de Núñez

Sylvia Colombo
Buenos Aires

Vinte e quatro horas depois do programado inicialmente, a bola finalmente pôde rolar no estádio da Bombonera, na primeira partida da final da Copa Libertadores. Adiado desde o sábado (10) por causa do dilúvio que castigou Buenos Aires por mais de 24h, o clássico acabou começando neste domingo cinzento, mas que, pelo menos na hora do jogo, esteve seco, sem chuva.

Pity Martínez, do River, tenta passar por Izquierdoz durante a primeira final da Libertadores
Pity Martínez, do River, tenta passar por Izquierdoz durante a primeira final da Libertadores - Eitan Abramovich/AFP

O resultado foi um empate de 2 a 2, o que deixa a definição do título para o próximo dia 24 de novembro, no Monumental de Nuñez, estádio do River Plate.

Quem ganhar, ficará com a Copa. Novo empate levará a decisão para os pênaltis. O gol fora de casa não é critério de desempate.

A chuva que no dia anterior tinha transformado as ruas do bairro da Boca praticamente em rios, obrigando torcedores a saltarem e se molharem para chegar as portões, parece que serviu também para acalmar os ânimos de uma semana em que houve muita tensão dos dois lados da contenda.

A torcida desta vez foi chegando calmamente, caminhando, com camisetas do time, mas levando nas mãos as capas de chuva dobradas, caso a tempestade voltasse.

Meia hora antes do início do jogo, o estádio já estava lotado, e a torcida começou a cantar. Não parou até o último minuto de jogo.

A partida começou morna, mas começou a esquentar depois dos primeiros 25 minutos de jogo. Nesse momento, os torcedores do Boca começaram a se impacientar com os seguidos erros de passes de sua equipe, os ataques mais organizados e as jogadas que quase terminavam em gol do River e com a contusão de Pavón, que acabou saindo para a entrada de Benedetto.

O primeiro gol do Boca, porém, marcado por Ábila, reacendeu a torcida, que começou a cantar e a gritar cada vez mais alto. Tanto que, quem estava distraído comemorando quase não se deu conta do gol de empate do River, pouco mais de um minuto depois, em finalização de Lucas Pratto.

Jogadores de Boca e River perfilados durante um minuto de silêncio antes do início da partida
Jogadores de Boca e River perfilados durante um minuto de silêncio antes do início da partida - Martín Zabala/Xinhua

Como o jogo teve apenas uma torcida presente (no futebol argentino a entrada de visitantes é proibida desde 2013) a única comemoração pelos gols de empate do River Plate foi a dos jogadores entre si. Nessa hora, a torcida gritava a todo pulmão, tentando intimidar os jogadores adversários.

De olhos esbugalhados, o espanhol José Luis Meixas, 46, dizia: "Nunca vi um jogo assim, na Europa o time visitante tem pelo menos uns 100 torcedores para gritar um gol, as comemorações do River aqui parecem cinema mudo."

Depois de tomar o segundo gol, anotado por Benedetto em uma cabeçada após lançamento para a área, o River Plate voltou para o segundo tempo atacando mais, abandonando a linha de defesa com cinco jogadores plantados atrás, como haviam iniciado o primeiro tempo.

Depois de uma cobrança de falta, marcaram o segundo gol, quando um defensor do Boca, Izquierdoz, desviou a bola e fez contra.

Quando o empate parecia consolidado, os dois times fizeram alterações na tentativa de reanimar a partida. O Boca colocou em campo Carlos Tévez, o que eletrizou um pouco o ambiente, embora o ex-jogador do Corinthians pouco tenha feito. Já o River colocou o colombiano Quintero. As mudanças, porém, não surtiram efeito.

A final da Libertadores de 2018 é a primeira entre dois times da mesma cidade na história. Será a 21ª conquista de uma equipe de Buenos Aires. Com isso, a semana foi de muita tensão na capital argentina, com as autoridades fazendo o possível para que não houvesse encontros dos torcedores adversários, nem brigas de rua.

Neste domingo, os torcedores do River não puderam se aproximar da Bombonera, havia uma cerca a partir da qual podiam fazer saudações aos jogadores quando o ônibus chegou ao estádio. Por conta disso, eles armaram um "bandeiraço" no Monumental, quando os jogadores saíram.

A Bombonera de fato mete pressão no adversário, quando entraram em campo, os jogadores do River foram vaiados com todas as forças, também o eram cada vez que tocavam a bola. O juiz, que é chileno, também foi vítima de vários insultos (a Argentina tem uma imensa rivalidade com o Chile).

Assim como aconteceu em La Bombonera, o técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, não poderá comandar a equipe no próximo jogo.

Antes da partida de hoje, seguranças do estádio e policiais chegaram a revistar o vestiário dos visitantes para tentar encontrar aparelho eletrônico com que pudesse ser feita comunicação da comissão técnica com Gallardo, que viu os 90 minutos no Monumental.

A restrição é porque, suspenso pela Conmebol na semifinal contra o Grêmio, em Porto Alegre, o treinador falou com seu assistente via rádio durante o jogo e foi ao vestiário no intervalo.

 
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