Com incertezas sobre futuro, Copa Davis dá adeus a formato que a consagrou

França e Croácia disputam última final antes das grandes mudanças previstas para 2019

Daniel E. de Castro
São Paulo

Finalistas da Copa Davis, França e Croácia encontrarão de sexta (23) a domingo (25), no estádio Pierre-Mauroy, em Lille, uma atmosfera que a partir de 2019 será mais rara no centenário torneio de tênis entre países.

Criada em 1900, como um confronto entre tenistas dos EUA e da Grã-Bretanha, a competição é disputada de forma ininterrupta desde 1946.

Ao longo dos anos, a Copa Davis se notabilizou pelo seu formato (três dias com cinco jogos em melhor de cinco sets, um deles de duplas) e pelos confrontos entre países mandantes e visitantes. A chance de torcer para seu país —e contra o outro— sempre foi o maior atrativo do evento.

Jo-Wilfried Tsonga cumprimenta Marin Cilic no sorteio dos confrontos da final da Copa Davis
Jo-Wilfried Tsonga cumprimenta Marin Cilic no sorteio dos confrontos da final da Copa Davis - Philippe Huguen/AFP

Esse ambiente, por vezes similar à final de um campeonato de futebol, dificilmente sobreviverá às mudanças aprovadas em agosto pela Federação Internacional de Tênis (ITF) no formato do evento.

Em vez de quatro fases eliminatórias ao longo da temporada, a partir do ano que vem serão duas etapas. Uma classificatória, em fevereiro, com um dos países do confronto como sede. A novidade é a existência da fase final, com 18 nações, em sede única. Madri foi escolhida para 2019.

Os cinco jogos serão substituídos por três partidas (duas de simples e uma de duplas) em melhor de três sets. As mudanças dividiram opiniões.

Por trás das alterações está o grupo Kosmos, que tem o jogador espanhol Piqué como acionista e prometeu investir US$ 3 bilhões (R$ 11,4 bilhões) na competição, condicionados às mudanças.

Para muitos tenistas, a Copa Davis como se conhece hoje simplesmente deixará de existir. "A Copa Davis está morta, e parte da história do nosso esporte se foi por um punhado de dólares", disse o duplista Nicolas Mahut, um dos integrantes do time francês.

David Haggerty, presidente da ITF, diz que não vê as alterações como "o fim de uma era", mas como "o fim de um capítulo de um longo livro".

Há tempos a federação pensava em formas de tornar a Copa Davis mais lucrativa e atraente. Depois que venceram a competição com seus países, Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray a deixaram de lado.

Apesar da aprovação, o torneio vive incertezas sobre seu futuro. Até agora, nenhum dos maiores nomes disse que o novo formato fará com que eles voltem a disputá-lo.

A fase final em novembro, no fim da temporada, é desestimulante para os atletas. Outro problema para a ITF é que a ATP, entidade que representa os jogadores, recriará a sua Copa do Mundo.

A primeira edição será disputada na Austrália, em janeiro de 2020, dois meses após a Davis e em data mais convidativa, como preparação para o primeiro Grand Slam do ano.

Ainda sem pensar no futuro, França e Croácia vão atrás de um título que ficará na história pelo caráter de despedida.

Os croatas Marin Cilic e Borna Coric vivem fase superior às de Jo-Wilfried Tsonga e Jeremy Chardy, franceses escalados para os jogos de simples.

A expectativa da França, atual campeã, é de casa cheia no estádio de Lille, com capacidade para 27 mil pessoas.

Na TV
França x Croácia
11h, SporTV 3 e Bandsports

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