Fim de parceria fez Corinthians perder Copa Libertadores feminina

Conmebol considera o Audax dono da taça de campeão e da vaga no torneio deste ano

Símbolo do Audax está na taça como time campeão da Libertadores feminina de 2017
Símbolo do Audax está na taça como time campeão da Libertadores feminina de 2017 - Rafael Hupsel/ Folhapress
Diego Garcia João Gabriel
São Paulo

Na madrugada de 22 de outubro de 2017, o Corinthians comemorou em suas redes sociais o que chamou de "mais um título invicto da Copa Libertadores".

Horas antes, o Audax/Corinthians, de Osasco, na Grande São Paulo, havia vencido o Colo-Colo, no Chile, e faturado a competição feminina.

Um ano depois, porém, a Conmebol não considera o time alvinegro campeão. A própria entidade confirmou a informação à Folha.

"Para fins de inscrição das atletas e benefícios gerais garantidos pelo regulamento após a conquista, prevalece o clube Audax, detentor original da vaga", disse a entidade em comunicado oficial.

A confederação sul-americana afirmou que, conforme o regulamento da competição, o time campeão de 2017 é o Audax/Corinthians, parceria formada entre os dois clubes que teve início em 2016.

Naquele ano, a equipe ainda não podia jogar com os dois nomes. A parceria, então, consistia em alternar, com um mesmo elenco, a camisa que era vestida: a do Corinthians no Paulista e no Brasileiro, e a do Audax na Copa do Brasil, competição que rendeu a vaga na Libertadores à equipe.

Só em 2017 a equipe foi autorizada a jogar como Audax/Corinthians, usando inclusive os dois escudos no uniforme.

Após a parceria ser desfeita, no fim de 2017, no sistema da Conmebol passou a constar como campeã da Libertadores a equipe de Osasco.

Tanto é que, neste ano, o time alvinegro não poderá defender o título. A vaga para o campeão ficou com o Audax, apesar de a maior parte das jogadoras e da comissão técnica estarem hoje no Corinthians.

Taça original da Libertadores terá que ser devolvida à Conmebol, que dará ao Audax uma réplica
Taça original da Libertadores terá que ser devolvida à Conmebol, que dará ao Audax uma réplica - Rafael Hupsel/ Folhapress

O Santos, campeão brasileiro do ano passado, e o Iranduba, representante de Manaus (sede do torneio), completam a lista de representantes brasileiros no torneio de 2018.

O clube alvinegro chegou a propor para a Conmebol a realização da competição em São Paulo para que, dessa forma, pudesse ser convidado para o torneio como representante da sede, mas não conseguiu.

Quando o acordo começou, em 2016, a parceria era similar ao que acontece em times de vôlei ou de futsal, que associam o nome de um clube a uma marca, que, em geral, é também a patrocinadora.

Por contrato, toda a administração, bem como as responsabilidades pela equipe feminina eram do Audax. O acordo previa rateio de 50% das despesas ao fim de cada mês, porém tal compromisso nunca foi cumprido pelo clube do Parque São Jorge, segundo relataram à Folha dirigentes do time de Osasco.

Procurado pela reportagem, o Corinthians não confirmou nem negou a informação. Afirmou apenas que respeita os termos de confidencialidade do contrato firmado com o antigo parceiro.

O prêmio pelo título, cerca de R$ 200 mil, foi entregue ao clube de Osasco e dividido com atletas e comissão técnica. Uma parte ainda ficou com o próprio clube, por conta da dívida corintiana.

O título da parceria está imortalizado na taça da Libertadores feminina, onde é possível ler em uma placa o nome do campeão de 2017: "Audax/Corinthians". O símbolo do time de Osasco ao lado da inscrição, porém, reforça a interpretação da Conmebol de que o campeão que entrará para a história é o Audax. O time alvinegro tem uma réplica da taça em seu museu.

Apesar de não considerar o time do Parque São Jorge vencedor da Libertadores, a confederação reconhece que o clube pode se dizer parte integrante do título do Audax.

"Como parceiro oficial do Audax naquela oportunidade, inclusive com o nome do clube incluído na tabela, obviamente o Corinthians é parte da conquista, que foi corretamente celebrada pela sua torcida, podendo se considerar campeão, dentro do regime de parceria efetuada", ponderou a confederação.

O time alvinegro, por sua vez, minimizou o fato.

"A diretoria de futebol feminino do Corinthians esclarece que de maneira nenhuma a inclusão do nome de um ou outro parceiro no sistema da Conmebol diminui o feito da conquista da Libertadores pela equipe do Corinthians/Audax, como explica a própria entidade", disse o clube.

A edição de 2018 do torneio feminino começa neste domingo (18), em Manaus, e vai até 2 de dezembro.

Doze clubes de dez países da América do Sul vão disputar o troféu. O Audax estreia na segunda-feira (19), às 20h, contra o Union Española, do Chile.

Nesse mesmo dia, a equipe deverá devolver a taça para a Conmebol e receber uma réplica oficial entregue pela entidade sul-americana.

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